Sr. Presidente da Sociedade Estoril-Sol
Sr. Presidente da Câmara de Cascais
Escritora Agustina Bessa Luís
Escritora Maria Velho da Costa
Digno laureado
Senhoras e Senhores
É para mim um motivo de grande satisfação estar aqui hoje, para entregar o prémio Fernando Namora, atribuído por unanimidade ao escritor Miguel Real pelo seu romance A voz da terra.
Satisfação, antes de mais, por ver reconhecido o mérito de alguém que se tem distinguido pela qualidade do seu trabalho e da sua arte.
Satisfação, igualmente, por ver uma entidade como o Casino Estoril empenhada em estimular e em promover a actividade literária e artística, acrescentando à sua dimensão empresarial uma função de relevo no domínio da cultura.
O livro de Miguel Real foi escolhido, de entre os publicados em Portugal em 2005, pela sua «qualidade literária» e pela reconstituição que faz de um período marcante da nossa história.
De acordo com a opinião unânime do júri presidido por Agustina Bessa Luís, A voz da terra sobressai pela «excepcional construção narrativa de alguns factos históricos, designadamente o Terramoto de 1755», sem esquecer «as relações entre Portugal e o Brasil», e bem assim «a complexidade das vivências e conflitos no interior das diversas comunidades étnicas da Lisboa do século XVIII".
Estamos perante um verdadeiro retrato da nossa memória colectiva, em que nos é dado imaginar o ambiente social, político e intelectual que se vivia na altura em que ocorreu a tragédia que foi o Terramoto.
250 anos depois, este romance recorda, não apenas o abalo sísmico que sacudiu Lisboa e outras povoações, mas sobretudo o abalo provocado pelas novas ideias que, por essa altura, confrontaram o País com o desafio da modernidade.
Felicito o autor pelo reconhecimento público da sua obra e por este galardão, que vem juntar-se ao prémio Círculo de Leitores, já anteriormente atribuído a um outro seu livro.
Apraz-me, além disso, registar o apreço com que os seus romances de fundo histórico têm vindo a ser acolhidos, provando assim o interesse que o passado comum continua a suscitar, sempre que é reconstituído de uma forma sugestiva, como acontece na ficção de Miguel Real.
A memória daquilo que fomos enquanto povo é o melhor alicerce sobre o qual poderemos projectar e construir o futuro.
Quero igualmente felicitar o Casino Estoril pela actividade que vem desenvolvendo na área da Cultura e da qual o Prémio Fernando Namora é um bom exemplo.
A lista dos autores e obras contemplados nas dez edições que leva já a atribuição deste prémio, assim como as múltiplas actividades artísticas que regularmente aqui têm lugar, são a prova do muito que os cidadãos e as empresas podem e devem fazer nesta área.
Oxalá o exemplo continue a frutificar em novas iniciativas do Casino Estoril e, se possível, a ser seguido por outras entidades.