Majestade,
Senhor Presidente do Governo de Espanha,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhores Ministros,
Senhoras e Senhores,
É com particular satisfação que acolhemos, em Braga, Sua Majestade o Rei D. Juan Carlos e o Presidente do Governo de Espanha na inauguração do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, sem dúvida, um momento alto de cooperação entre Portugal e Espanha.
O caminho percorrido pelos dois países, nos últimos 25 anos, em matéria de diálogo, concertação de posições e defesa de interesses comuns é verdadeiramente notável. Não só na intensidade dos contactos políticos e económicos, na dinâmica das trocas comerciais e da circulação de pessoas, mas também no fortalecimento dos laços culturais e científicos.
Há muito que portugueses e espanhóis sabem que o conhecimento não tem fronteiras, que o conhecimento circula porque os homens têm a necessidade e o desejo de avançar sempre mais nas suas investigações e nas suas descobertas.
Portugal, ao longo da História, mostrou que os caminhos da descoberta ignoram barreiras físicas e limites fronteiriços.
Se o passado nos ensinou a vantagem de estabelecer laços de cooperação com os outros países no caminho do progresso e do desenvolvimento científico, o presente mostra-nos que o mundo é global, não apenas em termos comerciais ou financeiros, mas também, e acima de tudo, quanto à universalização do conhecimento.
Para enfrentar os desafios da sociedade contemporânea e da economia global, é essencial que dois países tão próximos como Espanha e Portugal criem redes transfronteiriças de conhecimento.
Este projecto que temos pela frente é um dos exemplos mais expressivos e louváveis da cooperação científica luso-espanhola. A criação de um Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia permitirá que nos posicionemos estrategicamente na vanguarda de um dos sectores de investigação de ponta a nível mundial.
A oportunidade e o mérito desta iniciativa conjunta dos dois Governos são inquestionáveis.
Por um lado, a vastíssima gama de potenciais aplicações da nanotecnologia faz dela uma das mais promissoras áreas da ciência aplicada.
Por outro lado, o alto nível de excelência e as exigências de massa crítica que se colocam numa área de investigação tão avançada como a das nanotecnologias fazem com que o benefício da acção conjunta dos dois países seja potencialmente elevado.
Estou certo de que a presente parceria pode proporcionar, num futuro próximo, não só um aumento significativo de competências e realizações no âmbito das nanociências e das nanotecnologias, mas também um maior envolvimento da sociedade em geral e da comunidade empresarial em particular, em programas de cooperação que visem debater, potenciar e regular as implicações de natureza social, ética, ambiental e económica que lhes estão associadas.
Em várias ocasiões, tenho expressado a minha convicção de que, num mundo globalizado e perante um projecto de integração tão exigente quanto a União Europeia, os nossos dois países só têm a ganhar se explorarem as sinergias que resultam de projectos comuns. Este Laboratório é um bom exemplo.
Majestade,
Senhoras e Senhores,
Abre-se hoje um caminho que teremos de caminhar, para usar palavras do poeta espanhol Antonio Machado. Um caminho que iremos trilhar em conjunto.
É algo que nos espanta e maravilha pensarmos que um caminho tão grande e tão promissor se inicia com uma assinatura infinitamente minúscula, inscrita numa placa de 2 centímetros, colocada numa rocha de xisto com mais de 500 milhões de anos, extraída das pedreiras de Vila Nova de Foz Côa. Os nossos olhos, obviamente, não conseguem ler a assinatura gravada nessa placa, mas estou certo de que, todos iremos trabalhar para que, muito em breve, se comecem a ver os resultados deste projecto comum.
A todos os que acompanharam e estão envolvidos nesta iniciativa, o meu mais profundo agradecimento.