Discurso do Presidente da República por ocasião do banquete oferecido em honra de Suas Majestades os Reis da Noruega
Palácio Nacional da Ajuda, 27 de Maio 2008

Majestades,
Excelentíssimas Autoridades,
Digníssimos membros da delegação norueguesa,
Ilustres convidados,
Minhas Senhoras e meus Senhores,

É com grande prazer que acolhemos Vossas Majestades nesta primeira Visita de Estado que realizam a Portugal, uma Visita que vemos como um importantíssimo contributo para o reforço dos laços que unem os nossos dois países.

Portugal foi, em 1905, um dos primeiros países a reconhecer a jovem Nação norueguesa. Logo no ano seguinte, o nosso primeiro Embaixador apresentava credenciais, como Chefe da Legação, na então Kristiania, hoje Oslo.

Desde então, Portugal e a Noruega, ultrapassando a distância geográfica que os separa, têm sabido construir pontes de entendimento e cooperação nos mais variados domínios.

O empenho responsável de ambos os países no seio da Organização das Nações Unidas, o seu papel activo na Organização do Tratado do Atlântico Norte, da qual são fundadores, e a pertença ao Espaço Económico Europeu são factores que muito contribuíram para o excelente nível de relacionamento político de que desfrutamos e que se reflecte numa frequente comunhão de posições e troca de apoios, na cena internacional.

Hoje, o desafio é, para ambos os países, garantir que esse nível de relacionamento político se traduza num aprofundamento das nossas relações nos domínios económico, empresarial, científico e cultural. As várias parcerias que já existem em áreas tão diversas como a investigação científica, a protecção do ambiente e da vida marinha, ou a requalificação do património são o exemplo daquilo de que somos capazes de fazer, em conjunto, tirando partido das sinergias que a comunhão de interesses proporciona.

A Noruega é um país moderno, com uma economia sólida e dinâmica e um dos mais elevados níveis de desenvolvimento económico e social no mundo. Um país dotado de importantes recursos, que vem gerindo de forma exemplar, e que procura activamente a diversificação da sua economia.

Portugal, respondendo ao repto da globalização, está empenhado na qualificação dos seus cidadãos, na inovação e no desenvolvimento sustentável. A qualidade e o grau de sofisticação tecnológica daquilo que muitas das nossas empresas hoje produzem tem conduzido a uma alteração sensível da estrutura das nossas principais exportações e justifica, a meu ver, uma maior visibilidade e penetração dos produtos portugueses no mercado norueguês. Por outro lado, Portugal privilegia áreas de desenvolvimento, como o turismo, as energias renováveis, ou as actividades ligadas ao mar, que fazem dele um pólo de investimento atraente para um país como a Noruega.

Finalmente, a História legou-nos uma rede de contactos e de conhecimentos nos cinco continentes, que fazem das empresas portuguesas parceiros de investimento atractivos em mercados terceiros.

A dimensão e diversidade da delegação empresarial que acompanha Vossas Majestades é exemplo eloquente de que os empresários noruegueses estão atentos e compreendem o que acabo de dizer. Estou certo de que os contactos que manterão com as empresas e empresários portugueses permitirão identificar novas oportunidades de negócio e de investimento e, deste modo, contribuir para esse salto qualitativo que ambos pretendemos que venha a marcar o futuro das nossas relações económicas e comerciais.

Majestades,

O conhecimento mútuo da cultura e da História das nossas duas Nações é um factor facilitador da maior importância quando se trata de estimular a nossa cooperação. Nessa perspectiva, quero saudar a decisão de incluir no programa de Vossas Majestades um seminário literário, que terá lugar amanhã, e que contará com a participação de individualidades culturais de Portugal e da Noruega.

Também o turismo, para além das vantagens económicas, é, por excelência, outro meio de aproximação e de melhor entendimento entre os povos. Devemos, pois, pugnar pela consolidação da tendência positiva que hoje se verifica nos fluxos turísticos entre os nossos dois países.

Portugal e a Noruega são duas nações próximas, no que toca á relação que mantêm com o Mar. Para lá do seu peso na definição do que somos, o Mar é uma fonte de enormes oportunidades, no quadro de um desenvolvimento sustentável. A política marítima e a preservação do ambiente são dois domínios onde, mais uma vez, tudo aponta para as vantagens de uma cooperação mais estreita entre nós. Faço votos para que o Seminário dedicado às questões das pescas e da preservação do meio marinho, bem como os contactos políticos que terão lugar no decurso desta Visita, constituam um contributo nesse sentido.

Majestades,

Em 1472, saía de Bergen um expedição marítima promovida pelos Reis Afonso V e Cristiano I. Compunham-na três navios. A bordo seguiam dois Almirantes de Cristiano I e pelo menos dois nobres portugueses, João Vaz Corte-Real e Álvaro Martins Homem. O piloto principal era um norueguês, de seu nome Jon Sklop. Tinham por missão navegar para além da Groenlândia, em busca de novas terras e de uma rota noroeste para a Ásia. A História diz-nos que, ainda nesse ano, fizeram escala na Groenlândia e terão chegado à Península do Labrador e ao que passaria a ser chamado de Terra Nova.

Faço votos para que, como juntos chegámos a essa Terra Nova, que, através do bacalhau, marca, ainda hoje, tão fortemente, a mesa dos portugueses e que tanto nos liga à Noruega, juntos saibamos também chegar à Terra Nova que representam as oportunidades que se abrem ao fortalecimento da nossa cooperação.

Peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde de Suas Majestades o Rei Harald e a Rainha Sonja, ao Povo amigo da Noruega e à prosperidade das relações entre os nossos dois países.

Muito obrigado.