Senhor Presidente da Direcção da COTEC,
Senhor Secretário de Estado da Energia e Inovação,
Senhor Director-Geral da COTEC,
Senhor Presidente da Comissão de Acompanhamento da Rede PME Inovação,
Senhor Presidente da Comissão Executiva do BPI,
Senhores Empresários e Gestores,
Senhoras e Senhores,
Novamente me associo ao Encontro Cotec PME Inovação, este ano dedicado aos temas das redes de inovação empresarial e da gestão colaborativa da inovação.
Saúdo todos os empresários e gestores aqui presentes. A vossa participação neste Encontro é um sinal de empenhamento numa área fulcral para o nosso futuro colectivo.
Vivemos, ainda, os efeitos de uma crise financeira e económica que acentuou ainda mais as tendências negativas da economia portuguesa e as dificuldades de muitas das nossas empresas, com especial incidência nas de menor dimensão.
É bem sabido que, numa economia como a nossa, só pelo reforço da capacidade exportadora das empresas poderemos atingir níveis de crescimento económico compatíveis com as expectativas de melhoria de qualidade de vida e de participação social dos nossos cidadãos.
Ao longo dos últimos anos, temos assistido a um enfraquecimento do nível de investimento orientado para a produção de bens e serviços que concorrem com a produção internacional e a uma preocupante perda de competitividade em vários sectores produtivos, com reflexos bem visíveis na erosão da capacidade exportadora e na perda de quotas de mercado.
É urgente e vital encontrar um novo caminho para o aumento da produtividade e para o reforço da competitividade da nossa economia.
Não vejo melhor alternativa para ultrapassarmos a baixa produtividade do que aquela que assenta na utilização de uma maior intensidade de conhecimento e na aposta permanente na inovação.
Precisamos, por isso, de acelerar o passo da mudança e da modernização do nosso tecido produtivo, dotando-o de mais empresas inovadoras e de empresas tecnologicamente mais avançadas.
Só por via da conquista de uma maior competitividade relativamente aos nossos concorrentes poderemos mitigar os constrangimentos estruturais da economia portuguesa, que a presente crise veio agudizar, nomeadamente ao nível do défice das contas públicas, do desequilíbrio das contas externas e do endividamento ao exterior.
As debilidades das nossas relações comerciais só poderão ser atenuadas se as empresas melhorarem a sua capacidade concorrencial face à produção estrangeira. Esta é a verdadeira medida de competitividade económica e o espelho da própria eficiência dos investimentos nos sistemas de inovação.
É durante a fase recessiva de um ciclo económico que mais claramente emergem as necessidades e os desafios aos quais a inovação pode responder. Surge aí um estímulo para a concretização de novas ideias, que irão florescer na fase pós-recessão.
A questão que deveremos colocar é, pois, a seguinte: estarão as nossas empresas, sobretudo as de mais pequena dimensão, devidamente preparadas para corresponder a esse estímulo?
Compreendo que muitos dos nossos empresários e gestores pensem que um clima económico desfavorável não é o melhor momento para acolher investimentos em inovação.
Mas, se há lição que podemos retirar do passado, é a de que os ciclos económicos funcionam como motores que potenciam a capacidade de reinvenção das economias. Em períodos de crise, nem por isso escasseiam as oportunidades, e as empresas que saibam aproveitá-las são as que mais podem vir a beneficiar.
Importa olhar para além da presente crise e saber ultrapassar os naturais sentimentos de receio com confiança em nós próprios, nos nossos méritos e nas nossas capacidades.
Senhores Empresários e Gestores,
Renovo o apelo, que há três anos lancei, para que os associados da COTEC liderem, nas suas empresas, o aprofundamento de uma cultura que ajude a mobilizar os Portugueses para a mudança.
Uma cultura de fazer melhor e fazer diferente, uma cultura que busque o mérito e a excelência.
Uma cultura que seja fruto de uma atitude de quem não perde tempo com queixumes nem lamentos, de quem não vive na dependência de subsídios nem na subserviência ao poder político.
Esta é a cultura que torna possível a inovação de sucesso e que já vem sendo patente em muitas das nossas empresas.
É a essas empresas, maioritariamente de pequena e média dimensão, e aos seus líderes, que dirijo uma palavra de reconhecimento e de incentivo pelo esforço que têm vindo a desenvolver para resistirem aos efeitos da crise e à tentação do imobilismo.
Tenho visitado algumas destas empresas e sei que, não obstante a limitação de recursos, os constrangimentos de financiamento e a retracção da procura externa, têm sido capazes de gerar factores de distinção e oportunidades de crescimento, afirmando-se no plano internacional e, mesmo, no mercado global.
Numa economia cada vez mais baseada no conhecimento, a dimensão das empresas, tal como a dos países, não é, em si mesma, determinante. São-no, isso sim, a abertura à inovação e ao mundo, a vontade de empreender, a capacidade de integrar conhecimento e de o traduzir em novos negócios ou em novos métodos de trabalho.
Há um ponto que quero enfatizar. Será das médias e pequenas empresas e das comunidades locais que virá o suplemento que Portugal precisa para regressar a uma trajectória de desenvolvimento económico e social sustentável.
Daí a razão do Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras, que lancei recentemente com o objectivo de promover uma frente activa de recuperação económica, através do incentivo ao fortalecimento da base produtiva dos municípios e da capacidade competitiva das pequenas e médias empresas para actuarem nos mercados externos. Na definição e execução da política económica, nunca devemos perder de vista que 94 por cento das empresas portuguesas têm menos de vinte trabalhadores.
A empresa “We Do”, hoje distinguida através do Prémio PME Inovação, dá-nos um bom exemplo de uma cultura que importa disseminar. Da sua actividade tem resultado emprego qualificado, forte incorporação tecnológica, competitividade e crescimento sustentado em mercados globais de intensa concorrência.
Esta empresa possui ainda o enorme mérito de ter mobilizado os recursos e os talentos necessários para atingir, em apenas uma década, o reconhecimento internacional. Por tudo isto, os meus sinceros parabéns.
Senhores Empresários e Gestores,
Num mundo fortemente concorrencial, mas que é, em simultâneo, um mundo de acrescidas complementaridades e interdependências, tornam-se imperativos a cultura de inovação, a cooperação e a partilha de informação entre os empresários e o desenvolvimento de parcerias e de redes de contacto, tanto à escala nacional como à escala internacional.
A actividade da COTEC, cuja direcção felicito, inscreve-se, cada vez mais, nessa realidade.
Saúdo o crescimento continuado da Rede PME Inovação da COTEC. Mas a economia portuguesa precisa ainda de muitas mais empresas verdadeiramente inovadoras. Quero sublinhar, por isso, a importância do programa da COTEC que visa sensibilizar mais de quinhentas empresas de pequena e média dimensão para a aplicação de instrumentos de gestão interna da inovação.
A este propósito, quero relembrar a oportunidade que representa, para o nosso país e para as nossas empresas, a participação no Espaço Europeu de Conhecimento e Inovação.
A COTEC poderá desempenhar, também neste domínio, um papel decisivo, facilitando o acesso das empresas nacionais aos instrumentos disponíveis para fomento das transferências de tecnologia e conhecimento.
Trata-se, de facto, de uma oportunidade do maior interesse para que a economia portuguesa se aproxime da primeira linha da dinâmica de inovação europeia.
A COTEC sabe que pode continuar a contar com todo o meu apoio no desenvolvimento da sua missão.
A todos os presentes, muito obrigado.