Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Agraciamento do General António Ramalho Eanes e do Tenente-General Vasco Rocha Vieira
Palácio de Belém, 18 de dezembro de 2015

Homenageamos hoje dois portugueses que se distinguiram no exercício das mais altas funções do Estado.

Enquanto militar, estadista e cidadão, o percurso de vida do Senhor General António Ramalho Eanes tem, como traços marcantes da sua personalidade, o amor à Pátria, a honestidade e seriedade de caráter, o sentido de Estado e a firmeza inabalável das convicções, a que sempre foi fiel.

A sua estatura moral, a sua integridade e a sua nobreza de caráter ficaram patentes, aos olhos de todos os Portugueses, quando assumiu funções como Presidente da República num período muito difícil da nossa História.

Antes disso, o General Ramalho Eanes destacou-se como um homem de liberdade, que se distinguiu no 25 de Abril de 1974 e, acima de tudo, como líder do movimento que, em 25 de Novembro de 1975, afirmou Portugal como um País livre e democrático, um Estado de direito fiel aos princípios da dignidade da pessoa humana.

Em momentos muito conturbados da nossa História, o General António Ramalho Eanes foi um lutador, um homem de coragem. Com invulgar serenidade e sentido de equilíbrio conduziu os destinos de Portugal com firmeza e determinação, colocando o interesse nacional e do povo português acima de várias tentativas de pressão e intimidação.

Enquanto Presidente da República, demonstrou de novo o seu profundo apreço pela democracia e pela liberdade, mantendo-se integralmente fiel aos valores e aos mais nobres ideais de serviço a Portugal e aos Portugueses.

Senhor General Ramalho Eanes,

Em Portugal, Vossa Excelência merece, como ninguém, ser distinguido com o Grande Colar da Ordem da Liberdade, em reconhecimento da grandeza do seu caráter e dos serviços que prestou para que Portugal seja hoje uma Pátria de liberdade e de democracia.

O Senhor Tenente-General Vasco Rocha Vieira, ao longo de uma brilhante e multifacetada carreira militar e de serviço público, prestou relevantes e distintíssimos serviços às Forças Armadas e a Portugal.

No desempenho das altas funções de Chefe do Estado-Maior do Exército, demonstrou excecionais qualidades de comando, a par de grande firmeza e integridade de caráter, sólida formação ética e militar e notável apego aos mais nobres ideais de serviço ao País.

O Tenente-General Vasco Rocha Vieira contribuiu de forma determinante para a consolidação do processo democrático e para repor a autoridade hierárquica e a disciplina nas Forças Armadas num período especialmente conturbado da vida do País, levando a cabo uma importante e decisiva reforma do Exército.

No desempenho das funções de Ministro da República para a Região Autónoma dos Açores, desenvolveu uma ação perseverante e avisada, serena e determinada, na procura das melhores soluções para que o processo da autonomia regional fosse conduzido no sentido do reforço da coesão nacional, missão que cumpriu com total dedicação, equilíbrio político e elevado sentido de Estado.

Como último representante da administração portuguesa em Macau, o General Rocha Vieira assegurou de modo notável e com pleno êxito a transição de poderes para a Republica Popular da China, missão em que revelou um invulgar perfil de homem público, indefetível patriotismo e inteira devoção na defesa do interesse nacional e que concluiu com elevado brilhantismo, unanimemente reconhecido no País e no seio da comunidade internacional.

Mais recentemente, e na qualidade de Chanceler das Antigas Ordens Militares, o Tenente-General Rocha Vieira evidenciou as suas qualidades humanas, revelando ponderação e inteligência, discrição e elevado sentido de Estado e de serviço público.

Por estas razões, considero que o Tenente-General Vasco Joaquim Rocha Vieira é justo merecedor de ser distinguido com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, em reconhecimento dos relevantes serviços que prestou à nossa Pátria.

Obrigado.