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30.º aniversário da adesão de Portugal às Comunidades Europeias
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PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Intervenção do Presidente da República na Sessão Solene de Abertura do Ano Lectivo 2006/2007 do Colégio Universitário de Cooperação
Fundação Cidade de Lisboa, 14 de Fevereiro de 2007

Senhores Secretários de Estado
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Senhor Presidente da Fundação Cidade de Lisboa
Senhor Presidente da Assembleia de Curadores
Senhor Presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Foi com muito gosto que aceitei estar presente nesta sessão solene de abertura do ano lectivo do Colégio Universitário da Cooperação-Nuno Krus Abecassis.

Trata-se de uma instituição que honra a memória do seu fundador, mobilizando vontades para desenvolver uma interpretação activa do espírito que a determinou.

O Presidente da Fundação Cidade de Lisboa já nos fez aqui um interessante resumo das actividades da Fundação e deste Colégio. Mostrou-nos os caminhos que ousaram explorar, as sementes que têm lançado, e os frutos que surgiram e crescem na sequência desse trabalho.

Muitas são as obras que, apesar da visão e boa vontade dos seus fundadores, se deixam esmorecer e apagar na ausência do impulso de quem as lançou. Não é o caso da Fundação Cidade de Lisboa e, em particular, do Colégio Universitário da Cooperação, instituições que mostram bem como é possível manter o rumo, herdar o espírito de acção e promover os objectivos que animaram a sua constituição e foram confiados aos seus seguidores.

Trata-se de um plano ambicioso, que sonhou com a ligação entre povos, distantes no mapa, mas que têm em comum esse património essencial que é a língua que falam, valor incalculável que lhes permite comunicar e transmitir saberes, cultura e experiências.

Mas este é um traço que só é indelével se o soubermos acarinhar e desenvolver.

A língua portuguesa é hoje uma riqueza comum a oito Estados soberanos, que nela reconhecem um dos principais alicerces da sua identidade e da sua independência.

Através desta língua se afirma um conjunto diversificado de nações e culturas, umas mais antigas, outras mais recentes, todas elas exprimindo em português o seu modo singular de sentir e estar no mundo.

É necessário, por isso, cuidar bem desse património, incentivando e alargando o ensino do português, mediante adequadas acções de cooperação, quer ao nível dos Estados, quer ao nível das fundações, empresas e associações da sociedade civil.

A língua que temos em comum não deve ser encarada unicamente como um legado histórico, de que muito nos orgulhamos e que importa, sem dúvida, afirmar no plano internacional.
É necessário, também, que, ao nível da sociedade civil e das populações em geral, haja consciência das vantagens reais de haver um conjunto tão vasto de pessoas e de países que têm o português como língua oficial.

Todos podemos beneficiar com a intensificação e diversificação dos contactos no interior da comunidade constituída pelos falantes do português.

Não haverá, no entanto, projectos nem resultados consistentes, se não se apostar na qualificação das pessoas, de modo a haver recursos humanos suficientemente habilitados para se criar, no âmbito da língua portuguesa, um verdadeiro espaço de trocas comerciais, culturais e científicas.

É essa a missão que este Colégio assumiu, na sua vertente mais ampla e exigente, que é a da educação integral dos jovens que se candidatam aos apoios que lhes são facultados e que têm condições para deles tirar todo o proveito.

Está hoje amplamente demonstrado que a educação e, em especial a formação superior, têm um retorno mais que compensador do investimento que exige. O esforço, o trabalho e os recursos que implicam a obtenção de um grau académico são depois uma valia permanente, não só para os que o obtiveram, mas também para a sociedade que conta com o seu trabalho e a sua competência.

Por isso, dar apoio aos jovens de países de expressão portuguesa para prosseguirem os seus estudos no nosso país, em condições de conforto e plena integração social, é uma forma activa de cooperação duradoura, a única capaz de criar laços que permanecem muito para além do momento do encontro.
O papel desempenhado pelo Colégio da Cooperação, ao longo dos seus 18 anos, proporcionando a muitos jovens uma singular oportunidade para fortalecer a sua formação e concretizar as suas aspirações, foi visionário e deverá constituir não apenas um modelo a aprofundar, mas também a alargar a outros domínios da nossa cooperação no espaço da língua portuguesa.

A aposta na dinamização dos laços de cooperação nos campos educacional e cultural entre os países de língua portuguesa e a capacidade de envolver neste esforço novos actores, estimulando a criação de parcerias público-privadas será, estou certo, cada vez mais, um elemento decisivo no processo de consolidação da própria CPLP.

Gostaria também de realçar, a propósito da acção do Colégio da Cooperação e do modo como interage com a sociedade civil, que o entendimento entre os povos se alicerça sobretudo na relação que as pessoas e as empresas conseguem estabelecer entre elas.

Sei que os bolseiros viajam no país, visitam empresas e contactam com a realidade social e económica, para além do meio universitário onde escolheram estudar.

Essa é também uma dimensão da formação.

O uso de uma língua comum deve ser um elemento que facilita outras aprendizagens, a cultura, a vivência, os modos de trabalhar e produzir ou seja, deve despertar um interesse no conhecimento mútuo, que dará bons resultados quando se quiser trabalhar em conjunto.

É muito relevante que o Colégio da Cooperação resulte da agregação de empresas que se uniram para dar corpo e realidade ao sonho de muitos jovens africanos que aqui vêm aprender e contactar com o tecido empresarial português.

Essas empresas mostram bem ter consciência de que é preciso semear para colher, que não há caminho mais seguro do que aquele que antecipa a realidade, preparando os passos do futuro.

E que melhor aposta do que aquela que aqui se apresenta, a de apoiar jovens que ousam, que lutam pelo desenvolvimento dos seus países através de maior competência e conhecimento?

Estão de parabéns todos os que hoje aqui vão receber os seus diplomas.

É apenas uma etapa, mas ela é crucial para o vosso futuro. Com esse diploma vai também a responsabilidade acrescida de manterem e desenvolverem os laços que aqui criaram, projectando nos vossos países a dimensão e o valor que, através do Colégio da Cooperação, puderam conquistar.

Felicito também as empresas patrocinadoras que, ao longo dos anos, têm mantido a confiança de que é sempre possível fazer melhor, agir em vez de pedir, arriscar um compromisso e esperar os seus resultados.

Finalmente, os meus votos calorosos à Fundação Cidade de Lisboa e aos responsáveis pelo Colégio da Cooperação, de que o vosso empenho e o espírito dinâmico e solidário possam ser, cada vez mais, um caso de sucesso no âmbito da cooperação e da formação de jovens de língua portuguesa. Todos ficaremos a ganhar.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.