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30.º aniversário da adesão de Portugal às Comunidades Europeias
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PRESIDENTE da REPÚBLICA

INTERVENÇÕES

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Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Atribuição do Prémio Leya
Hotel Pestana Palace, 6 de Abril de 2009

Senhor Ministro da Cultura,
Senhor Presidente do Conselho de Administração do Grupo Leya,
Senhor Presidente do Júri,
Digníssimo premiado,
Senhoras e Senhores,

As minhas primeiras palavras são para felicitar o escritor Murilo Carvalho, vencedor do Prémio Leya para o melhor romance inédito em língua portuguesa.

Um livro que se distingue num universo tão vasto e tão diversificado, como é o universo da lusofonia, é sem dúvida uma obra merecedora da nossa maior admiração e do nosso aplauso.

Tanto mais que este prémio foi atribuído por um júri que contou com nomes prestigiados de vários países lusófonos e teve como presidente o poeta Manuel Alegre, ilustre representante do caleidoscópio de literaturas que faz hoje a riqueza da nossa língua.

Julgo, por isso, interpretar o sentimento de todos quantos falam o português, ao apresentar, pessoalmente, os meus sinceros parabéns ao autor premiado e desejar-lhe o maior sucesso na sua carreira, quer como jornalista, quer como escritor.

Quero também felicitar o Grupo Leya, por ter instituído este prémio, criando assim um incentivo e uma oportunidade para a revelação de novos valores nas diversas literaturas que se exprimem em português.

Para que a lusofonia seja uma realidade, e não apenas um eco do passado, é preciso que no seu espaço se criem e desenvolvam projectos económicos e culturais dinâmicos.

É preciso haver homens e empresas que saibam traduzir em iniciativas concretas todo o potencial que reside no facto de partilharmos com tantas nações uma língua comum.

Só assim o português poderá de facto ser o alicerce de uma verdadeira comunidade de Estados independentes e um activo ao serviço do desenvolvimento e da prosperidade de cada um deles.

No mundo em que hoje vivemos, a riqueza das nações não depende unicamente dos seus recursos naturais e da sua capacidade produtiva. Existem outros factores, tanto ou mais importantes, como sejam a história, a cultura e a língua, que podem contribuir, e muito, para alargar os seus horizontes e a sua margem de actuação no plano internacional.

Aquilo a que hoje em dia se chama o «património imaterial» constitui não só um factor de coesão dos povos, como também um factor estratégico decisivo nas relações entre os Estados.

Herdámos uma língua que se autonomizou há mais de 700 anos, uma língua onde convivem há séculos duas grandes literaturas e onde, nas últimas décadas, emergiram outras que apesar de ainda recentes já possuem, no entanto, várias obras e autores internacionalmente reconhecidos.

A língua de Camões e Vieira, de Machado de Assis e Guimarães Rosa, é agora também a língua de Agualusa e Mia Couto, para referir apenas os nomes de dois dos escritores que actualmente vêm sendo traduzidos com mais frequência, em dezenas de outras línguas.

Não podemos desperdiçar esse capital, que é sem dúvida um motivo de orgulho para os 240 milhões de falantes do português, mas que pode e deve ser também encarado como uma vantagem competitiva, a rentabilizar com vista ao progresso dos nossos oito países.

O simples facto de tantos milhões de pessoas comunicarem em português, seja como língua materna, como língua oficial, ou como segunda língua, torna imperativo encontrarmos os meios adequados para o promover internacionalmente.

O português tem de afirmar-se como uma «língua global», uma língua que se pode ouvir nos quatro cantos do mundo e que, por isso mesmo, justifica que outros se sintam motivados a aprendê-la como língua estrangeira.

Por essa razão, assumimos a promoção da língua portuguesa como o tema prioritário do programa da Presidência Portuguesa da CPLP. Os interesses comuns aos Estados Membros da CPLP impõem um trabalho conjunto com vista à crescente afirmação internacional da língua portuguesa, em particular no quadro das Nações Unidas, onde o Português de há muito justifica o estatuto de língua oficial.

Mas a importância das línguas não se mede apenas pelo número de falantes. Mede-se também pelo relevo da cultura que em cada uma delas se exprime, das ideias que nela se discutem, dos livros que nela se escrevem e publicam, dos meios em que ela circula e está acessível a quem a queira ler ou escutar.

Para que o português alcance o estatuto a que tem direito no plano internacional, é importante que a lusofonia, sem perder a diversidade – que é a principal razão da sua importância no mundo -, seja um espaço aberto em que se produz e circula conhecimento, um espaço no interior do qual a língua atenua as distâncias e torna mais fácil o relacionamento entre pessoas e entre países.

Considero, por isso, da maior utilidade e extremamente louvável que se promovam iniciativas como a presente.

Iniciativas que ultrapassam as naturais diferenças que nos separam e tiram partido daquilo que nos une.

Iniciativas em que se cruzam as fronteiras geográficas de cada um dos oito Estados lusófonos, para se pensar e agir no horizonte de uma pátria feita de muitas pátrias, a pátria de todos quantos falam português.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

A entrega deste prémio representa uma homenagem ao escritor Murilo de Carvalho e ao notável romance que ele escreveu, inspirado na história do seu País.

Mas é também uma forma de celebrarmos a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e o inestimável património cultural e histórico em que essa comunidade está fundada.

O aparecimento de obras com qualidade, em qualquer uma das literaturas que entretanto se formaram na língua que todos partilhamos, é a melhor forma de demonstrar a vitalidade do português e o papel singular que lhe cabe no concerto das nações.

Tenho dito.

© Presidência da República Portuguesa - ARQUIVO - Aníbal Cavaco Silva - 2006-2016

Acedeu ao arquivo da Página Oficial da Presidência da República entre 9 de março de 2006 e 9 de março de 2016.

Os conteúdos aqui disponíveis foram colocados na página durante aquele período de 10 anos, correspondente aos dois mandatos do Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.