Senhor Presidente da Câmara Municipal de Arganil
Senhora Presidente da Assembleia Municipal
Senhor Provedor da Santa Casa da Misericórdia
Senhor Secretário de Estado da Saúde
Acedi com o maior gosto ao convite formulado pela Mesa da Santa Casa da Misericórdia de Arganil para estar presente na inauguração do Hospital de Cuidados Continuados Dr. Fernando Valle.
Ao associar-me a este acto, pretendo, antes de mais, prestar público testemunho da acção desenvolvida pelas misericórdias em prol da comunidade.
Instituição secular, cuja história se confunde com a História de Portugal, as misericórdias constituem um exemplo particularmente ilustrativo do modo como as organizações da sociedade civil, actuando autonomamente ou em articulação com o Estado, contribuem para satisfazer as necessidades das populações.
O equipamento hospitalar hoje inaugurado irá ser inserido na Rede de Cuidados Continuados Integrados. É uma forma que me parece especialmente meritória de aproveitamento dos recursos que existem neste concelho e que assenta na articulação entre a Santa Casa da Misericórdia e as estruturas públicas do Serviço Nacional de Saúde.
Por meio desta salutar articulação, a Misericórdia e o Estado conseguem mais facilmente realizar aquilo que é o seu objectivo comum: promover o bem-estar dos Portugueses e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, em especial dos mais carenciados, daqueles com maiores necessidades de saúde, dos mais idosos em particular.
Tal como acontece noutras áreas, creio que desta interacção entre o público e o privado nascerão melhores frutos para a sociedade.
O país só tem a beneficiar com uma sociedade civil forte e dinâmica. A vitalidade da sociedade civil, de que este Hospital é um bom exemplo, acaba por ser, em última análise, um elemento de maior responsabilização para o Estado. Os poderes públicos sabem que podem contar com a sociedade civil. Mas, em contrapartida, quanto maior dinamismo revelar, mais a sociedade civil dispõe de legitimidade para reclamar o apoio do Estado. É justo ajudar aqueles que mais ajudam.
A partir de agora, Arganil dispõe de uma unidade hospitalar que vem colmatar uma importante lacuna, passando o concelho a estar dotado de um equipamento que preenche uma falha assistencial entre o hospital geral ou especializado, de grande ou média dimensão, e o apoio domiciliário.
Trata-se de prestar cuidados de saúde a cidadãos que, não exigindo internamento permanente ou prolongado, reclamam, ainda assim, uma atenção que não se compadece com o simples acompanhamento domiciliário. É o caso dos doentes que se encontram em fase de recuperação e necessitam ainda de tratamentos e supervisão clínica continuados.
Torna-se possível, deste modo, e para usar uma expressão conhecida, «promover a autonomia dos menos autónomos». Vai ser possível assegurar, de forma contínua e sustentada, melhores cuidados de saúde e uma maior qualidade de vida a pessoas idosas e a outros cidadãos em situação de dependência.
A criação de unidades descentralizadas para cuidados continuados responde, assim, aos desígnios de permitir a prestação desses cuidados em meio apropriado e de fazê-lo mais próximo do local da residência, das pessoas e do ambiente que é mais familiar aos doentes.
O nome escolhido para esta unidade hospitalar não poderia ser mais apropriado. Nascido no concelho de Arganil, Fernando Valle foi, ao longo de toda a sua vida, um exemplo de dedicação aos outros. Figura destacada da vida pública portuguesa, enquanto cidadão empenhado na luta por um Portugal mais livre, notabilizou-se também como um médico sempre disponível para os que dele precisavam, como um ser humano próximo do seu próximo.
Estou certo de que, da memória de Fernando Valle, este hospital não guardará apenas o nome. O seu exemplo de vida será sempre um estímulo e um modelo para todos os que aqui trabalharem.