Gostaria de começar por dizer que é com muito gosto que estou hoje aqui na companhia de Sua Excelência o Presidente Abdullah Gül a encerrar os trabalhos deste Fórum. Felicito a AICEP Portugal Global e a “TOBB – Union of Chambers and Commodity Exchanges of Turkey” pela organização desta reunião e dos encontros empresariais bilaterais que lhe estão associados.
O excelente relacionamento político entre os nossos dois países, que ficou bem demonstrado na qualidade e relevância dos contactos que tiveram lugar nos últimos dois dias, é um fator que potencia as oportunidades de cooperação empresarial e favorece o desenvolvimento de novos negócios e investimentos.
A Turquia, um país herdeiro dos primórdios da civilização mundial, é, simultaneamente, um país europeu, um país asiático, um país islâmico, uma democracia e um parceiro fundamental na comunidade internacional. É uma “ponte cultural”, mas também uma “ponte política e económica” entre dois continentes. Incontornável plataforma comercial de mercadorias e hidrocarbonetos, a Turquia é um país de enorme importância geoestratégica, de grande vitalidade, com uma economia pujante à escala global.
Qualificada por uns como “desenvolvida” e por outros como “emergente”, o certo é que a economia turca tem registado uma trajetória de crescimento muitíssimo expressiva, desde 2002, brevemente interrompida pela crise financeira mundial de 2008-2009.
Apesar do abrandamento recente, as perspetivas de médio e longo prazo para a economia turca são, até pelo seu perfil demográfico, muito positivas. As empresas portuguesas devem estar atentas às oportunidades que esse crescimento propicia.
O processo de aproximação à União Europeia tem contribuído de forma muito significativa para o desenvolvimento económico na Turquia e os sucessivos governos têm prosseguido, com vigor e convicção, múltiplas reformas estruturais e institucionais. Há hoje um conjunto de empresas turcas que são reconhecidas pela sua robustez, pujança e sofisticação empresarial. São vistas como parceiros fiáveis e desejados.
Recordo, na Visita de Estado que fiz à Turquia, em 2009, como me impressionaram o espírito empreendedor e a motivação que encontrei na classe empresarial do país.
Portugal, por seu lado, faz parte da União Europeia, esse projeto único de integração económica e política. Um gigantesco mercado único europeu de 27 Estados-membros com 500 milhões de consumidores. Mas, graças à sua História, Portugal tem também laços singulares com os países de língua portuguesa espalhados pelos vários continentes, nomeadamente em África e na América do Sul, juntando assim, à sua área privilegiada de relações este universo que abrange cerca de 250 milhões de pessoas.
Portugal é uma economia moderna e aberta, dispõe de excelentes infraestruturas, condições naturais privilegiadas e de um capital humano extremamente qualificado. Na sequência da crise que assolou o Mundo e a Europa, o nosso país tem vindo a realizar um importante esforço de ajustamento macroeconómico e financeiro. Nestes tempos difíceis e exigentes, tem levado por diante um significativo programa de reformas estruturais, de forma a aumentar a flexibilidade e a capacidade competitiva da sua economia.
Pode afirmar-se que o caminho de desenvolvimento económico na Turquia encontra paralelos com o de Portugal. Também em Portugal a União Europeia desempenhou um papel estabilizador e deu coerência estratégica a muitas reformas institucionais, essenciais ao fortalecimento do Estado de Direito, à credibilização das instituições necessárias ao seu funcionamento, e à própria consolidação dos mecanismos de uma economia de mercado, aberta e integrada.
As empresas portuguesas, que viveram essa evolução, seja no setor financeiro, nas infraestruturas, nas telecomunicações, seja nos transportes e logística, na energia, ou nas novas tecnologias, podem dar, pela sua experiência e pelas suas competências, um contributo muito positivo na presente fase de desenvolvimento da economia turca. É certo que, pela sua dimensão e pujança, a economia e os mercados turcos são hoje muito valorizados em todas as geografias.
Mas creio que as alianças estratégicas entre empresas dos nossos países, que serão certamente parcerias entre iguais, podem revelar-se particularmente valiosas.
A economia portuguesa desenvolve, atualmente um vasto leque de atividades industriais e de serviços. O setor dos produtos tradicionais, como os têxteis, vestuário e calçado, fruto da modernização de que foram objeto, mantêm uma posição forte nos mercados internacionais. Mas a economia portuguesa possui hoje um forte conteúdo científico e tecnológico, como é o caso das aplicações de software, das tecnologias de informação, da robótica e comunicação, das farmacêuticas, das biotecnologias, ou das energias renováveis. Muitas das nossas empresas operam em diversos setores no mercado global e veem com interesse a possibilidade de se expandir para a Turquia e, em cooperação com congéneres locais, para os países limítrofes.
As relações comerciais entre a Turquia e Portugal, apesar de alguma evolução positiva nos últimos anos, estão ainda muito aquém das suas possibilidades. Também no turismo, setor em que os nossos dois países são muito fortes como recetores, deparamo-nos com uma dinâmica pouco intensa a nível de fluxos bilaterais e de investimento, que importa aumentar.
Muitos têm escrito sobre a semelhança geo-morfológica entre o Bósforo e a foz do Tejo, que contribuiu para criar as condições para a prosperidade secular de cidades como Istambul e Lisboa, verdadeiras cidades universais. As semelhanças entre os nossos climas são, também elas, evidentes, aproximando de forma natural muitos das nossas atividades produtivas e vivências culturais.
Promovi, há poucas semanas, a realização de uma conferência internacional sobre Portugal na Balança da Europa e do Mundo. Uma das rotas estratégicas identificadas como de particular importância, também para Portugal, foi a do Mediterrâneo e do Médio Oriente. O sucesso dos Estados das duas margens do Mediterrâneo será profundamente benéfico para os nossos dois países. Através de ações em conjunto teremos mais capacidade para atingir bons resultados. Não apenas no plano diplomático e político, mas também na dimensão económica e empresarial.
Estou, por isso, muito confiante nos contributos que as empresas turcas podem trazer à economia portuguesa, em termos de investimento, emprego e trocas comerciais, num esforço que será, certamente, compensatório. Mas acredito igualmente no potencial de expansão das empresas e produtos de Portugal para a Turquia e no muito que, juntas, as nossas empresas poderão fazer em várias regiões do globo.
Os trabalhos deste Fórum são uma excelente ocasião para aprofundar o conhecimento e a confiança mútua entre empresários e explorar oportunidades e interesses comuns, fazendo com que a nossa relação económica e empresarial seja mais consentânea com a excelência do nosso relacionamento político.
Desafio e encorajo, pois, as empresas turcas aqui presentes a trabalhar com as suas congéneres portuguesas na identificação e no desenvolvimento de projetos comuns.
Muito obrigado pela vossa atenção e pelo vosso empenho na construção de relações económicas profícuas e duradouras entres os nossos dois países.