Bem-vindo à página ARQUIVO 2006-2016 da Presidência da República Portuguesa

Senhor Presidente da Câmara de Cascais,
Senhor Presidente da Sociedade Estoril-Sol,
Senhor Dr. Vasco Graça Moura,
Dignos laureados, Raquel Ochoa e Mário de Carvalho,
Senhoras e Senhores,

É para mim motivo de grande satisfação estar aqui hoje, para entregar não um, mas dois prémios literários: o prémio Fernando Namora, atribuído ao escritor Mário de Carvalho; e o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís à jovem escritora Raquel Ochoa.

O Prémio Fernando Namora, atribuído à obra “A Sala Magenta”, distingue pela segunda vez Mário de Carvalho, que já tinha recebido este Prémio em 1996, com o romance “Um Deus passeando pela brisa da tarde”.

Mário de Carvalho tem habituado os seus leitores a um registo muito particular, entre a tragédia e a ironia. Nesta obra, porém, o humor dá lugar a um tenso equilíbrio mais próximo da tristeza.

O autor propõe ao leitor um percurso pelos afectos, as frustrações, os sonhos perdidos, as ilusões, os avanços e recuos, as certezas e as dúvidas das personagens desta história que não é trágica mas sublimemente triste. Mário de Carvalho revela uma vez mais o estilo único da sua escrita e a singularidade da sua obra, que tem sido, justamente, reconhecida e premiada.

Este Prémio tem por patrono um outro grande escritor, o romancista Fernando Namora, autor de uma vasta obra de ficção, que continua a cativar leitores, e a quem eu gostaria também de prestar aqui a minha homenagem.

O Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luis foi atribuído à jovem escritora Raquel Ochoa, pela sua obra “A Casa-Comboio”. A atribuição de um prémio desta natureza constitui em si um extraordinário estímulo para os jovens escritores e é, sem dúvida, um sinal de vitalidade e do pulsar da produção literária portuguesa. É justamente esta vitalidade a maior homenagem que podemos fazer a essa grande escritora que é Agustina Bessa Luís, que dá nome a este prémio e que, durante tantos anos, foi Presidente do Júri do Prémio Fernando Namora.

E se é de vitalidade que falamos, a escrita de Raquel Ochoa é disso um exemplo. Através das páginas do seu livro, o leitor viaja por uma Índia onde também a língua portuguesa é falada. Nas aventuras e desventuras de quatro gerações da família Carcomo, o leitor reconhece importantes momentos que fazem parte da história portuguesa. E vai sendo confrontado com factos que, para muitos, não serão surpresa mas que, talvez para a maior parte, desvendam memórias ligadas a um período da nossa história ao qual não terá sido dada a atenção devida.

Tendo por base um cuidadoso trabalho de pesquisa, Raquel Ochoa soube cruzar esses dados históricos com as vidas de uma família portuguesa na então Índia Portuguesa, esse lugar que tanto fascínio exerce naqueles que tiveram já a oportunidade de visitar aquele território.

Revisitar a Índia Portuguesa, através de Raquel Ochoa, é um reencontro com a nossa história, uma história de viagens, uma história de diásporas e, no caso desta família, uma história que termina numa Pátria que era a sua mas que estava tão longe. Como já tive oportunidade de dizer em outras ocasiões, “a memória daquilo que fomos enquanto povo é o melhor alicerce sobre o qual poderemos projectar e construir o futuro.” Um futuro feito de partilha, de afectos e de acolhimento.

Minhas Senhores e meus Senhores,

Celebrar a cultura nas suas diversas vertentes é uma missão grandiosa para aqueles que se propõem chamar a si o que de melhor se faz em Portugal e no Mundo, na Arte, na Literatura, na Música e no Espectáculo.
Felicito, pois, a Estoril Sol pela sua relevante actividade na promoção e divulgação da actividade artística, musical e literária, de que estes dois Prémios são exemplo, e faço votos para que continue empenhada em associar à sua dimensão empresarial esta função de relevo no domínio da cultura, provando o muito que os cidadãos e as empresas podem e devem fazer neste domínio.

Termino renovando as felicitações a Mário de Carvalho e a Raquel Ochoa, e deixando aqui uma palavra de público reconhecimento a todos os escritores e à sua arte, que continua a ser motivo de satisfação para tantos leitores e de prestígio para o nosso País.

Parabéns.