É com grande satisfação que acolhemos em Portugal o Presidente Joachim Gauck, a Senhora D. Daniela Schadt e a comitiva que os acompanha nesta Visita de Estado.
Espero, Senhor Presidente, que se sintam bem entre nós, naquela que é a primeira deslocação de Vossa Excelência ao nosso país, e que a visita seja um marco nas relações entre Portugal e a Alemanha.
Os nossos dois países conhecem-se bem. Estão ligados por laços seculares e de amizade, que se exprimem hoje no quadro de uma vasta e intensa cooperação bilateral. Nas décadas mais recentes, temos partilhado o projeto comum, e cada vez mais central, da União Europeia, com o qual estamos ambos firmemente comprometidos.
Portugal e a Alemanha mantêm excelentes relações políticas, com base numa cooperação estreita e numa forte confiança mútua. O nosso relacionamento bilateral vai, no entanto, muito além da dimensão política, estando também alicerçado nas vertentes económica, comercial, cultural, social e de ensino.
A Alemanha é, em simultâneo, o segundo maior cliente e fornecedor de bens de Portugal e um dos mais importantes investidores externos. Por seu lado, Portugal é um país que, pela sua presença internacional e pelos seus laços históricos e culturais, se configura como parceiro natural para iniciativas conjuntas em mercados terceiros, nomeadamente em África e na América do Sul.
Estou muito confiante, até pela experiência do passado, no contributo que as empresas alemãs podem trazer à economia portuguesa, em termos de investimento, emprego, trocas comerciais e turismo. Mas acredito, igualmente, no potencial de expansão das empresas e dos produtos portugueses junto da Alemanha.
O reforço dos laços entre os povos passa, igualmente, pelo conhecimento recíproco das respetivas culturas, do património, das artes. A Alemanha é um país de enorme estatura cultural e os alemães um povo aberto ao conhecimento e a novas experiências. Espero que cada vez mais cidadãos alemães visitem o nosso país e conheçam melhor a cultura portuguesa, a gastronomia, os vinhos, a música, a literatura.
Reside na Alemanha uma vasta Comunidade de Portugueses. Esta Comunidade, bem integrada e respeitada, é, também ela, um fator inestimável na promoção das relações entre os nossos dois países.
Senhor Presidente,
Estes últimos três anos foram, como é sabido, particularmente difíceis para o meu país. Mas hoje, cumprido que foi o exigente Programa de Assistência Económica e Financeira com que nos comprometemos, Portugal recuperou o acesso aos mercados financeiros internacionais e a economia portuguesa apresenta-se mais competitiva, sustentável e integrada na economia global. Deste processo de ajustamento têm vindo a emergir sinais de recuperação da atividade económica, já com efeitos na redução do desemprego, sendo de assinalar o importante contributo das exportações.
Estamos conscientes de que é essencial manter o ritmo das reformas estruturais em curso e de que o crescimento económico tem de assentar, fundamentalmente, no investimento privado, nacional e estrangeiro, e nas exportações.
Senhor Presidente,
Nos últimos anos, têm-se colocado grandes desafios à Europa. A crise financeira internacional veio expor fragilidades e desequilíbrios estruturais nas economias de vários Estados-membros e veio tornar evidente o elevado grau de interdependência económica e financeira entre os Estados-membros e, em particular, os da zona euro. É o resultado do nível de integração que alcançámos.
Ao longo deste tempo, tenho defendido a importância de, em paralelo com o reforço do processo de disciplina e supervisão orçamental, se avançar mais decididamente com uma agenda europeia orientada para o crescimento e para o emprego. Tenho igualmente chamado a atenção para a importância de garantir às nossas empresas, principalmente às de pequena e média dimensão, condições de financiamento comparáveis às das suas congéneres europeias. Daí, também, naturalmente, a importância que assume a célere operacionalização de uma verdadeira União Bancária.
As decisões tomadas nas Instituições europeias têm, cada vez mais, um impacto direto na vida das populações. É essencial que a voz dos povos, os seus legítimos anseios e aspirações, se faça ouvir. Este será, certamente, um elemento a ter em conta no exercício de reflexão que se impõe no seguimento das últimas eleições europeias.
Portugal e a Alemanha são parceiros na União Europeia, mas partilham igualmente objetivos e interesses em relação a múltiplos temas da agenda internacional, agenda essa que mantém um elevado grau de volatilidade e incerteza, como os recentes desenvolvimentos na Ucrânia têm demonstrado.
As transformações que se vêm operando nas relações de força a nível internacional exigem, de forma cada vez mais evidente, uma União Europeia coesa e determinada. Se a Europa mudou desde o final da Guerra Fria – e o alargamento e o euro são disso o corolário –, a Alemanha mudou também. A Alemanha, que em 1990 se lançou num processo de reunificação que marcou o nosso Continente e o próprio Mundo, assume um papel central no contexto do aprofundamento do processo de integração europeu, sendo não só o principal motor económico, mas também um ator político fundamental.
Senhor Presidente,
A Visita de Vossa Excelência é a confirmação da vontade dos responsáveis políticos de aprofundar ainda mais a amizade e cooperação entre Portugal e a Alemanha. É igualmente reveladora do nosso compromisso com um projeto europeu forte, ambicioso, coeso e solidário.
É neste espírito que peço que se juntem a mim num brinde à saúde e felicidade do Presidente Joachim Gauck e da Senhora Daniela Schadt, à prosperidade do povo amigo da Alemanha e ao futuro das relações entre os nossos dois países.