É com uma particular emoção que eu, a minha Mulher e a Comitiva que nos acompanha estamos hoje aqui, em Osnabrück, entre compatriotas, com a Comunidade Portuguesa residente na Alemanha.
Permitam-me que comece por destacar a presença, entre nós, do Presidente do Parlamento Europeu, o meu amigo Hans-Gert Pöttering, a quem devo as primeiras sugestões para que visitasse esta cidade. Tinha ele toda a razão, porque os momentos que aqui vivemos jamais os esqueceremos.
Momentos para os quais ele próprio muito contribuiu, mas que ficamos igualmente a dever à magnífica hospitalidade com que fomos recebidos pelo Senhor Burgomestre e pelas autoridades de Osnabrück.
Aproveito a oportunidade para, de forma pública, agradecer a todos. O tratamento que quiseram dar ao Chefe de Estado de Portugal reflecte bem o apreço e a admiração que têm pelos portugueses residentes na Alemanha e, por isso, ao agradecer-lhes, é também a vós, aos Portugueses da Alemanha, que agradeço.
Tenho querido celebrar os aniversários da minha tomada de posse como Presidente da República Portuguesa na companhia dos portugueses residentes no estrangeiro. Foi assim, nos dois primeiros anos, no Luxemburgo e no Brasil. Este ano, ainda que com três dias de antecipação, quis celebrar o terceiro aniversário com os portugueses da Alemanha.
Pretendo, com este gesto, assinalar o respeito e a admiração que me merecem os portugueses e os luso-descendentes que vivem no exterior.
Pretendo, ainda, sublinhar perante todos os nossos compatriotas a importância do contributo dos portugueses que vivem no estrangeiro para aquilo que nos define como Povo. Portugal somos todos nós que o amamos e que lhe damos o melhor de que somos capazes. E é difícil encontrar melhores exemplos de amor à nossa Pátria e de dedicação ao nosso País do que entre os portugueses que vivem e trabalham além-fronteiras.
Nas minhas deslocações ao estrangeiro, tenho tido a oportunidade de constatar como as Comunidades Portuguesas se encontram plenamente integradas nas respectivas sociedades de acolhimento. A Comunidade Portuguesa residente na Alemanha não é excepção e constitui um exemplo para todos.
Neste grande país que é a Alemanha, tal como aliás por todo o mundo, encontramos inúmeros casos de sucesso, de portugueses que aqui se afirmam e se destacam nos mais variados domínios, desde a vida empresarial ao mundo académico, da vida cultural à investigação científica, da participação cívica ao exercício de profissões liberais. Estes casos de sucesso constituem um estímulo e um motivo de orgulho para todos os portugueses.
O sucesso da integração social depende também, em boa medida, do grau de participação na vida cívica dos países de residência. Quero, pois, deixar uma palavra de incentivo ao aprofundamento do envolvimento de todos vós nas sociedades que vos acolheram. Esse envolvimento contribuirá não só para uma melhor integração, mas também para a melhor defesa dos interesses das comunidades portuguesas.
Caros Concidadãos,
O mundo vive hoje uma crise económica e financeira que a todos atinge, incluindo o nosso País. Estou ciente de que esta crise também afecta alguns portugueses e luso-descendentes que residem na Alemanha. A todos quero deixar um testemunho de solidariedade. Quero que saibam que acompanho de muito perto esta situação e que farei tudo o que estiver ao meu alcance para minorar os seus efeitos.
Nos encontros que mantive nesta minha Visita de Estado à Alemanha, ouvi, dos meus interlocutores, inúmeras palavras de apreço e consideração pela Comunidade Portuguesa aqui residente. E constatei, também, o empenho e a determinação das autoridades alemãs em vencer as dificuldades que aqui se vivem.
Quero, por isso, deixar-vos uma palavra de esperança, incentivar-vos a que não se resignem à adversidade do momento. Estou certo de que, através do empenho e da solidariedade de todos, saberemos ultrapassar este momento difícil e encontrar soluções que garantam o bem-estar e a prosperidade económica e social que todos desejamos.
Caros Concidadãos,
Quero, hoje de novo, apelar ao que tenho designado por “espírito de portugalidade”, esse espírito que nos une e que nos acompanha, para lá das fronteiras do nosso país, até ao mais recôndito lugar onde resida um português. Esse espírito que se mantém vivo na nossa língua e na nossa cultura.
Peço, por isso, que não percam jamais essa ligação à vossa terra de origem, à terra dos vossos pais e avós, e que continuem a cultivar o uso da língua de Camões e a rever-se nas realizações da cultura portuguesa, de que todos nos orgulhamos.
Portugal tem que se empenhar na promoção do ensino da língua portuguesa no estrangeiro. Este é um imperativo para com as nossas Comunidades, mas é também fundamental para a valorização do estatuto da Língua Portuguesa no mundo, para a valorização e projecção internacional do nosso País.
A língua portuguesa é falada por mais de 200 milhões de cidadãos espalhados pelos cinco cantos do Mundo. É a terceira língua europeia mais falada no mundo. Entendemos que é tempo de ver reconhecida a sua importância e o seu valor como língua mundial. Este objectivo de promoção internacional da Língua Portuguesa, que une Portugal aos outros países de expressão oficial portuguesa, não pode ser unicamente um esforço de Estados, exige o apoio e a acção de todos nós. Conto, pois, convosco para a concretização desta legitima aspiração de ver a Língua Portuguesa consagrada como uma Língua verdadeiramente Mundial. Usem-na, sempre que puderem, e estimulem outros a fazê-lo.
Caros Concidadãos,
Portugal necessita, hoje mais do que nunca, da ajuda da sua Diáspora. Contamos com a vossa acção para projectar o nosso País, com a colaboração de todos para que possamos aumentar as exportações de produtos e serviços portugueses, para promover a nossa terra como um destino turístico de excelência.
Contamos, ainda, com o investimento de todos quanto se sintam capazes de o fazer. É bem sabido que o contributo dos nossos emigrantes sempre foi muito importante para a vida económica portuguesa. Neste momento difícil, ele assume uma importância determinante. O futuro de Portugal a todos nós diz respeito e sei que Portugal pode contar convosco.
Mas não nos iludamos: um Portugal que se sente legitimado para pedir o apoio dos portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro tem que estar à altura de responder às necessidades desses mesmos portugueses e de tudo fazer para promover a sua ligação ao seu País.
É meu firme propósito continuar a fazer o que estiver ao meu alcance para que os portugueses residentes no estrangeiro e os luso-descendentes possam aumentar a sua participação cívica e política e reforçar os laços que os unem a Portugal.
Peço a todos vós que continuem a promover Portugal, a nossa língua e a nossa cultura, apoiando a projecção internacional do nosso país e contribuindo para o seu crescimento e prosperidade. A todos vós peço que não esqueçam nunca Portugal, a nossa terra, a vossa terra, essa terra onde tudo começou.
Muito obrigado.