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INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na sessão de homenagem ao Dr. João Morais Leitão
Lisboa, 14 de Maio de 2007

Prezados Familiares, amigos e colegas do Dr. João Morais Leitão,

É com muito gosto que me associo a esta cerimónia de homenagem à memória do Dr. João Morais Leitão e à inauguração deste Auditório a que a Sociedade de Advogados de que foi fundador decidiu atribuir o seu nome.

Os oradores que me antecederam já se referiram, melhor do que eu poderia fazer, ao Homem, ao Político e ao Advogado de superior dimensão que foi João Morais Leitão. Permitam-me, no entanto, que partilhe convosco algumas breves reflexões que a sua figura e o seu trajecto político e profissional me suscitam.

O Dr. João Morais Leitão e eu próprio fomos colegas de Governo, em 1980, no Governo da Aliança Democrática presidido por Sá Carneiro: ele como Ministro dos Assuntos Sociais e eu como Ministro das Finanças. Guardo desse tempo uma grata memória.

Recordo de Morais Leitão o político de inteligência superior, culto e afável, competente no seu trabalho. Recordo o bom senso que demonstrava nas atitudes e nas decisões, o espírito aberto ao diálogo e à mudança, a sua urbanidade no trato, a qualidade das suas intervenções em Conselho de Ministros e na Assembleia da República.

Recordo as nossas reuniões de trabalho, dominadas pela procura de soluções para os complexos problemas que o País enfrentava.

Recordo como a sua escolha para me suceder, como Ministro das Finanças do VII Governo Constitucional, me deixou descansado, pela inquestionável competência e pelo rigor e seriedade que lhe reconhecia.

Sempre vi em João Morais Leitão um democrata-cristão convicto, que conciliava a sua crença na livre iniciativa e na lógica do mercado com fortes preocupações sociais, próprias do humanismo cristão. Como Ministro dos Assuntos Sociais, levou a cabo uma política social moderna e justa, merecendo ser lembrado, como já tem sido, como um reformador avant la lettre das políticas sociais.

Capaz, em simultâneo, da simplicidade e da distinção, aliava ao saber e à cultura uma grande sensibilidade às questões de natureza prática e um agudo sentido das realidades.

Morais Leitão era alguém cuja exigência para com os outros era conhecida, mas que tinha uma igual exigência para consigo mesmo. Conhecido pela sua firmeza e pela forma como enfrentava as questões, era também apreciado pelo seu bom humor, cordialidade e fair play.

Guardo de Morais Leitão a imagem de um homem bom, sério e justo, de um homem de carácter e de valores, um espírito aberto, possuidor de uma sólida formação humana. No corajoso combate contra a doença, manteve até ao fim a sua alegria de vida e a sua fé cristã.

Nunca esquecerei a mensagem que dele recebi, dizendo que queria estar presente no encerramento da minha campanha para Presidente da República, sabendo eu da gravidade do seu estado de saúde.

Profissionalmente, teve uma carreira brilhante: na advocacia, na banca, nos seguros, na gestão de empresas.

Jurista de sólida preparação, sabedor e rigoroso, desempenhou vários cargos dirigentes na Ordem dos Advogados, tornou-se especialista em arbitragens comerciais internacionais e é frequentemente apontado como um dos mais notáveis Advogados portugueses da sua geração, tanto na "barra dos tribunais", como na mesa das negociações.

Dele me dizem que foi profundamente pioneiro na moderna forma de organização da advocacia em Portugal. Fundou, há mais de 20 anos, esta Sociedade de Advogados, que posteriormente viu crescer e implantar-se como uma das mais importantes do nosso país.

João Morais Leitão tinha clara consciência da dimensão social da sua profissão e, como frequentemente tem sido reconhecido pelos seus pares, sempre pautou a sua actuação por um intransigente respeito pelos princípios éticos que a regem.

Homenagear João Morais Leitão é homenagear um grande homem, no sentido pleno da palavra, e também um primus inter pares, assim prestando, de alguma forma, uma homenagem ao melhor da Advocacia portuguesa.

Que a Sociedade de Advogados sonhada e criada por João Morais Leitão se mantenha, cumprindo a sua memória, com a marca de exigência e de excelência que o seu fundador lhe imprimiu, são os meus votos.

Para aqueles que aqui estão hoje e conheceram de perto Morais Leitão, este acto é mais do que uma homenagem a um homem que muito respeitámos, que serviu o País e prestigiou a sua profissão. Este é, também, um momento de profunda saudade.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.