É com grande satisfação que me associo, uma vez mais, à cerimónia de entrega do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa.
Quero saudar todos os nomeados desta 5a edição e dirigir uma palavra amiga de boas-vindas a todos aqueles que se deslocaram de várias partes do Mundo para participar nesta cerimónia.
É com muito gosto que aqui revejo muitos dos que tenho conhecido, nos países onde trabalham e vivem com as suas famílias, por ocasião dos meus encontros com as comunidades portuguesas.
O facto de se tratar da 5a edição não confere a esta iniciativa qualquer caráter rotineiro. Bem pelo contrário.
Cada edição significa a conquista de mais valor, maior impacto, mais expectativas. Esta iniciativa ganhou forma e vida próprias e é hoje a expressão de muitos laços que se teceram, aproximando distâncias e partilhando energias e afetos.
Este grupo de portugueses da diáspora que aqui está, a que se juntam todos os outros que, ao longo das anteriores edições, aqui marcaram presença, demonstra bem a extensão e o enorme potencial de uma realidade nem sempre conhecida ou valorizada.
Numa homenagem ao espírito empreendedor dos Portugueses, de todos os Portugueses, quisemos distinguir, em especial, aqueles que desenvolveram as suas carreiras com sucesso por esse Mundo fora. A ação de todos aqueles que, partindo de Portugal, e movidos pela crença nas suas capacidades e por uma vontade indómita de vencer, colhem hoje o resultado do seu talento e do seu esforço, é parte integrante daquilo que somos como Povo e como Nação.
Considero este reencontro de Portugueses uma iniciativa da maior relevância. Contribui para estreitar os laços entre portugueses separados por geografias longínquas, do mesmo modo que serve o propósito, essencial e hoje inadiável, de a todos mobilizar para o desenvolvimento de Portugal.
E essa mobilização, que já é evidente na maior proximidade com o País, tem vindo a materializar-se nos investimentos que muitos já realizaram na sua terra de origem, como é o caso da empresa que visitei esta manhã e que vos convido a conhecer.
Tive o grato prazer de ouvir que a decisão de investir em Portugal foi uma reação muito positiva ao prémio atribuído aqui, no ano passado a João Mena Matos. Importa referir que não se tratou de uma decisão meramente emocional, mas sim, e sobretudo, de uma decisão empresarial.
É um investimento promissor, objetivamente desejado, e que é muito bem-vindo. Estou certo de que outros se seguirão na mesma linha.
Acreditar no nosso país e ser parte ativa, corajosa e determinada do seu desenvolvimento e do seu progresso é um desafio que interpela todos os Portugueses. Os portugueses espalhados pelo Mundo podem ser preciosos aliados nesta nossa determinação.
Desde o início do meu primeiro mandato que expressei o compromisso de contribuir para a aproximação entre Portugal e as comunidades de portugueses e lusodescendentes no exterior. Posso hoje reconhecer, com algum orgulho, a generosa resposta que tenho encontrado.
Reafirmo, pois, esse meu compromisso, que, mais do que nunca, considero uma prioridade. Empenhar-me-ei para que Portugal passe, também nesta matéria, das palavras aos atos e assim se crie uma dinâmica irreversível que integre a realidade da vida nacional.
Senhoras e Senhores,
O Prémio que hoje entregamos celebra os valores do empreendedorismo e da inovação. São palavras que não podem banalizar-se e, muito menos, perder o seu sentido profundo.
O ímpeto empreendedor resulta da capacidade de olhar em volta com o desejo de fazer diferente, melhorando o que existe. Quem empreende tem ambição. Tem gosto no seu sucesso. E por isso o reconhecimento dos outros é parte integrante da sua força e da sua energia.
Mas quem empreende não é egoísta, nem avaro. Cria riqueza para que o mundo se modifique à sua volta, e isso implica, também, espírito de partilha e a generosidade de querer bem aos outros.
