É com enorme prazer que participo na abertura deste seminário empresarial em Xangai. Tenho conhecimento de que diversos encontros bilaterais e atividades de âmbito sectorial já se realizaram e que as expectativas geradas são muito positivas.
Quero, pois, dirigir um especial agradecimento à AICEP e ao CCPIT (China Council for the Promotion of International Trade), pela organização destes encontros, que são um importante espaço de diálogo, promoção e incentivo à realização de parcerias e investimento entre a China e Portugal.
Saúdo e agradeço a presença de todos os participantes.
Contamos cinco séculos de contatos entre Portugal e a China, sempre marcados por um entendimento construtivo. Dois países geograficamente distantes, mas que ao longo da sua História souberam encontrar pontes e estabelecer alianças de benefício mútuo.
A recente e muito positiva evolução das relações económicas, empresariais e de investimento entre os nossos dois países evidencia a complementaridade das nossas economias e a convergência dos respetivos interesses estratégicos nos mercados internacionais.
Portugal é hoje uma importante porta no Atlântico para a Europa. O porto de Sines é o primeiro porto europeu de águas profundas no eixo das rotas do oriente, venham elas por África ou através do canal do Panamá.
Para além do espaço da União Europeia, de que é membro de pleno direito, e da proximidade e do bom relacionamento com os países do norte de África, Portugal possui laços especiais com a África subsariana – onde países como Angola e Moçambique falam português e mantêm ligações políticas, económicas e culturais fortes com o nosso País. Na América do Sul, por outro lado, são notórias as nossas ligações de amizade ao Brasil e as fáceis relações com os países do designado eixo atlântico.
O tecido produtivo português abarca hoje um vasto leque de atividades industriais e de serviços competitivos à escala global. Muitas das empresas portuguesas aqui presentes operam nos mercados internacionais, nos mais diversos sectores. Pretendem expandir-se e aprofundar as suas atividades, seja para a China, seja, em parceria com congéneres locais, para terceiros países.
Note-se, também, que importantes investimentos chineses têm sido realizados em Portugal nos últimos anos, associados à privatização de alguns sectores estruturais da economia portuguesa. Esses investimentos deram um impulso significativo ao relacionamento económico bilateral. Simultaneamente, permitiram aos investidores chineses um conhecimento direto da situação real da economia portuguesa, do ambiente empresarial que aí se vive e das potencialidades de novas parcerias.
Com esses investimentos, abriu-se um novo capítulo na história do relacionamento entre os nossos países. Faço votos para que esta minha Visita de Estado à República Popular da China seja um estímulo redobrado para que continuem a investir, a diversificar atividades em Portugal e, nesse processo, a estabelecer parcerias com empresas portuguesas, apostando nas vantagens que Portugal oferece e nas oportunidades de exportação que se abrem.
Na sequência da crise financeira internacional de 2008, Portugal comprometeu-se com um ambicioso e abrangente programa de ajustamento económico, financeiro e orçamental. Passados exatamente três anos da sua aplicação e em fase de conclusão, existem dois aspetos que gostaria de salientar. Por um lado, os objetivos estabelecidos e as medidas previstas foram, na sua vasta maioria, cumpridos e implementados; e, por outro, o ajustamento orçamental e as alterações estruturais na economia portuguesa foram muito significativos. Portugal está à altura dos compromissos assumidos.
Os resultados da execução do programa começam agora a aparecer e a estimular a confiança interna, situação que tem sido muito valorizada pelos nossos parceiros e pelos mercados internacionais.
Os sinais dos últimos doze meses têm sido, de facto, animadores. Desde o 2º trimestre de 2013 que a economia portuguesa está a crescer. O desemprego tem baixado. Nos mercados externos, as empresas portuguesas têm mostrado uma notável capacidade de adaptação e continuado a conquistar quotas de mercado, sobretudo fora do espaço europeu. Atualmente, as exportações já representam 40 por cento do PIB, contra cerca de 30 por cento em 2010. O saldo das nossas contas externas foi positivo em 2013, tendência que se consolidará este ano.
Desde meados de 2013 que as taxas de juro da dívida pública portuguesa nos mercados internacionais têm vindo a descer de forma significativa. As taxas de juro da dívida a 10 anos situam-se, atualmente, em cerca de 3,5 por cento.
Estão em curso, entre outras, reformas na área das relações laborais, da Justiça, do licenciamento e da tributação das empresas. Queremos proporcionar a quem investe em Portugal um ambiente empresarial estável e atrativo e estamos a trabalhar nesse sentido.
Portugal beneficia também de um novo e interessante programa europeu de apoio ao investimento, especialmente dirigido para as PME e para o reforço da inovação e da competitividade.
Existe hoje, em Portugal toda uma nova geração de empresas com grande capacidade empreendedora, inovadora e tecnológica. Muitas estão a desenvolver produtos e serviços para novos segmentos de procura no mercado mundial.
As áreas das tecnologias de gestão, da requalificação ambiental, do ordenamento, da valorização urbanística e da gestão das cidades, assim como as da eficiência energética e das infraestruturas, bases essenciais para o desenvolvimento de novas atividades, são, todas elas, áreas onde as empresas portuguesas têm provas dadas mundo fora.
Também no sector das indústrias tradicionais, como o calçado, o mobiliário, a agroalimentar e os vinhos, as empresas portuguesas, que possuem enorme experiência acumulada e têm sabido reinventar-se, alcançaram uma posição comercial forte nos mercados internacionais.
Uma palavra é devida ao sector do turismo, onde Portugal é um destino de reconhecida qualidade. O sol e a luminosidade sempre presentes, o clima agradável, a hospitalidade e a segurança, a par de uma extensa costa marítima de rara beleza, são pontos fortes da nossa oferta turística.
A tudo isto acresce, ainda, uma grande capacidade instalada de alojamento, apoiada por uma rede de qualidade de apoio à saúde, uma boa gastronomia e excelentes campos de golfe, que valerá a pena conhecer e desfrutar. Neste particular, cabe referir que, nos últimos anos, muitos cidadãos chineses têm procurado visitar ou fixar-se em Portugal.
Portugal apresenta particulares condições para ser uma localização prioritária nas opções de investimento que se desenham no espaço europeu. Tenho muita esperança que os empresários chineses continuem, cada vez mais, a olhar Portugal como uma excelente oportunidade de investimento e de construção de parcerias.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
A delegação empresarial que me acompanha é representativa de todos os sectores que referi. Temos entre nós muitas das melhores e mais modernas empresas portuguesas e todas elas manifestaram enorme empenho em encontrar parcerias neste mercado.
Num Mundo cada vez mais complexo e exigente, só com elevados padrões de gestão empresarial e emprego qualificado teremos condições para obter ganhos sustentáveis de competitividade e quota de mercado. E, em muitos casos, só através de parcerias de interesse mútuo podemos cumprir esses objetivos.
Estou muito satisfeito com o acolhimento que temos recebido, com o interesse que esta Visita de Estado à República Popular da China tem suscitado e com o cuidado como as atividades empresariais foram preparadas e têm sido conduzidas.
Estou firmemente convicto de que as diversas iniciativas que foram realizadas irão trazer resultados positivos para ambas as partes, reforçando os laços económicos e de cooperação empresarial, mas também o bom entendimento e a amizade entre a China e Portugal.
Desejo-vos, pois, um bom trabalho!
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.