Discurso do Presidente da República na Cerimónia de Entrega do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa
Lisboa, 8 de Junho de 2010

Senhor Presidente do Júri do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa,
Senhor Presidente da Direcção da COTEC,
Caros nomeados do Prémio Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa,
Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Quero, antes de mais, dar as boas-vindas a todos os que viajaram dos quatro cantos do mundo para hoje estarem aqui reunidos neste segundo Encontro «Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa».

Saúdo todos os nomeados, felicitando, em especial, os vencedores deste Prémio. O País reconhece o vosso exemplo inspirador, que é também motivo de orgulho para todos.

A vasta participação neste segundo Encontro da Diáspora, assim como o número crescente de candidaturas apresentadas ao Prémio, são sinais encorajadores do fortalecimento das relações de Portugal com as comunidades portuguesas dispersas pelo Mundo. Felicito a Direcção e a equipa da COTEC pela qualidade da organização do Encontro e pelo dinamismo atingido em torno deste Prémio.

Logo na primeira mensagem que, como Presidente da República, dirigi aos Portugueses residentes no estrangeiro, sublinhei a importância de Portugal conhecer melhor o talento e o prestígio dos nossos compatriotas e dos luso-descendentes nas sociedades onde se encontram integrados, e de aproveitar o seu saber, experiência e capacidade de contacto.

Comprometi-me, então, a tudo fazer para apoiar uma maior aproximação entre Portugal e as comunidades portuguesas no exterior. Ao longo do meu mandato, com esse compromisso em mente, tenho estado em muitas ocasiões com os nossos compatriotas, em diferentes partes do Mundo e tenho constatado que todos persistem em manter vivos os laços que os unem a Portugal.

O aprofundamento desses laços é uma tarefa que sempre considerei ser fundamental. Esta minha convicção torna-se ainda mais forte perante os enormes desafios que Portugal enfrenta, com destaque para a recuperação económica e a criação de emprego. E é exactamente para contribuírem para vencer o desafio da transformação da economia portuguesa que quero convocar-vos enquanto Portugueses e enquanto empresários de sucesso.

Como tenho repetidamente sublinhado, o País só poderá atingir uma recuperação económica sustentável com uma sólida e profunda aposta no reforço dos factores de competitividade e na conquista de novos mercados.

E é precisamente aqui que o contributo da diáspora, o vosso contributo, poderá ser decisivo. Se há exemplo que os nossos compatriotas nos têm dado é de que não existem fatalidades irreversíveis. É sempre possível mudar o rumo das nossas vidas. À custa de trabalho, de criatividade, da capacidade de correr riscos.

Importa tomar consciência do potencial de dinamização que constitui a nossa diáspora.

Num mundo globalizado, graças à facilidade de comunicação e à rapidez de transferência de informação e conhecimento, os Portugueses, onde quer que estejam, estão mais próximos entre si e mais próximos do seu país. Se, no passado, muitos partiram sem sequer saber se teriam a possibilidade de regressar, hoje as distâncias encurtaram-se extraordinariamente e, graças à inovação tecnológica nas comunicações, já não são as distâncias físicas que nos separam.

O vosso sucesso, como empresários e empreendedores, é actualmente uma mais-valia que Portugal não pode desperdiçar.

Por três razões.

Primeiro, porque conhecem simultaneamente duas realidades socioculturais, a do vosso país natal e a do país de acolhimento, podendo criar ligações de contacto extremamente frutuosas.

Em segundo lugar, porque conhecem bem os mercados em que operam, factor que poderá ser de extrema utilidade para o tecido económico nacional envolvido em actividades de exportação.

E, finalmente, porque são depositários de uma relação pessoal e muito próxima com os milhões de luso-descendentes.

Ao reconhecer a existência de uma comunidade empresarial de sucesso na diáspora, os empresários nacionais poderão aí encontrar parceiros de confiança, profundos conhecedores das realidades dos novos mercados-alvo que ambicionam conquistar.

Igualmente, os empresários das comunidades no exterior poderão encontrar nos empresários nacionais os parceiros adequados para investimentos e negócios rentáveis que contribuam para o desenvolvimento económico do País.

De Norte a Sul do País, tenho encontrado comunidades capazes de dar um contributo decisivo para a recuperação económica e para a criação de emprego através do fortalecimento da capacidade produtiva local, da valorização de recursos próprios, da difusão de uma cultura de inovação e do empreendedorismo jovem.

Estou certo de que, ao nível das autarquias, há hoje maior facilidade e receptividade ao investimento dos empresários da diáspora. Conheço de perto experiências bem sucedidas de cooperação económica de autarquias com representantes de comunidades portuguesas, as quais interessa ver multiplicadas.


Minhas Senhoras e meus Senhores,

Afirmei, por ocasião das primeiras comemorações do dia 10 Junho no meu mandato, que a comemoração do Dia de Portugal como um verdadeiro Dia da Diáspora portuguesa seria substancialmente reforçada no seu simbolismo se envolvesse activamente as comunidades portuguesas e as organizações que as representam.

Este Encontro de empresários e empreendedores, bem como o Prémio que tive o gosto de entregar pelo terceiro ano, são uma prova do progresso que conseguimos realizar.

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portugueses comemora-se, este ano, em Faro. Quero recordar que, segundo as crónicas, foi no Algarve que se fixou há quinhentos anos o Príncipe Henrique, o Navegador.

A partir de Sagres, segundo se diz, foi lançada a epopeia dos Descobrimentos. Sem medos, sem temores. Ou, melhor, sabendo dominar os medos e os temores.

À semelhança dos navegadores de outrora, temos de ser capazes de ousar ultrapassar as barreiras mentais que nos atemorizam perante o risco e a incerteza. A propensão para manter o estado das coisas, para evitar a todo o custo qualquer mudança que implique risco e a reserva com que muitas vezes se encara a inovação são dos maiores obstáculos à tão necessária transformação do nosso País.

As histórias dos portugueses na diáspora, as histórias das vossas vidas, têm como traço comum a vitória sobre circunstâncias adversas. Sabeis, como poucos, que o medo e a confiança não podem viver em simultâneo no coração dos homens. Ao escolherem viver pela confiança, em vós mesmos e nas vossas capacidades, servis de exemplo e de inspiração a todos os Portugueses.

A aventura contemporânea de Portugal está aberta a todos. Todos, sem excepção, serão necessários para percorrer os caminhos que nos levem de regresso ao crescimento económico sustentável.

Agradeço a vossa presença. Estou certo de que ela é um sinal de esperança no futuro de Portugal. Em nome da mudança, em nome da confiança, desejo os maiores sucessos a todos os presentes.

Obrigado.