Nada disto se faz sem coragem. A coragem de começar, vencendo barreiras e reservas, mas também a coragem de correr riscos, porque todos os caminhos de sucesso se fazem vencendo momentos de desânimo e aprendendo com os fracassos.
Podemos dizer, em suma, que um empreendedor é uma pessoa que se realiza na medida em que a sua ação se alarga na projeção dos outros. É um ser social, é alguém que se importa.
São assim os que estão aqui hoje connosco, dispostos a dar a conhecer o seu exemplo e a partilhar com o seu país de origem o sucesso que obtiveram.
Tal como uma cultura estagnará sem a contínua renovação pela força da criação artística, também uma economia exige a força dos empreendedores para a sua renovação, através de atividades inovadoras que impulsionem o crescimento económico e a produtividade, e que sejam geradoras de emprego.
Não basta, no entanto, clamar por mais empreendedores que pretendam apostar em atividades de inovação. É preciso gerar um ambiente favorável, uma economia mais aberta e dotada de uma adequada estrutura de incentivos. Um ambiente que assegure uma concorrência saudável e uma regulação que estabeleça a justa medida entre as vantagens da inovação e os seus riscos, bem como um regime de proteção da propriedade intelectual que exerça a sua missão sem bloquear a dinâmica inovadora.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
O Mundo está hoje bem presente nesta sala, pois são 35 os países dos cinco continentes onde vivem e trabalham os nossos compatriotas que nos deram o gosto de corresponder ao convite para aqui se deslocarem. Portugal é assim, como justamente dizia o Padre António Vieira, a pátria cuja essência é ser universal.
O êxito desta iniciativa, que foi crescendo ao longo das suas cinco edições, tem um segredo: o segredo do encontro de vontades.
Portugal quer fortalecer de forma irreversível a rede que o deve unir os portugueses que, ao longo de gerações, se dispersaram pelo Mundo. E a vossa presença e o vosso interesse é a prova viva de que continuam ligados por fortes laços de afeto ao país onde nasceram ou no qual permanecem as raízes de cada um.
Sejam muito bem-vindos com a vossa experiência, com o vosso sucesso, e com essa imensa energia empreendedora.
Portugal precisa da vossa energia, do vosso empenho, do vosso exemplo.
Tenho confirmado, ao longo dos muitos contactos com as Comunidades no exterior, esta vontade de envolvimento no propósito primordial da recuperação económica do País.
É grande, como sabem, a incerteza decorrente dos desafios que hoje se colocam à Europa. Mas, independentemente desta realidade, Portugal está firmemente empenhado em fazer a sua parte.
Peço-vos, por isso, que transmitam aos vossos parceiros de negócio, aos vossos amigos e conhecidos, que Portugal está a lutar com coragem e determinação para ultrapassar as suas atuais dificuldades. Estou certo de que, também com a vossa ajuda e o vosso estímulo, iremos vencê-las.
Felicito a vencedora do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa 2012, Isabel Santos Melo, pela sua extraordinária contribuição para a melhoria da vida dos seniores no Reino Unido. Parabéns, igualmente, aos outros distinguidos, Christophe da Fonseca e Gilberto Rodrigues.
Permitam-me que saúde a equipa da Cotec, responsável pela organização, sempre irrepreensível, e que dirija uma palavra especial de agradecimento e apreço ao Presidente do Júri, Dr. Filipe de Botton, o principal obreiro desta iniciativa de sucesso, desde o seu início, e que hoje cessa essas funções.
Esta iniciativa, que nasceu de um apelo, ultrapassou rapidamente os seus promotores e ganhou uma dinâmica própria, que todos esperamos irreversível. Merece, pois, redobrado apoio e entusiasmo, porque, nesta caminhada, vemos um sinal promissor do que pode ser o futuro de Portugal.
Portugal não é só um pequeno país do continente europeu. Portugal encontra-se disperso por todo o Mundo, e essa valiosa rede de energias e vontades, fortalecida por laços de afeto que sempre permaneceram, e que acarinhamos e retribuímos, faz de nós um país imenso.
Muito obrigado a todos.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.