Senhora Presidente do INETI,
Senhor Presidente da EDP,
Senhor Presidente da GALP,
Senhores Auditores,
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Na 2ª Jornada do Roteiro para a Ciência, dedicada às Tecnologias Limpas, anunciei a realização, de uma auditoria energética ao Palácio de Belém.
Essa Auditoria foi realizada, de um modo muito competente, pelo INETI, pela EDP e pela GALP e os seus resultados acabam de ser apresentados. Agradeço e felicito as entidades envolvidas e os seus técnicos pelo excelente trabalho.
A energia e o ambiente estão, hoje, no centro da discussão pública internacional.
A necessidade de dar resposta aos desafios:
- das alterações climáticas
- da segurança do abastecimento energético
- da organização eficiente dos mercados
tem mobilizado cientistas, empresários e políticos.
Aqueles objectivos terão de ser alcançados num cenário de:
- instabilidade política em algumas regiões do globo
- limite físico das reservas dos recursos energéticos fósseis
- escalada das necessidades globais de abastecimento de energia.
Portugal tem, na área da energia, um dos seus maiores desafios devido à:
- elevada intensidade energética
- altíssima intensidade dos transportes no PIB - nossa excessiva dependência energética do exterior, em particular do petróleo.
Precisamos de uma nova atitude em matéria de energia.
Desperdiçamos demasiada energia e ainda não tiramos plenamente partido dos nossos recursos naturais.
Temos de:
- apostar numa maior eficiência energética no consumo (nos sectores dos edifícios, da indústria e dos transportes)
- numa utilização mais inteligente dos recursos fósseis
- numa maior produção a partir de fontes renováveis.
Tenho procurado chamar a atenção para a circunstância de Portugal ter condições únicas no contexto da investigação e inovação tecnológica no sector da energia.
Temos cientistas e laboratórios reputados no sector da engenharia e da energia.
Dispomos de condições naturais privilegiadas para o desenvolvimento de projectos inovadores de:
- energia das ondas,
- energia eólica,
- energia solar
- hidroelectricidade.
Temos no sector empresarial um grande dinamismo na busca de novas oportunidades de negócio ligadas à energia e ao ambiente.
Mas a resposta aos problemas das alterações climáticas e da dependência energética do exterior não começa nem acaba nos laboratórios de investigação ou nas empresas.
Também, se não esgota no sector da produção de energia.
É tempo de assumirmos estes desafios, também, do lado da procura de energia, tendo como motor da mudança os próprios cidadãos.
Todos temos, aqui, muito a fazer.
O Estado, deve dar o exemplo numa utilização pública de bens mais amiga do ambiente.
Os cidadãos, adquirindo comportamentos mais favoráveis à poupança de energia.
Como Presidente da República quis dar o exemplo.
A Auditoria realizada permitiu concluir que, em termos globais, o Palácio de Belém, com os seus 18 000 m2 repartidos por vários edifícios, consome, anualmente, 471 tep (toneladas equivalentes de petróleo) de energia térmica e eléctrica, emitindo 771 toneladas de CO2, resultando numa factura anual de energia de 156 924 €.
Com as medidas de eficiência energética identificadas no Relatório e que serão integralmente aplicadas, no Palácio de Belém, durante o corrente ano de 2008, será possível:
- Reduzir a factura energética em 62 000€, isto é, menos 40% face a 2007;
- Reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 228 toneladas de CO2, isto é, menos 30% face a 2007.
Está provado: a eficiência energética é ambiental e economicamente recompensadora.
É tempo de, cada um de nós, na sua casa e no seu local de trabalho, assumir a mudança de comportamentos indispensável à sustentabilidade do nosso modelo de desenvolvimento.
Em nome das próximas gerações.
Espero que este bom exemplo seja replicado em outros serviços públicos.