Esta é a primeira visita oficial de um Presidente da República a esta cidade de Vizela, nos quase quarenta anos de regime democrático.
Quero, por isso, começar por dirigir uma saudação muito especial ao povo de Vizela e aos seus representantes, recentemente eleitos para mais um mandato autárquico.
Saudação que traduz o reconhecimento público da vontade de afirmação de um projeto coletivo que esta comunidade viu consagrado, há 15 anos, com a instituição do seu Município. Esta é uma primeira homenagem que, enquanto Presidente da República, quero prestar a todos os Vizelenses.
A segunda homenagem presto-a a todos quantos ajudaram a Santa Casa da Misericórdia de Vizela a recuperar a sua missão humanitária, nomeadamente a tradicional valência de saúde que esteve na origem da sua fundação.
É nessa origem que encontramos os traços de identidade não só desta instituição como do próprio povo de Vizela.
Fundada sobre o legado de António Francisco Guimarães, imigrante português no Brasil cuja fortuna entendeu repartir com a sua terra natal, a Santa Casa da Misericórdia de Vizela formou-se através da fusão da Casa dos Pobres Dr. João Rocha dos Santos e da Associação Vizelense de Beneficência.
Congregou-se, assim, o sentido filantrópico de um emigrante com a vontade de concretizar um sonho maior por parte de duas instituições já existentes: uma Misericórdia e um Hospital que servissem as populações mais desfavorecidas de forma condigna.
As vicissitudes da história nem sempre favoreceram a concretização deste projeto inicial, mas sinto, ao visitar este moderno complexo de saúde e de apoio social aos mais idosos, que se regressa à verdadeira identidade desta Santa Casa.
De certa forma, fez-se justiça aos que, ao longo de um século, tiveram esse sonho maior de engrandecer Vizela pelo espírito solidário e pela convicção de que não podemos desistir daquilo em que acreditamos.
O Povo de Vizela e os seus homens bons deram mais uma lição a todos nós.
Faço votos de que esta vontade solidária se mantenha e se acrescente. Os tempos assim o exigem.
Olhar pelas nossas crianças, ajudá-las a crescer felizes e saudáveis.
Apoiar as famílias que não desistem de lutar por um futuro melhor para as novas gerações.
Apoiar os mais carenciados e responder às situações de emergência social.
Acolher e apoiar os mais idosos.
Garantir a dignidade na doença pela prestação de cuidados de saúde de qualidade e de apoio à reinserção social e familiar dos que vivem uma situação de dependência.
Eis alguns traços da nobre missão que a Santa Casa da Misericórdia de Vizela concretiza, dia após dia, para honra e bem-estar das populações desta comunidade.
Senhor Presidente da Câmara Municipal,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Os portugueses de há muito conhecem as Caldas de Vizela. As termas representaram muito no passado desta terra, mas representam, seguramente, também o futuro. O turismo de saúde é uma das nossas potencialidades, pelo que faz todo o sentido investir nesta área.
Outros lugares de Portugal podem ter boas condições, mas nenhum, porventura, apresenta melhores condições naturais do que Vizela. A aposta na modernização e na diversificação da oferta termal para conquistar novos utentes deve, por isso, fazer parte das prioridades económicas e turísticas do concelho.
Vizela destaca-se, aliás, por ter sido pioneira em diversas áreas. É o caso da Fábrica de Papel de Vizela, aqui criada no início do século XIX, e das indústrias do vestuário e do calçado, que continuam a ter, até hoje, uma importância fundamental na economia e que têm lutado para se modernizar, competir e resistir aos tempos difíceis.
Marcada pela tradição produtiva e empreendedora, Vizela deve tirar partido da sua localização estratégica, da concentração industrial, para promover parcerias e apostar em novos produtos, nos novos materiais, na criatividade, no design, na imagem, nas marcas próprias.
Só poderemos ser bem sucedidos apostando no conhecimento, no desenvolvimento de novas técnicas, na diferenciação dos produtos, na excelência da execução, na qualidade do apoio aos clientes.
Os municípios desempenham, naturalmente, um papel essencial neste tempo de grande exigência. Compete-lhes a promoção das suas terras, favorecerem o empreendedorismo, serem facilitadores da instalação de indústrias e criarem condições competitivas para atrair investimento.
Nesta região, que está entre as mais jovens e com maior densidade populacional do País, que se caracteriza pelo seu dinamismo empresarial, estou certo de que a colaboração entre empresas, instituições sociais, associações de empregadores, e autoridades locais e nacionais dará bons frutos, nestes caminhos que são a condição de um melhor futuro para todos nós.
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Ouvimos há pouco a interpretação da Banda da Sociedade Filarmónica Vizelense que, em janeiro deste ano, esteve no Palácio de Belém a cantar as Janeiras e que a todos impressionou pela qualidade da sua música e pela juventude dos seus membros.
É bom ver a dedicação e o empenho dos jovens, que espelham a alma dos seus concelhos.
Com esta inspiração de talento e de vitalidade dos mais novos, mas também do exemplo que os mais antigos nos legaram, desejo a todos as maiores felicidades, fazendo votos de que Vizela continue a realizar os seus sonhos, pelo querer, pela união e pelo espírito solidário.
À Santa Casa da Misericórdia de Vizela e a todos os que a servem, os meus parabéns pela celebração do seu centenário.
Bem hajam!