É com muito gosto que participo na sessão de abertura deste Fórum Económico, juntamente com o Presidente da República da Polónia, a quem saúdo pela oportuna decisão de se fazer acompanhar, nesta sua Visita de Estado a Portugal, por uma importante delegação empresarial.
Quero também saudar todos os presentes pela sua participação neste encontro, em boa hora promovido pela Confederação Polaca dos Empregadores Privados Lewiatan e pela Associação Industrial Portuguesa. Estou seguro de que os contactos que aqui terão lugar permitirão identificar novas oportunidades de negócio que os empresários de ambos os países podem e devem agarrar.
Gostaria, nesta ocasião, de sublinhar três aspetos que, no contexto do aprofundamento da colaboração económica entre os nossos dois países, me parecem especialmente relevantes.
O primeiro tem a ver com as condições concretas da economia europeia e da economia mundial. O período recessivo da economia global, decorrente, em larga medida, da crise financeira dos anos 2008 -2009, ainda não foi verdadeiramente ultrapassado. O mesmo se pode dizer sobre a crise da dívida soberana na zona euro.
Existe hoje, em todo o caso, a convicção de que os fatores mais negativos que têm marcado estes eventos estão, de facto, a ser enfrentados, ainda que com diferentes graus de determinação e sucesso, e que a trajetória continuará a ser de melhoria.
A evidência histórica sugere que as recessões resultantes de graves crises financeiras são, em regra, profundas, longas e bastante destrutivas em termos de emprego e qualidade de vida. Infelizmente, também desta vez, isto mesmo foi confirmado na generalidade dos países desenvolvidos e, em particular, na Europa.
No caso de Portugal, o Programa de Ajustamento que subscrevemos é extraordinariamente exigente, mas o Governo português tem demonstrado uma sólida determinação e um claro empenho em cumpri-lo, num ambiente em que tem sido possível manter um grau relativamente elevado de diálogo político e social. Os primeiros nove meses do programa de ajustamento português foram avaliados de forma positiva, o que justifica a esperança de que Portugal será bem-sucedido.
Por seu lado, a Polónia revela-se como um caso singular no espaço económico europeu, sendo mesmo o único país a evitar a entrada em recessão, o que é tanto mais de destacar quanto se sabe que os seus vizinhos e principais parceiros económicos enfrentaram uma importante desaceleração da atividade económica. Temos, por isso, muito a aprender com a experiência polaca e estamos vivamente interessados em compreender os progressos que a economia polaca tem vindo a acumular, desde os seus bem-sucedidos processos de transição democrática e de adesão à União Europeia.
A afinidade cultural entre os nossos dois povos é muito grande, e os desenvolvimentos na Polónia sempre foram seguidos com grande interesse a partir de Portugal. Não temos dúvidas de que a Polónia será uma das grandes economias da Europa e, no futuro, da Zona Euro.
O segundo aspeto que queria realçar tem a ver com a divulgação e a valorização do trabalho que várias empresas portuguesas têm vindo a desenvolver na sociedade polaca e que ilustra de forma eloquente as oportunidades que se oferecem para o reforço da cooperação económica entre os nossos dois países.
Muitos dos empresários que me acompanharam na Visita que efetuei à Polónia, em 2008, estão hoje aqui presentes. Muitos deles reforçaram, desde então, o seu investimento na Polónia, tirando partido dos elevados índices de crescimento da economia polaca.
As atividades de empresas portuguesas na Polónia abrangem vários setores económicos em que Portugal possui vincadas competências empresariais, como é o caso da banca, da distribuição alimentar e da construção. A forma como as comunidades empresariais portuguesa e polaca se têm integrado é, de resto, muito significativa e ouso dizer que a confiança mútua entre os nossos dois países é particularmente elevada.
As empresas aqui presentes são um testemunho vivo da riqueza dessa integração económica e, mais do que isso, cultural. Hoje em dia, são já muitos os portugueses que falam polaco e os polacos que falam português.
A terceira mensagem que gostaria de deixar aqui hoje é um alerta para a importância que as nossas duas economias têm no espaço europeu e para o facto de vivermos atualmente uma fase particularmente oportuna para que as empresas polacas olhem com confiança para a economia portuguesa e encarem, com otimismo, as oportunidades de investimento no nosso país.
Da mesma forma que as empresas portuguesas têm sido bem recebidas na Polónia, também as empresas polacas são muito bem-vindas em Portugal. O programa de ajustamento português está a evoluir de acordo com o previsto e as entidades oficiais internacionais acreditam e estão comprometidas com o seu sucesso. Isso significa que o futuro será promissor para aqueles que investirem e fizerem negócios em Portugal.
É esta mensagem de esperança e confiança no futuro da economia portuguesa que gostaria de transmitir a todos. Portugal sempre superou com sucesso, e mais rapidamente do que o previsto, as suas crises de financiamento externo. Estou certo de que o conseguiremos fazer mais uma vez.
A nossa ligação ao resto do mundo, quer à Europa, quer aos EUA, quer aos países de expressão oficial portuguesa, na América, em África ou na Ásia, é uma garantia de flexibilidade económica e um ativo que Portugal se mostra decidido em aproveitar.
A qualidade do relacionamento político e diplomático entre Portugal e a Polónia encontra paralelo, cada vez mais, no domínio das relações económicas e empresariais.
Mais do que nunca, vivemos em Portugal um ambiente de grande recetividade à iniciativa empresarial e ao investimento estrangeiro.
Queremos reforçar os laços com o exterior, aumentar a nossa competitividade e poder beneficiar das oportunidades de crescimento cada vez mais diversas na economia global e em regiões da Europa, como a Polónia, onde o dinamismo económico tem sido predominante.
Portugal está empenhado em retirar o maior proveito da transformação económica em curso e sabemos que os investidores mais ousados e atentos à evolução da nossa economia serão aqueles que maior retorno poderão obter.
Estou confiante que os contactos empresariais que este Fórum Económico irá proporcionar permitirão confirmar essa perspetiva e consolidar uma nova dinâmica no relacionamento entre Portugal e a Polónia.
Muito obrigado.