Intervenção da Drª Maria Cavaco Silva na cerimónia de apresentação pública do novo espaço do Museu-Escola de Artes Decorativas Portuguesas
Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, 11 de Maio de 2007
Desde a sua constituição em 1953 que a FRESS tem sido, não só em Portugal mas também no estrangeiro, um ponto alto nas Artes Decorativas.
Nesse aspecto podemos dizer que a Fundação não atraiçoou os objectivos do seu fundador, cujo amor pela Arte e pelo culto da beleza são ainda hoje uma imagem de marca desta casa.
Se as casas e as instituições têm altos e baixos nos seus trajectos, e é normal que assim aconteça num percurso que já ultrapassou o meio século, creio que as intenções de Ricardo do Espírito Santo Silva continuam a não sair defraudadas no muito que tem sido feito pela Fundação que leva o seu nome.
Habituámo-nos há muito a que este nome estivesse intimamente ligado às Artes Decorativas, que não considero uma arte menor, pois elas alegram e dão bom gosto ao nosso quotidiano.
Para lá disso, o facto de a Fundação ter desde o início ficado associada ao trabalho oficinal deu-lhe uma mais valia que não pode ser ignorada.
Na sua constante abertura à sociedade, a Fundação apresenta-nos hoje mais um projecto que se tornará certamente numa referência para todos os que apreciam as Artes Decorativas: o espaço/loja onde podemos encontrar exemplos de todas as peças artísticas que são produzidas nas Oficinas da Fundação.
Esta sala de exposição permanente é um elogio ao trabalho desenvolvido pelos artistas que, nas oficinas, diariamente se entregam a trabalhos de rigor e minúcia cujos resultados poderemos a partir de agora apreciar mais atentamente.
Autênticas obras de arte, o mobiliário, os têxteis, os biombos, a pintura decorativa, as encadernações representam não apenas o esforço de cada pessoa que está envolvida na sua manufactura mas também séculos de tradição.
Agrada-me registar que o interesse que tem suscitado junto dos jovens, que anualmente se inscrevem nos cursos aqui leccionados, permite olhar o seu futuro com optimismo.
O trabalho da Fundação convida-nos a aprender a respeitar o passado, transmitindo às novas gerações as tradições e as técnicas desenvolvidas por tantos mestres e artistas que durante séculos construíram a nossa identidade.
Tenho repetido em várias circunstâncias que não há futuro sem passado, e estou certa de que é nossa obrigação legar às novas gerações memórias desse passado, com os seus segredos e grandezas.
Na sua busca da artesania portuguesa, a Fundação tem sabido projectar um Futuro para as artes e os ofícios que os tempos modernos têm tendência a ignorar.
Quero manifestar o meu sincero reconhecimento a todos os que aqui trabalham – professores, alunos e funcionários – na pessoa do Senhor Presidente do Conselho Directivo, Dr. Luís Ferreira Calado, e dos membros da Direcção.
É graças ao esforço de todos que a Fundação Ricardo Espírito Santo é hoje a instituição que os portugueses tanto respeitam e admiram.
Desejo os maiores êxitos na concretização dos projectos novos e continuidade a todos os projectos antigos.
Maria Cavaco Silva