Assumi o compromisso, logo no início do meu primeiro mandato, de tudo fazer para apoiar uma maior aproximação entre Portugal e a comunidade portuguesa no exterior. Ao longo do tempo, com esse compromisso em mente, tenho estado em muitas ocasiões com os nossos compatriotas, em diferentes partes do Mundo, constatando que todos persistem em manter vivos os laços que os unem a Portugal.
Em diversas intervenções públicas tenho sublinhado que é essencial que Portugal valorize e aproveite o potencial que a diáspora representa, à semelhança do que fazem outros países. Trata-se de conhecer melhor o talento e o prestígio dos nossos compatriotas e dos luso-descendentes nas sociedades onde se encontram integrados, e de aproveitar o seu saber, dar ouvidos à sua experiência e ativar as suas redes de contacto.
Atribuo, por isso, especial importância à quarta edição do Conselho para a Globalização, que terá lugar hoje, em Cascais. Para este novo encontro, convidei um grupo de portugueses que ocupam destacadas funções de gestão em empresas multinacionais de elevado prestígio, muitas delas com presença relevante no nosso país.
Este encontro, cuja língua de trabalho é a língua de Camões, é um contributo para o propósito de aproximação à comunidade portuguesa no exterior e para a sua maior participação no processo de desenvolvimento de Portugal.
Os participantes têm como característica comum trajetos profissionais globais, acumulando um vasto e precioso capital de experiência e influência em diferentes países e organizações, em setores tão diversos como a finança, automóvel, energia, tecnologias de informação e comunicação, design e moda, química, produtos de grande consumo, construção e recursos naturais.
Entendi a disponibilidade dos participantes como um sinal de responsabilidade e empenho para com o seu país de origem e de desejo de participarem no esforço de recuperação económica, que decorre num contexto internacional de grande complexidade e exigência.
Para além do Presidente da Comissão Europeia, estarão igualmente presentes na reunião líderes de empresas originários dos mercados da lusofonia – Angola, Moçambique e Brasil – com significativa influência na economia nacional e nos setores onde atuam.
O crescimento da economia portuguesa dependerá, nos próximos anos, muito especialmente dos setores produtivos que atuam no exterior, da internacionalização de mais empresas e da diversificação de mercados sendo, por isso, essencial conhecer as oportunidades reais que podem ser aproveitadas pelas nossas empresas.
O tema central do encontro será a competitividade e relançamento da economia, numa perspetiva de sustentabilidade no horizonte das próximas décadas, e perceção externa do país.
Para além do programa de ajustamento, a atração e captação de investimento externo exigirão a progressiva redução dos chamados “custos de contexto” mais frequentemente apontados pelos que pretendem investir em Portugal, muitos dos quais também afetam a competitividade externa das empresas nacionais.
Por isso, revela-se fundamental conhecer e aprofundar a compreensão das oportunidades e riscos que se apresentam às nossas empresas quando procuram consolidar a sua posição nas cadeias de valor e nos mercados globais.
São essas perspetivas que os participantes no Conselho para a Globalização nos irão trazer. Discutiremos casos concretos e oportunidades de investimento em Portugal, nos centros de I&D e serviços globais, em redes de energia inteligentes, no turismo especializado, no fabrico de materiais avançados, nas indústrias criativas, nas tecnologias de informação e comunicação e nas indústrias do mar.
É neste contexto que a valorização da imagem nacional é uma mais valia na internacionalização económica do País mas também, muito particularmente, na capacidade de afirmação das empresas portuguesas em mercados fora de fronteiras.
A imagem de um País influencia, de forma concreta, a capacidade dos recursos nacionais serem devidamente valorizados nos mercados externos. Portugal beneficiará, sem dúvida, do esforço coletivo que for feito, também pela comunidade portuguesa no exterior, no sentido de valorizar os ativos económicos, culturais e linguísticos que nos identificam e tornam singulares face a outros países e nações. A projeção da excelência daquilo que nos é próprio reforçará a nossa reputação internacional.
Fomos pioneiros da Globalização, mas hoje teremos que encontrar, de novo, o nosso lugar no Mundo. Portugal tem que se afirmar nas áreas onde pode ser reconhecido pela excelência. Esta é uma tarefa exigente, incessante e permanente. Teremos que afirmar no exterior, com credibilidade, a qualidade das nossas instituições e as competências específicas das nossas empresas e pessoas que nos tornem atrativos para investidores e empresas.
Para tanto é necessário uma estratégia de afirmação clara da imagem do país, liderança e continuidade na execução, bem como coordenação adequada entre as várias instituições de representação externa. A aproximação à diáspora e, em particular, a ligação com todos os que lá fora possuem maior capacidade de influência, poderá constituir um fator decisivo de elevação da nossa competitividade.
Alguns desses portugueses irão estar comigo hoje em Cascais. A sua presença e contribuição para este quarto encontro significa uma manifestação da forte ligação emocional que mantêm à sua terra natal e ao seu destino. Compete-nos aprofundar esta relação, aproveitando ideias e transmitindo informação rigorosa da situação real, das capacidades e das nossas vantagens competitivas.
A Globalização tem criado condições de concorrência particularmente exigentes para muitos países. A competição típica da presente fase ocorre nos mercados, na inovação e na tecnologia, nas competências e no talento, na atração de investimento. O propósito desta competição global é o desenvolvimento económico – reduzindo desigualdades, melhorando os níveis de vida e a criação de emprego. No entanto, o sucesso dependerá largamente de dimensões como a reputação e o prestígio do país no palco internacional.
Nas próximas décadas, a circulação do talento, a integração das economias e a interdependência cultural tenderão a intensificar a nossa essência como povo do mundo e aberto ao mundo. Portugal será sempre mais que o seu território, porque sempre fomos uma nação dispersa nos quatro cantos do planeta. E é esta a vocação que teremos que reassumir no palco global.