Senhora Dra. Leonor Beleza, Presidente da Fundação Champalimaud,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhor Presidente do Júri, Prof. Alfred Sommer,
Senhora D. Luísa Champalimaud,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
É com muito gosto que, neste magnífico cenário do Claustro do Mosteiro dos Jerónimos, me associo à entrega do Prémio Champalimaud de Visão de 2008.
Quero, em primeiro lugar, felicitar os laureados, os cientistas Jeremy Nathans e King-Wai Yau, que partilham o Prémio pelo sucesso das suas investigações para o entendimento dos processos da fisiologia da visão.
Quero igualmente, saudar todos aqueles que, na Universidade Johns Hopkins, contribuíram para este resultado e são parte integrante do seu êxito.
Este Prémio, que é o maior galardão mundial no âmbito da oftalmologia e do combate à cegueira, será por certo um impulso determinante para o progresso da investigação científica que os premiados têm vindo a conduzir.
Saúdo, também, o Presidente e cada um dos membros do júri internacional, personalidades de merecido renome, a quem coube avaliar e seleccionar o avanço científico mais importante entre todos os que candidataram, decidindo qual o melhor entre os melhores.
Julgo ser de elementar justiça salientar que o prestígio, já consolidado, do Prémio Champalimaud de Visão não reside apenas no facto de se tratar do maior prémio pecuniário do Mundo na área da saúde.
Esse prestígio deve-se, em muito, à Presidente da Fundação, Dra. Leonor Beleza, que tem sabido, como seria de esperar, dar plena expressão à ambição e ao sonho do fundador.
Não seria possível, de resto, regozijarmo-nos com este brilhante êxito e as suas repercussões mundiais sem evocar a memória de António Champalimaud, fundador da instituição que atribui este Prémio.
Ao doar cerca de 500 milhões de euros à causa da luta contra a cegueira, o fundador deu um exemplo de responsabilidade social que é uma referência e uma honra para Portugal.
Este Prémio pretende ser uma marca de distinção que celebre a qualidade dos premiados e o contributo dos respectivos trabalhos para a melhoria da saúde mundial no campo da visão.
Em dois anos, a Fundação marcou já de forma notável o âmbito da sua intervenção.
No ano passado, o primeiro da atribuição do Prémio, distinguiu-se a obra do Sistema Aravind, cuja actuação tem um impacto social de relevância internacional.
Este ano são distinguidos trabalhos de investigação que trouxeram um melhor conhecimento sobre os mecanismos da visão e sobre as origens das doenças que a afectam.
São descobertas científicas que rasgam horizontes no campo da genética e do controlo de doenças degenerativas e hereditárias, contribuindo para eliminar ou atenuar factores importantes de desigualdade e dependência.
O combate às doenças congénitas não tem unicamente uma função de bem-estar individual. Tem também implícita uma ambiciosa dimensão social de justiça e de igualdade de oportunidades logo à nascença.
Os avanços científicos na área das ciências biomédicas, não só para o tratamento mas, sobretudo, para a prevenção das doenças, têm permitido uma consistente melhoria da qualidade de vida e uma crescente longevidade dos cidadãos.
A aposta na Ciência deve estar centrada na solução dos problemas reais das pessoas, como muito bem nos relembra a atribuição deste Prémio.
Não há Ciência sem cientistas. E não há bem-estar social sem o contributo da Ciência. Logo, um dos deveres cimeiros do Estado e da sociedade é o de valorizar o papel dos cientistas na abertura das novas vias do conhecimento.
Essa valorização é, aliás, uma forma de promover a cultura científica e de convocar as novas gerações para o sonho de descobrir, de inventar e de inovar.
As mulheres e os homens da Ciência, aqueles que enveredaram por uma vida de muito estudo e de sacrifícios diários para romper as fronteiras do conhecimento, são cruciais ao nosso futuro colectivo e merecem reconhecimento público.
Precisamos de fazer despontar novas e muitas vocações para as actividades de investigação e de desenvolvimento.
Este Prémio, com o mérito adicional de ser oriundo de uma entidade privada, constitui também um estímulo à investigação científica nacional.
Todos os que trabalham na investigação científica para aliviar ou prevenir o sofrimento e a doença geram níveis de inclusão e de bem-estar que, de outro modo, não seriam possíveis.
As instituições que, como a Fundação Champalimaud e o seu Prémio de Visão, reconhecem e estimulam esse esforço são, por isso mesmo, dignas da nossa gratidão e depositárias da nossa esperança na construção de um mundo mais feliz e mais solidário, onde cada pessoa possa fruir plenamente a dádiva da vida.