É, para mim, um grande prazer encontrar-me num local tão inspirador como é o Museu Nacional da Indonésia, lado a lado com múltiplos tesouros do vastíssimo acervo cultural deste grande país.
Há cerca de 500 anos a Indonésia viu chegar a primeira expedição portuguesa. Era a primeira vez que um povo europeu se aventurava até aqui e se cruzava com os povos destas ilhas.
Muitos portugueses aqui se instalaram, desenvolvendo o comércio e estabelecendo laços de cooperação que se revelaram mutuamente vantajosos.
Durante mais de um século, os navios portugueses cruzaram sistematicamente o Oceano Indico e o Oceano Atlântico, em carreiras regulares que fizeram a ponte entre o Oriente e Ocidente. A aldeia global, de que tanto falamos hoje, nasceu desse encontro de povos e de culturas.
Portugal foi, de facto, há cinco séculos, o embaixador do Ocidente nestas paragens. Os navegadores, comerciantes e missionários portugueses deram a conhecer às populações locais o que era a Europa. Ao mesmo tempo, levaram aos europeus o relato do que verdadeiramente era a Indonésia, e toda uma parte do Mundo de que se conheciam apenas descrições mais ou menos fantasiosas. Como escreveu o nosso Poeta, com justificado orgulho, foi Portugal quem «deu novos mundos ao Mundo».
Um contacto assim tão prolongado e tão intenso não podia passar sem deixar marcas profundas e testemunhos abundantemente registados.
Várias dessas marcas permanecem visíveis na arte, nas tradições religiosas e na música de algumas ilhas, para já não falar da própria língua, onde se encontram, muitas palavras derivadas do português, tais como escola, igreja, natal, mesa, sapato, e tantas outras.
A Exposição que hoje inauguramos é um excelente testemunho da capacidade que demonstraram, então, as autoridades, tanto do lado indonésio como do lado português, para criar as condições logísticas essenciais a um comércio de envergadura.
Estamos perante uma verdadeira lição de História.
Mas estamos, também, perante uma lição para o futuro. Duas sociedades e dois Estados que souberam cultivar, no passado, laços tão fortes, têm bons motivos para acreditar no sucesso das suas relações bilaterais.
Um dos propósitos da Visita de Estado que estou a efetuar à Indonésia é dar a conhecer melhor o Portugal contemporâneo, um país que se encontra, hoje, na vanguarda da investigação e da inovação científica e tecnológica, em áreas que oferecem um elevado potencial para o fortalecimento das relações seculares entre Portugal e a Indonésia.
A construção de um relacionamento forte, dinâmico, ambicioso e orientado para o futuro, não apenas no domínio da cultura, mas também da economia, da ciência, da investigação e da cooperação universitária, é a melhor homenagem que podemos prestar ao longo passado de amizade entre os nossos países e povos.
Foi precisamente tendo em conta o seu exemplo e o seu contributo para o estreitamento do relacionamento bilateral entre Portugal e a Indonésia, que tomei a decisão de agraciar, no quadro da presente visita, duas personalidades, que gostaria de chamar ao palco para receberem as respetivas insígnias:
- SE o antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, Senhor Alwi Shihab – que receberá a Grã-Cruz da Ordem do Mérito;
- O Cônsul Honorário da Indonésia na cidade do Porto, Dr. Luciano Coelho da Silva – que receberá a Comenda da Ordem do Mérito.
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