Constitui uma grande satisfação, para mim e para minha Mulher, receber Vossas Altezas Reais nesta primeira Visita Oficial que realizam a Portugal. Ainda guardamos as mais gratas recordações da nossa Visita de Estado a Espanha, em 2006, e, muito particularmente, do carinho e da amizade com que fomos acolhidos no Principado das Astúrias.
O significado muito particular de que se reveste a presente visita é ditado, desde logo, pela singularidade da forte relação que une os nossos dois Países, mas também pelo carinho e pela especial simpatia que o Povo português dedica à família Real.
O atual relacionamento entre Portugal e Espanha reflete as mudanças ocorridas ao longo de pouco mais de três décadas, em que constituiu marco determinante a adesão simultânea dos dois países à União Europeia.
As duas jovens democracias cedo descobriram, nessa caminhada, que a raia podia bem deixar de ser a barreira física, económica e psicológica que havia sido até então.
O Tratado de Amizade e Cooperação, assinado em 1977, representou um importante avanço no novo relacionamento bilateral, que as Cimeiras Luso-Espanholas, a última das quais realizada recentemente na cidade do Porto, vieram assinalar ao longo de quase trinta anos.
Os processos de enorme transformação ocorridos em Espanha e em Portugal nas últimas décadas, seja nas esferas política e económica, seja nos planos social e cultural, não só se influenciaram mutuamente, como significaram, afinal, a convergência entre os nossos dois Povos, cujas relações têm hoje uma intensidade inédita em séculos de História.
Portugal e Espanha partilham hoje os mesmos valores, procurando afirmá-los na comunidade internacional: no seio da Aliança Atlântica, garantem em comum a sua defesa e segurança; e participam, de forma empenhada, numa comunidade de afetos e interesses com o conjunto das nações ibero-americanas.
Mais ainda, Espanha e Portugal são parceiros na mesma aposta essencial na construção europeia, firmemente convictos dos seus méritos, convicção que não se vê abalada pelas dificuldades e hesitações circunstanciais do projeto europeu.
É precisamente num tempo de desafios, como aquele que atravessamos, que a nossa parceria estratégica deverá ser mais forte e ativa para que, aos necessários esforços de consolidação orçamental, possamos juntar verdadeiras políticas de crescimento económico e de criação de emprego.
Ao nível do intercâmbio entre os nossos dois Povos, a evolução das últimas décadas foi, também ela, muito nítida. O desenvolvimento dos fluxos turísticos teve um papel relevante, tal como o movimento de pessoas, com especial destaque para os quadros de empresas com presença num e noutro país. Também na esfera cultural encontramos facilmente exemplos expressivos de frutuosa cooperação entre os nossos países, como o comprovam os diversos prémios obtidos por vários autores do outro lado das respetivas fronteiras.
Ainda assim, tenho verificado que persiste um défice de conhecimento da realidade espanhola em Portugal e, igualmente, um significativo grau de desconhecimento, em Espanha, da realidade portuguesa.
Este quadro traduz afinal a necessidade, que tenho vindo a sublinhar, de Portugal fazer um esforço redobrado para se dar a conhecer a um Mundo mais informado, muitas vezes, das dificuldades que o País atravessa do que das reais capacidades que demonstra e da excelência que, de facto, detém em variados domínios. E Espanha, naturalmente, tem de estar na primeira linha desse esforço de divulgação.
Estou certo de que um conhecimento mais completo e aprofundado entre os nossos dois Povos e Países dinamizaria ainda mais o intercâmbio existente, com resultados profícuos para ambos.
Um excelente exemplo do alcance dos nossos esforços conjuntos reside no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, que Vossas Altezas hoje visitaram, e que tive a honra de inaugurar com Sua Majestade o Rei Dom Juan Carlos, em 2009, um projeto de vanguarda que já hoje se afirma como uma instituição de referência naquela área de investigação.
Altezas Reais,
Distintos convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Nessa tarefa de dar a conhecer ao Mundo o Portugal do Século XXI, em que me tenho pessoalmente empenhado, sei que contamos com excelentes aliados. E não posso deixar de evocar, neste plano, o papel ímpar que Sua Majestade o Rei Dom Juan Carlos tem assumido, até pela sua tão especial ligação ao nosso país.
Tenho confiança que, ao partirem de Portugal, onde queremos que se sintam como em vossa casa, Vossas Altezas estarão igualmente entre os mais entusiásticos promotores de um mais profundo conhecimento e de um acrescido entendimento entre os nossos dois Povos e Países.
E é nesse espírito de confiança que peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde e felicidade de Suas Majestades e de Vossas Altezas Reais, à excelência das relações entre os nossos países e ao reforço dos laços fraternais que unem os nossos povos.