Ex.ma Senhora Ministra da Cultura
Magnífico Reitor da Universidade Católica, Prof. Doutor Manuel Braga da Cruz
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio
Ex.mo Senhor Engº Ilídio Pinho
Minhas Senhoras e Meus Senhores
Foi com grande satisfação que aceitei o convite para estar hoje presente, aqui no Porto, na apresentação do Projecto ANAMNESE que tem vindo a ser desenvolvido pela Fundação Ilídio Pinho nos últimos quatro anos.
O nome escolhido para esta iniciativa exprime bem os seus objectivos: devolver à consciência o que estava condenado ao esquecimento. Não se trata apenas de divulgar obras de arte individuais; o que aqui se promove é a consciência do que se fez para tornar acessível e atraente o trabalho e o talento dos artistas.
Trata-se de mostrar a arte da divulgação, o valor intrínseco de cada exposição, fazendo da exibição uma arte em si mesma. Aqui, na ANAMNESE, o que ganha vida própria é cada um dos eventos realizados, muitas vezes apagados da memória como um conjunto para deixar apenas a referência de um ou outro quadro mais marcante.
Este projecto é uma das mais inovadoras formas de promoção da cultura portuguesa, cruzando entre si a arte, a tecnologia e a ciência, áreas de resto particularmente queridas à Fundação Ilídio Pinho.
Ao alcance de todos temos agora uma ferramenta extremamente útil para a percepção do que foi a produção artística portuguesa entre 1993 e 2003, constituindo desta forma um testemunho vital para a compreensão desta década que foi palco de um desenvolvimento extraordinário no campo das Artes Plásticas em Portugal.
A ANAMNESE não se limita a elencar as principais exposições realizadas no nosso país. Permite também reafirmar algumas conclusões interessantes entre as quais se destaca a de que a partir da década de 90 a presença de artistas portugueses no exterior é permanente e regular, desmistificando assim a ideia de que a arte portuguesa é periférica ou está reduzida às fronteiras nacionais.
O facto deste projecto surgir no seio de uma instituição privada vem provar que a Cultura e a sua promoção podem e devem ser assumidas como uma responsabilidade de todos e que a união de esforços entre instituições, galerias, agentes culturais e artistas é sempre bastante proveitosa.
Portugal tem um vastíssimo património cultural e artístico, sendo detentor de uma surpreendente e constante produção cultural. Por essa razão, não pode exigir-se do Estado o apoio necessário para assegurar a concretização de todos os projectos que surgem anualmente.
Felicito toda a equipa envolvida neste projecto e, em especial o Dr. Miguel von Hafe Perez que soube conjugar as sensibilidades de todos os intervenientes da ANAMNESE de forma a que surgissem os resultados que são hoje apresentados: um livro e um site.
Dizia Eça de Queirós que “a arte oferece-nos a única possibilidade de realizar o mais legítimo desejo da vida - que é não ser apagada de todo pela morte”. A ANAMNESE cumpre na perfeição esse desígnio. Resgata do efémero os eventos culturais de uma década particularmente criativa e libertadora, fazendo-os perdurar para além dos estreitos limites da memória de quem os viveu.
A Fundação Ilídio Pinho está de parabéns por acreditar que a ciência, a inovação e a arte são factores essenciais para o desenvolvimento e a formação de uma sociedade portuguesa mais moderna.