Senhor Vice Ministro da Economia da República Federal da Alemanha,
Senhores Ministros e Membros do Governo,
Senhores Membros do Parlamento,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Gostaria de começar por agradecer a presença do Senhor Vice Ministro da Economia da Alemanha. Trata-se de um gesto que reflecte a importância que as autoridades alemãs atribuem às actividades empresariais associadas a esta minha Visita de Estado.
Quero felicitar a DIHK (Deutscher Industrie und Handelskammertag) e a AICEP pela organização deste Seminário.
Saúdo e agradeço, igualmente, a presença dos representantes das Associações Empresariais, da Câmara de Comércio Luso-Alemã e de todos as empresas participantes.
Vivemos uma crise global, com efeitos sobre o sistema financeiro, a actividade económica e o próprio tecido social, cuja extensão não é clara e cujas consequências plenas são, ainda, imprevisíveis.
Face à crise, os decisores políticos e os agentes económicos enfrentam um desafio particularmente exigente: mitigar, no imediato, os seus efeitos, mas sem perder de vista a herança que daí irá emergir.
Apesar da sua origem localizada, esta crise dificilmente poderia deixar de assumir uma dimensão global.
Em primeiro lugar, porque teve o seu epicentro no sistema financeiro dos Estados Unidos da América, a maior economia do mundo e porque o sistema financeiro desempenha um papel vital no funcionamento das economias de mercado.
Em segundo lugar, porque ocorre na era da globalização, ou seja, numa era de reconhecida interdependência económica entre os Países.
A interdependência, que ajudou a potenciar os efeitos da crise a nível global, tem de ser percebida como parte da solução, e não como parte do problema.
As estratégias de recuperação e as reformas que será necessário introduzir no funcionamento dos mercados deverão rejeitar novas formas de proteccionismo, que a História ensinou trazerem consequências bem mais nefastas do que as crises originais.
Restringir, de forma explícita ou implícita, o grau de abertura das economias nacionais seria uma resposta tão contraproducente, em termos económicos, como perigosa, em termos políticos. Exige-se, por isso, que se assumam sem reservas as vantagens de uma resposta às actuais dificuldades baseada numa estreita coordenação de políticas e na concertação entre países.
Os Estados-membros da União Europeia encontram-se, nesta perspectiva, numa posição institucionalmente vantajosa. No entanto, as pressões a que a actual crise veio submeter os decisores políticos nacionais começam a dar origem a manifestações de nacionalismo económico e financeiro que pareceriam impensáveis, até há bem pouco tempo.
São manifestações a combater, porque perigosamente nefastas. Representam um risco para o funcionamento do Mercado Interno e, por essa via, para o futuro do modelo de integração e afirmação da Europa.
Os efeitos das ondas de choque da crise que abalou o sistema financeiro mundial continuam a fazer-se sentir nos mercados, pelo que uma das prioridades dos governos, e dos decisores em geral, deverá ser a de minimizar as consequências da escassez de crédito e restaurar a confiança nos mercados financeiros.
Mas não podemos, como já referi, dar-nos ao luxo de perder de vista os desafios e metas de médio prazo, dos quais destacaria não apenas a reformulação da arquitectura e governação do sistema financeiro internacional, mas, sobretudo, as questões do combate às desigualdades sociais e ao terrorismo, da criação de emprego e do crescimento sustentável. Se o não fizermos, estaremos a abrir a porta a novas crises, porventura de carácter ainda mais grave para a solidez e estabilidade das relações internacionais.
A Alemanha, que comemora o 20º ano da sua reunificação, tem sido um exemplo de superação de múltiplas dificuldades e tensões, pela perseverança do seu povo e pela clarividência de muitos dos seus dirigentes. O resultado é um país com uma economia forte, uma notável competitividade à escala global e uma equidade social digna de registo.
Um país que tem sabido manter-se na vanguarda da indústria transformadora mundial, com tecnologia inovadora e produtos de reconhecida qualidade, posicionando-se como motor da economia europeia e servindo de exemplo das vantagens de uma integração plena na economia mundial, nomeadamente através do seu sector exportador.
Nas relações comerciais entre os nossos dois países, a Alemanha ocupa o segundo lugar, quer como cliente, quer como fornecedor. Ainda mais importante, talvez, é constatar que, nos fluxos comerciais entre Portugal e a Alemanha, existe uma interessante concentração de produtos com média e alta intensidade tecnológica, verificando-se um gradual aumento da representatividade dos produtos de maior valor acrescentado nas exportações portuguesas com destino ao mercado alemão.
Uma pequena economia aberta como a portuguesa depende muito da ambição das suas empresas para produzirem bens e serviços transaccionáveis, de procura dinâmica, diferenciados e com capacidade de penetração qualificada, mas depende, também, da qualidade das parcerias que as empresas conseguem estabelecer. Devem ser parcerias que integrem sistemas produtivos de dimensão internacional, exigentes na incorporação de factores com elevada intensidade tecnológica, recursos qualificados, conhecimento e inovação. Neste particular, a Alemanha tem-se afirmado como um parceiro de excelência para a estrutura produtiva portuguesa.
A Alemanha regista, igualmente, uma posição internacional de relevo no domínio do investimento externo. No que diz respeito a Portugal, a Alemanha ocupa um papel importante, não apenas pelos montantes investidos (1º há quatro anos consecutivos), mas, sobretudo, pelos efeitos qualitativos dos seus investimentos na nossa estrutura produtiva. É um cenário que queremos consolidar e reforçar.
Portugal, como terá ficado bem patente nas apresentações e experiências já referidas neste Seminário, tem boas respostas para os investidores estrangeiros que o procurem. Ao nível técnico, na investigação e na utilização de novas tecnologias, no processamento de informação, na qualificação de recursos humanos jovens. A relação competitividade /preço na produção é, por outro lado, bastante atractiva.
Penso que ainda há espaço para ampliarmos o nosso relacionamento comercial e de investimento.
Nesse sentido, não posso deixar de sublinhar a oportunidade que este Seminário e os Encontros Empresariais representam, ao proporcionarem um aprofundamento dos contactos entre empresários e altos responsáveis portugueses e alemães. E, mais ainda, ao contribuírem para um melhor conhecimento do que se faz actualmente na Alemanha e em Portugal.
A comitiva que me acompanha é representativa, ao mais alto nível, de uma classe empresarial crescentemente orientada para a qualidade, a inovação e a internacionalização.
No que refere o sector do Turismo, a Alemanha é um mercado emissor muito relevante para Portugal, tanto ao nível dos fluxos turísticos, como em termos de investimento.
Os visitantes alemães sentem-se bem no nosso País. São os turistas alemães, os que mais percorrem o território nacional por motivos de simples fruição cultural ou paisagística.
Acompanham-me nesta Visita os dirigentes das principais empresas turísticas nacionais, assim como os responsáveis do Turismo de Portugal, e foi organizada uma pequena mostra da nossa oferta. Convido, a propósito, todos os presentes a visitarem o Centro Comercial Alexa - propriedade de um grupo português -, onde, a partir desta tarde terá lugar um programa de animação artística e cultural e serão promovidos produtos e serviços portugueses relacionados com o turismo.
O sector turístico português contará com uma participação importante na próxima Feira Internacional de Turismo, a maior do mundo, que se realiza, dentro de poucos dias, em Berlim.
Termino com uma palavra de confiança, fundada na expectativa de que os trabalhos deste Seminário tenham contribuído para que os empresários alemães e portugueses identifiquem novas áreas de cooperação e tirem partido das oportunidades de negócio ainda por explorar.
Muito obrigado.