Boa noite.
A campanha eleitoral para as eleições legislativas chegou ao fim.
Os diferentes partidos tiveram oportunidade de apresentar as suas ideias e as suas propostas.
O sentimento de que nesta campanha nem sempre se terá discutido o essencial e de que muitas vezes, na comunicação social, se privilegiou o acessório, não deve ser motivo para nos abstermos de votar.
Amanhã, os Portugueses são chamados a votar e a eleger os deputados à Assembleia da República.
Da composição do novo Parlamento resultará o Executivo que irá ter a responsabilidade de governar Portugal nos próximos quatro anos, numa altura crucial para o nosso País.
Em democracia todas as eleições são importantes.
No entanto, a grave situação em que o País se encontra faz com que as eleições de amanhã sejam particularmente decisivas.
O momento que vivemos é de grande exigência e responsabilidade para todos.
Os Portugueses sabem que o seu País está mergulhado numa profunda crise económica e social.
Como é do conhecimento de todos, e ninguém pode negar esta realidade, foi mesmo necessário pedir ajuda financeira externa para que Portugal pudesse cumprir as suas obrigações para com os credores e para assegurar o financiamento da nossa economia.
Na sequência da avaliação da situação portuguesa feita por uma missão internacional tripartida e dos compromissos assumidos por Portugal, a União Europeia aprovou a concessão de um empréstimo de 78 mil milhões de Euros pelo prazo de sete anos e meio.
O Governo que resultar das eleições de amanhã terá a responsabilidade de honrar os compromissos assumidos, que são de uma grande exigência.
A acção do novo Governo, ao contrário do que por vezes se diz, não vai estar limitada ao cumprimento do memorando de entendimento que foi acordado com as instituições internacionais.
O novo Governo terá muito mais para decidir e fazer, de modo a garantir a justiça social, o crescimento da economia e o combate ao desemprego.
Como os Portugueses se recordam, foi precisamente pela impossibilidade de gerar uma solução governativa com condições para resolver os graves problemas do País que a Assembleia da República foi dissolvida.
Devolveu-se a palavra ao povo, e é ao povo que cabe manifestar a sua vontade soberana, para que se encontrem as soluções de governo necessárias nas alturas decisivas.
É por tudo isto que apelo a todos os Portugueses para que amanhã não deixem de votar.
Neste tempo de grandes dificuldades, cada um de nós tem o dever de escolher, em consciência, o caminho que quer para Portugal.
O facto de as eleições terem lugar num tempo de sacrifícios e de grandes interrogações quanto ao futuro é uma razão acrescida para que cada um manifeste a sua vontade e diga quem deve assumir a responsabilidade de governar.
Em democracia, a decisão do povo é soberana.
Seria incompreensível que, no momento crítico que o País atravessa, os cidadãos se abstivessem de votar e deixassem aos outros uma escolha que é essencial para todos.
Também fora do nosso País não seria compreendido que, nesta hora difícil, os Portugueses se demitissem do seu próprio futuro.
Se abdicarem de votar, não têm depois autoridade para criticar as políticas públicas. Só quem vota poderá legitimamente exigir o melhor do próximo governo.
Abster-se é fugir no tempo decisivo das grandes responsabilidades.
Abster-se é não querer dar o seu contributo para um País melhor.
Os jovens, que manifestam algum desinteresse pela vida política, devem encarar o resultado destas eleições como decisivo para o seu futuro.
As novas gerações devem fazer ouvir a sua voz nas eleições de amanhã.
Os milhares de portugueses que estão desempregados devem ver as eleições de amanhã como uma possibilidade de escolherem um caminho para o País que lhes traga a esperança de dias melhores. Não devem deixar de votar.
Neste dia de reflexão que antecede o acto eleitoral, reitero junto dos Portugueses o meu apelo para que amanhã vão votar.
O nosso voto, o voto de cada um de nós, é um passo decisivo na direcção de um futuro melhor para Portugal.
Boa noite.