Senhor Presidente da Câmara Municipal
Senhor Presidente do Conselho de Administração do Crédito Agrícola
Senhor Presidente da Direcção da Caixa de Crédito Agrícola de Arruda dos Vinhos
Senhor Presidente da Assembleia-Geral da Caixa de Crédito Agrícola de Arruda dos Vinhos
Arruda dos Vinhos é um dos concelhos mais antigos do país. Esta é uma região duplamente afortunada: está tão perto de Lisboa e tão longe do bulício da capital. Beneficia da proximidade de um grande centro, mas continua a ser a terra dos moinhos de vento, a terra que preserva o ambiente e a sua história. E a beleza dos montes e vales da Estremadura.
O motivo que me trouxe hoje a Arruda dos Vinhos foi o de me querer associar a uma obra comum a que alguns homens cheios de boa vontade deram origem. Uma obra longa, que já vai nos cinquenta anos e que continuará jovem, renovando-se todos os anos.
Cumpre-me felicitar os titulares dos órgãos dirigentes da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Arruda dos Vinhos, os seus funcionários e, evidentemente, as muitas centenas de associados que justificam a existência e o trabalho desta instituição.
E, sobretudo, felicitar aqueles que, há cinquenta anos, resolveram associar-se para criar uma instituição nova. Uma instituição que unindo esforços de muitos permitiu o progresso e o desenvolvimento da agricultura local.
Esta capacidade de unir esforços para resolver problemas é própria desta terra, a terra de um médico que imortalizou a figura do João Semana. O médico que abandona de noite o conforto do lar para responder à chamada do dever, que caminha por montes e vales para acudir ao necessitado.
Os fundadores da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo também foram capazes de responder à chamada do dever e de dar algo de seu pelo desenvolvimento da terra. Os seus nomes foram gravados numa placa que há pouco tive o prazer de descerrar porque merecem ser recordados.
Saúdo em particular o fundador que se encontra entre nós, o Senhor Asdrúbal Duarte Cunha. O seu exemplo suscita o reconhecimento de todos. Saúdo igualmente a primeira funcionária da Caixa, a Senhora Dona Maria Manuela Neves, que também nos dá o prazer de estar presente.
Estou informado da solidez da Vossa Caixa e dos seus resultados. Sei que tem sido gerida com prudência e boas práticas, e que tem atravessado, com tranquilidade e com sucesso, o período perturbado que abalou todo o sistema financeiro.
Tenho, desde há muito, um particular afecto pelo Crédito Agrícola Mútuo. Reconheço a importância da sua contribuição para o desenvolvimento da nossa economia, em especial das zonas rurais; aprecio a sua organização e desempenho e sobretudo as relações de proximidade que tem desenvolvido com as comunidades locais.
A já longa história do Crédito Agrícola Mútuo, regista, como é natural, períodos de expansão, entrecortados com outros de estagnação e de dificuldade.
O que é importante é que o Crédito Agrícola chegou aos nossos dias com pujança, com objectivos de futuro e com resultados de que se podem orgulhar os seus dirigentes e associados.
Apesar da sua notável evolução, as Caixas de Credito Agrícola alargaram a sua actividade mas não se afastaram quer da sua missão original de apoio à agricultura, onde maioritariamente recrutam os seus associados, quer das áreas essencialmente rurais, onde se situa a maioria dos seus balcões.
Sublinho que, em 250 das nossas povoações, o único estabelecimento bancário aí existente pertence ao Crédito Agrícola.
A agricultura e as zonas rurais bem precisam do apoio do Crédito Agrícola.
À semelhança do que se passa em outras regiões do nosso país, também aqui, em Arruda dos Vinhos, a agricultura vive momentos difíceis, decorrentes de uma acumulação de circunstâncias, algumas históricas e outras recentes, que importa enfrentar com determinação, com rigor e com a solidariedade do país e da União Europeia.
Iniciou-se agora um debate europeu que conduzirá a mais um processo de reforma da Política Agrícola Comum e de Desenvolvimento Rural da União, a ter lugar após 2013.
É essencial que Portugal se mobilize para participar neste debate, de modo a defender com eficácia os interesses nacionais e os das suas zonas rurais, cujo desenvolvimento julgo essencial como objectivo indispensável à nossa coesão nacional.
Para terminar, meus caros amigos, quero desejar à Caixa de Credito Agrícola, aos seus dirigentes e associados, as maiores felicidades para o futuro e que possam festejar mais aniversários por muitos e muitos anos. A vossa já longa história é uma das melhores garantias para o vosso futuro.
Em Arruda dos Vinhos, na terra de Irene Lisboa, recordo uma pedagoga de mérito e escritora injustamente esquecida. Na sua obra distinguiu-se por uma linguagem directa e sincera e pelo amor às coisas simples que dão sentido à vida. A mais humana dos nossos escritores, lhe chamou João Gaspar Simões.
Um dos deliciosos livros de Irene Lisboa para leitores infantis tinha como título: “Uma Mão Cheia de Nada, Outra de Coisa Nenhuma”. Permitam-me que vos diga: quem vem a Arruda dos Vinhos sai de cá com as duas mãos cheias de tanta coisa. Cheias de exemplos de dedicação à sua terra e de exemplos de dedicação ao bem público.
Exemplos prestados por autarcas, por cidadãos, por pequenos produtores agrícolas, por empresas e ainda por instituições como a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo. Coisas simples, talvez, mas aquelas que maior valor têm.
Muito obrigado.