Por ocasião do Dia de Portugal quero dirigir uma mensagem particular aos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro.
Celebrar o Dia de Portugal, que é também o Dia das Comunidades Portuguesas, significa reafirmar as nossas raízes, a identidade portuguesa e a ambição de fazer de Portugal um país mais desenvolvido e mais justo, respeitado e credível na Europa e no mundo.
No dia 10 de Junho, também chamado o Dia de Camões, celebramos a língua portuguesa como fundamento da unidade da nação portuguesa, dos portugueses residentes em Portugal e das suas comunidades espalhadas pelo mundo. Quero, por isso, nesta oportunidade, enviar uma saudação muito especial aos demais países de língua oficial portuguesa. Uma saudação particular ao martirizado povo de Timor-Leste, a quem expresso a solidariedade do povo português.
Portugal tem o dever de tudo fazer para apoiar as comunidades portuguesas e de luso descendentes, estreitando os laços que as unem a Portugal. Temos de apostar fortemente no desenvolvimento de uma política da língua portuguesa mais ambiciosa e dinâmica, reconhecendo todo o seu valor estratégico para o reforço da nossa projecção no mundo.
Por outro lado, Portugal precisa de conhecer melhor o talento e o prestígio de que gozam os portugueses e luso descendentes nas sociedades em que se integram e aproveitar o seu saber, experiência e capacidade de contacto. Devemos, por isso, no Dia de Portugal, homenagear todos aqueles portugueses que, “nas 7 partidas do mundo”, se têm distinguido nos mais variados sectores.
Na primeira mensagem que dirijo, como Presidente da República, aos portugueses que residem no estrangeiro, quero realçar o seu extraordinário papel enquanto verdadeiros embaixadores de Portugal e primeiro garante da defesa e afirmação da cultura lusa além fronteiras.
No Dia de Portugal e das Comunidades, quero dirigir também uma palavra de solidariedade e encorajamento a todos aqueles que, por circunstâncias da vida, se sentem excluídos e atravessam dificuldades nos países de acolhimento.
Há ainda hoje muitos portugueses, sobretudo jovens, que procuram no estrangeiro oportunidades de vida, do mesmo modo que muitos nacionais de outros países esperam encontrar em Portugal a realização dos seus projectos e ambições. Para todos eles, a nossa resposta só pode residir num esforço acrescido de desenvolvimento, no aumento da competitividade da nossa economia, num combate permanente e tenaz contra as desigualdades, pela promoção da qualidade de vida e da inclusão social.
Quero ainda enviar uma palavra de solidariedade e apoio aos portugueses que vivem e trabalham em áreas do mundo de maior instabilidade, passando, por vezes, por momentos difíceis.
Como Presidente da República, tudo farei para promover e apoiar uma maior aproximação entre Portugal e as suas comunidades espalhadas pelos vários continentes, muitas das quais tive ocasião de, no passado, conhecer de perto. Quero contribuir para o sucesso de Portugal e dos portugueses, e sei bem que esse esforço será facilitado se estivermos mais unidos e próximos uns dos outros.
A política de afirmação de Portugal no mundo implica a divulgação da nossa língua e dos nossos valores históricos, o reforço da participação cívica e política dos portugueses da Diáspora, o acompanhamento dos seus problemas sociais, a valorização dos casos de sucesso nos mais variados domínios e a melhoria dos instrumentos de ligação política e administrativa com as comunidades.
A comemoração do Dia de Portugal como um verdadeiro Dia da Diáspora portuguesa será substancialmente reforçada no seu simbolismo se envolver activamente as comunidades portuguesas e as suas organizações representativas.
Por isso, lanço aqui um desafio às entidades públicas e privadas e às associações ligadas às comunidades portuguesas, para que as comemorações do dia 10 de Junho possam, no futuro, incluir um conjunto de eventos que dêem a merecida visibilidade e divulgação aos temas ligados aos portugueses e luso descendentes repartidos pelo mundo. O melhor conhecimento mútuo será, sem dúvida, uma forma de nos aproximarmos.
Este desafio é também extensivo às entidades ligadas à difusão da língua e da cultura portuguesas no mundo. Ao reconhecer aos filhos e netos dos seus emigrantes o direito à nacionalidade portuguesa, Portugal também se obriga a assegurar-lhes o ensino da língua e o acesso à sua cultura.
A língua portuguesa é um factor de comunicação e de valorização do País da maior importância. Deve, por isso, ser divulgada e ensinada também a todos os estrangeiros que por ela se interessam e querem aprendê-la, seja nas nossas Universidades, seja em cursos de língua portuguesa nos seus países.
O Dia de Camões é uma ocasião privilegiada para reafirmar as nossas responsabilidades neste domínio e para sublinharmos a importância de valorizar, em permanência, o papel da nossa língua e da nossa cultura e a acção das comunidades portuguesas no mundo.
A todos os portugueses que residem no estrangeiro dirijo as minhas saudações calorosas.
Portugal conta convosco.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
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