Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhor Presidente da Fundação Oriente, Excelências,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Em Junho de 2007, inaugurei, em Washington, uma grande exposição dedicada à presença portuguesa no Mundo nos séculos XVI e XVII e à importância dos Descobrimentos Portugueses na definição do Mundo Moderno. Tratava-se, no entender dos seus organizadores, da confirmação do papel de Portugal como veículo de ligação de inúmeras culturas, e, mais do que isso, enquanto país precursor da globalização.
Pude encontrar, naquele espaço, provas da intensa troca de culturas resultante da aventura marítima portuguesa. Oriente, Ocidente, Norte e Sul, nenhuma paragem do globo foi suficientemente remota para todos os que, como dizia Fernando Pessoa, “passaram além do Bojador”.
Disse, na altura, que “para qualquer país, a História deve ser uma fonte de inspiração para o futuro, sob pena de se reduzir a uma boa história. Os que vieram antes de nós merecem mais do que isso. E, também, os que virão depois de nós.”
Foi, por isso, com grande satisfação, que aceitei o convite para estar hoje presente na inauguração do Museu do Oriente. Encontra-se aqui reunido um notável conjunto de peças de arte que testemunham aquela que foi a primeira experiência de globalização, orgulhosamente levada a cabo pelos Portugueses.
Pela mão da Fundação Oriente, que durante os seus 20 anos de existência perseguiu o sonho que hoje vemos tornado realidade, o antigo Armazém Frigorífico da doca de Alcântara renasce com uma nova função e uma nova dignidade. Já não encontraremos por aqui bacalhau, mas estou certo de que o nosso espírito sairá bem alimentado com todas as “iguarias” que será possível contemplar nas salas do Museu.
Lisboa passa a contar com um espaço que permite aos portugueses e aos estrangeiros que nos visitam ficar a conhecer um pouco melhor a nossa História e a relevância que os Descobrimentos Portugueses tiveram para que as várias partes do mundo se encontrassem e conhecessem.
Mas a função deste espaço não se extingue na História. O Museu do Oriente permitirá um estreitamento cultural entre o Ocidente e o Oriente. Permitirá conhecer o que ainda hoje nos separa e o muito que nos une, fazendo pontes entre culturas remotas.
Assistimos a uma nova vaga que vem do Oriente. A Índia e a China assumem o seu lugar no contexto internacional e têm hoje uma relevância impossível de ignorar. Este espaço cultural que é agora inaugurado será, certamente, palco de inúmeras iniciativas que nos permitirão conhecer melhor os nossos parceiros Asiáticos.
Felicito a Fundação Oriente, na pessoa do seu Presidente, o Dr. Carlos Monjardino, pela perseverança com que, ao longo de 20 anos, construiu a colecção hoje reunida neste belíssimo espaço, eximiamente recuperado.
O Portugal dos Descobrimentos era um Portugal empreendedor, um país de coragem, uma nação que produziu, procurou e difundiu Conhecimento. Fosse essa, apenas, a imagem recolhida pelos visitantes, portugueses e estrangeiros, aqui no Museu do Oriente, já este espaço teria dado bons frutos. Mas não se trata unicamente do passado, mas sim do presente e do futuro de um encontro de civilizações, mutuamente enriquecedor, em que Portugal teve um papel singular.
Talvez, melhor do que nunca, sabemos hoje que o Conhecimento é a grande fonte do progresso e que o conhecimento do outro é, afinal, a melhor forma de derrotar os medos que nos levam, tantas vezes, a ignorar ou rejeitar os que são diferentes.
Parabéns à Fundação Oriente, parabéns à cidade de Lisboa pela inauguração do Museu do Oriente.
© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016
Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.
Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.