É com especial emoção que a minha Mulher e eu nos encontramos convosco em Macau. Permitam-me que comece por assinalar, muito sensibilizado, a magnífica hospitalidade com que fomos recebidos pelas autoridades macaenses, um sinal do apreço por Portugal e pelos portugueses que aqui vivem.
Agradeço a vossa presença, portugueses residentes em Macau e Hong-Kong.
Estrategicamente situado na foz do Rio das Pérolas, Macau tem sido, ao longo dos séculos, um ponto privilegiado do encontro entre Ocidente e Oriente. Neste lugar de confluência, uma cultura única, singularíssima, emergiu do contacto harmonioso entre a cultura portuguesa e a cultura chinesa. Hoje, com renovado dinamismo, Macau honra esta herança histórica, feita de paz e de amizade.
Tive ocasião de constatar a dinâmica de Macau nos diversos contactos que aqui mantive, ao nível político, empresarial, universitário e cultural. Como sabem, enquanto Primeiro-Ministro, vivi intensamente o processo de negociação para o regresso de Macau à soberania chinesa. Tratou-se de um processo negocial complexo e delicado, mas exemplar nos resultados obtidos. Podemos hoje testemunhar o sucesso do modelo alcançado, bem patente no extraordinário desenvolvimento económico desta Região Administrativa Especial e na preservação da especificidade cultural de Macau pelas autoridades administrativas e pela sociedade civil.
Caros Compatriotas,
Sei que as razões que vos levaram a permanecer em Macau ou que aqui vos trouxeram são as mais diversas. Mas sei também que, independentemente do percurso de cada um, existe em todos vós, além da vontade de triunfar, um forte amor à nossa Pátria, a Portugal.
Os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro são um ativo essencial que procuro valorizar de forma muito empenhada. Ao longo dos meus mandatos como Presidente da República, tenho estado próximo das nossas Comunidades residentes no estrangeiro. Tenho levado esta mensagem de proximidade aos portugueses e luso-descendentes que vivem e trabalham nos mais diversos pontos do planeta e com os quais me tenho encontrado – Luxemburgo ou Estocolmo, Sidney ou Timor, São Francisco ou Newark, Toronto ou Bogotá, Luanda ou Joanesburgo e outras cidades do mundo.
Em Macau e Hong-Kong, o desafio mais exigente é sermos capazes de olhar para o futuro e aí projetar as nossas ambições enquanto Portugueses.
Caros Amigos,
Cada um de vós é um verdadeiro embaixador de Portugal, um testemunho vivo daquilo que é o nosso País. Agradeço-vos a visibilidade que, graças à vossa presença, o Portugal do século XXI tem adquirido neste território do Extremo Oriente. A nossa História é aqui bem conhecida. O Portugal atual é uma realidade nova, que a Diáspora tem, em larga medida, desvendado: um país que aposta no cluster do mar, que dispõe de infraestruturas físicas e tecnológicas de excecional qualidade, que tem vindo a alcançar novos patamares de competitividade em diversas áreas científicas e tecnológicas, que é líder europeu na disponibilização e qualidade de serviços públicos online, que dispõe de centros de excelência em áreas de grande potencial de crescimento, como a nanotecnologia, as telecomunicações móveis, as ciências médicas ou a biotecnologia, e cuja produção científica se encontra inserida nas mais prestigiadas redes de conhecimento globais.
O vosso sucesso aqui é um exemplo da excelência reconhecida internacionalmente aos recursos humanos portugueses. O vosso êxito é fator essencial para a valorização nas nossas relações com a China.
Durante esta minha visita, tive oportunidade de testemunhar, em diversas ocasiões, o enorme interesse pela língua portuguesa. O português é o terceiro idioma europeu mais falado no mundo, língua oficial de mais de 250 milhões de pessoas em quatro continentes, incluindo nesta Região Administrativa Especial chinesa. Apelo a que continuem a acarinhar a lusofonia e a divulgar a nossa cultura.
Caros Compatriotas,
Ao terminar esta minha Visita de Estado, parto confiante de que as autoridades com que me encontrei atribuem, tal como nós, um claro valor estratégico às relações e à cooperação com Portugal. As Comunidades Portuguesas de Macau e de Hong-Kong são agentes fundamentais neste relacionamento, que nos últimos anos se tem diversificado e intensificado.
Desejo a todos os maiores sucessos, profissionais, pessoais e familiares. Em Portugal, sabemos que podemos contar com cada um de vós.
Na esperança de que se sintam mais perto da nossa e da vossa terra, Kátia Guerreiro traz-vos, através do Fado, um pouco de Portugal. Espero que apreciem o concerto que, daqui a pouco, terá lugar.
Antes, porém, queria deixar um particular agradecimento a alguns de entre vós que decidi condecorar, pela forma marcante como contribuíram para a transição exemplar para a soberania chinesa, mantendo a herança cultural específica de Macau.
Muito obrigado.