Senhor Ministro da Saúde
Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos
Senhor Presidente da Federação Europeia de Medicina Interna
Senhor Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Senhores Congressistas
Minhas Senhoras e meus Senhores,
É com especial satisfação que saúdo os participantes neste Congresso conjunto da Sociedade Portuguesa e da Federação Europeia de Medicina Interna.
A realização, em Portugal, deste encontro internacional representa, para além de um sinal de reconhecimento do valor dos médicos internistas portugueses no quadro europeu, um importante contributo para o reforço e para a circulação do saber entre os profissionais de saúde. A cooperação internacional entre médicos deve, cada vez mais, ser estimulada, porque as doenças não conhecem fronteiras. Na sociedade de informação global em que vivemos, também o conhecimento médico tende a adquirir uma dimensão planetária.
Senhores Congressistas,
A ciência médica tem sido capaz de aumentar a longevidade das populações e, mais do que gerar simplesmente uma maior esperança de vida, tem permitido que as pessoas vivam mais anos com saúde e qualidade.
A Medicina Interna é a especialidade médica que se dedica à prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças da pessoa adulta de uma forma global. Os internistas, dada a abrangência da sua formação, são profissionais especialmente qualificados para um acompanhamento completo da pessoa doente.
Os doentes exigem, com toda a legitimidade, respostas às perguntas que formulam. De um internista espera-se que dê opinião sobre quase tudo. O esforço envolvido pelos internistas na sua formação contínua e permanente, considerando a evolução cada vez mais rápida da ciência médica, merece a nossa admiração e o nosso reconhecimento.
A Medicina Interna tem gerado grandes professores de Medicina. Muito do que de melhor existe na ciência médica portuguesa e europeia foi, e é, o produto do trabalho de internistas. A Escola Europeia de Medicina Interna tem realizado cursos em Portugal, o que atesta bem o valor que é atribuído ao nosso País nas áreas do desempenho e da formação médica.
A visão holística do tratamento da pessoa doente, integrando as queixas de quem sofre, é o modelo terapêutico do internista. Esta abordagem da Medicina Interna contribui para a prestação de cuidados mais eficientes e maior controlo dos custos. O problema da gestão dos custos, tão importante nos actuais sistemas de saúde, desenhados a partir da ciência para servir os cidadãos, será um tema a discutir em profundidade neste Congresso.
A perspectiva integradora dos problemas de saúde, própria dos internistas, confere-lhes, por outro lado, uma posição central para o estabelecimento de pontes de continuidade entre cuidados primários e cuidados hospitalares, criando um ambiente de conservação da saúde mais amplo do que o mero combate à doença.
Senhores Congressistas,
O papel social dos médicos não se esgota no trabalho clínico nas enfermarias ou nos consultórios. Os médicos não podem esquecer o seu papel de exemplo, como formadores de outros profissionais e como modelos de comportamentos saudáveis que os cidadãos devem seguir.
É necessário preservar e cultivar o espírito de dedicação e serviço público que tem caracterizado os médicos portugueses. Importa desenvolver a formação médica pré-graduada no sentido de dar resposta à natural e desejável curiosidade científica dos jovens candidatos a médicos, sem deixar de lhes infundir um sentido de serviço e humanidade de que cabe aos internistas ser exemplo de primeira linha.
Os internistas, tais como os médicos de família, são tipicamente médicos de múltiplos saberes e competências. Um médico internista caracteriza-se por uma forte capacidade de resistência intelectual, nunca desistindo até à descoberta do diagnóstico e da causa da enfermidade. E é também um resistente físico, suportando, frequentemente, longas horas de privação de sono para depois, logo na manhã seguinte, prosseguir o seu labor com o mesmo profissionalismo da véspera. Sempre próximo de quem dele precisa.
Para além das suas particulares exigências de formação, a profissão médica tem riscos muito próprios. Risco de errar, riscos físicos crescentes, cansaços e tristezas. Mas estou certo de que a profissão de médico proporciona, talvez como nenhuma outra, grandes momentos de satisfação e alegria. Os médicos que escolheram trabalhar em Portugal merecem um justo reconhecimento público. É também esse reconhecimento que, com a minha presença, aqui quis deixar, fazendo votos de que os trabalhos deste Congresso conjunto sejam fonte de enriquecimento profissional e pessoal para todos vós e de benefício para as comunidades que, por toda a Europa, necessitam dos vossos cuidados.