Comemoramos, hoje, em simultâneo, os 50 anos de criação dos “Comandos” e o dia do Centro de Tropas Comandos.
Pretendo, como Comandante Supremo das Forças Armadas, prestar nesta data uma justa homenagem aos militares “Comando” que serviram com audácia e abnegação a nossa Pátria, e distinguir o seu relevante contributo para a defesa dos valores da liberdade e da democracia.
Saúdo cada um dos presentes nesta cerimónia, e, em especial, os veteranos de guerra, a quem manifesto o meu sentido apreço e a quem o nosso País tanto deve.
Festejar este dia é uma oportunidade para revisitar o passado, feito de valorosos atos de bravura e coragem, um passado que não deve ser esquecido, pelo exemplo e pela inspiração que encerra.
É também um dia de reencontro de gerações, unidas pelos mesmos valores e princípios, forjados em códigos de conduta e de honra comuns, presentes desde a fundação das Tropas Comando.
Aos militares, que estiveram na sua origem e integraram as primeiras forças, foram exigidos graus de resistência física e mental singularmente elevados, para fazer face à natureza e aos requisitos do ambiente operacional com que então éramos confrontados em África.
Durante 12 anos, nove mil homens, integrando várias unidades deste corpo de elite, tiveram um desempenho notável nos teatros de operações de Angola, Moçambique e Guiné, fazendo do militar “Comando” um soldado de exceção, exemplo maior de valor militar, valentia em combate, coragem, sangue-frio e serena energia debaixo de fogo.
O espírito de disciplina, o sentido de responsabilidade e o elevado patriotismo, demonstrados em África, ficaram novamente patentes quando foram chamados a atuar em defesa da legitimidade democrática, assumindo um papel preponderante na preservação e na consolidação da liberdade reconquistada no dia 25 de abril de 1974.
É, pois, com um sentimento de viva gratidão que hoje evocamos a memória de todos os “Comandos” que tombaram no campo da honra e deram a sua vida pela Pátria, a quem prestámos sentida homenagem, segundo o cerimonial castrense e os preceitos inscritos no ritual “Comando”.
Ao vencerem quando poucos acreditavam, ao conquistarem quando muitos se opunham, ao avançarem quando outros vacilaram, os seus nomes ficaram indelevelmente gravados nos monumentos que os homenageiam e no coração dos que com eles privaram. É um momento de pesar, mas também de profunda admiração pela forma como honraram os seus camaradas de armas e a Pátria Portuguesa.
Manter viva a sua memória, manter fortes os laços e os valores que a todos unem, encontra eco nos princípios que regem a Associação de Comandos, a quem quero manifestar o meu reconhecimento, pela ação altamente meritória desenvolvida na preservação de um património histórico e moral inestimável, no fortalecimento da camaradagem de armas que vos acompanha ao longo da vida e, em particular, no apoio solidário aos associados mais carenciados e suas famílias.
Hoje, a atuação dos “Comandos” desenvolve-se num contexto diferente, mas a determinação, o profissionalismo e a preparação dos militares mantém-se a mesma, quer nas missões que desempenham nas Forças Nacionais Destacadas, de que é exemplo a atuação no Afeganistão, merecedora de rasgados elogios, quer nas ações de Cooperação Técnico-Militar que desenvolvem com os países de expressão portuguesa.
É justo evidenciar o papel insubstituível do Centro de Tropas Comandos, herdeiro e guardião das nobres tradições das unidades de Comandos, e que assenta na competência e na motivação dos seus quadros.
Os elevados padrões de desempenho que esta tropa de elite tem mantido só são possíveis se lhe estiverem associados um rigoroso treino e uma identidade própria, alicerçados numa disciplina e em códigos de conduta fortes.
Apesar dos avanços tecnológicos e da elevada sofisticação dos equipamentos, a chave do sucesso continua a residir no militar, na sua preparação, na sua força moral, na sua capacidade de interpretar e de decidir.
É com esta certeza, que me dirijo aos jovens militares que terminaram o centésimo décimo nono Curso de Comandos, felicitando-os por terem ultrapassado, com êxito e certamente com sacrifício, os desafios e as provações a que foram submetidos.
Militares “Comando”,
A vossa história está repleta de valorosos exemplos de bravura e coragem, bem expressos nos anais dos vossos 50 anos de existência e nas mais altas condecorações que militares e unidades “Comando” ostentam, com orgulho e distinção.
Os jovens que então assumiram a árdua tarefa de iniciar esta força especial foram sujeitos a condições únicas de grande adversidade, que colocaram à prova as suas convicções, os seus medos e os seus instintos. Foram capazes de as vencer, com determinação e heroísmo, conseguindo feitos extraordinários.
Lições de vida, que devem servir de exemplo e inspiração para todos nós.
Agradeço, de novo, a vossa presença. Agradeço, em nome de Portugal e dos Portugueses, tudo aquilo que cada um de vós, com esforço e incondicional dedicação, fez pelo nosso País.
Encorajo os mais jovens a estarem à altura dos valores e tradições daqueles que vos precederam, a honrar a memória dos que se eternizaram pelos seus feitos, continuando a ser a voz do Comando, bem alto gritando: “MAMA SUMAE AQUI ESTAMOS”.