O aquecimento global é uma questão central dos nossos dias e as nossas decisões terão repercussões inequívocas sobre as próximas gerações. Congratulo-me, por isso, com a atribuição do Prémio Nobel da Paz 2007 ao Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) e a Al Gore.
Este Prémio reconhece o mérito dos laureados na sensibilização do público e dos decisores políticos para a importância do combate às alterações climáticas, mas deve ser encarado, igualmente, como um desafio lançado a todos nós – Estados, empresas e cidadãos: é tempo de descarbonizar o nosso modelo de desenvolvimento, apostando nas tecnologias limpas, nas energias renováveis e na eficiência energética, no quadro do Protocolo de Quioto.
Al Gore contribuiu, de um modo significativo, para que a problemática das alterações climáticas saísse da esfera dos peritos e chegasse, pela primeira vez, a milhões de cidadãos de todo o mundo. Tive a oportunidade de, em Março de 2007, organizar, no Palácio de Belém, um encontro muito frutuoso entre Al Gore e cerca de 10 especialistas portugueses na área da energia. Nessa ocasião, concluímos que Portugal tinha condições únicas, à escala mundial, para a investigação científica e para a inovação tecnológica na área das energias renováveis.
A escolha, pelo Comité Nobel, da temática da mudança climática surge num momento crucial, na medida em que nos encontramos, precisamente, no início das negociações internacionais em torno das novas metas e dos novos instrumentos de redução das emissões de gases com efeito de estufa, para o período pós-2012.
Este Prémio deve ser visto, assim, como um incentivo à rapidez e à ambição dessas negociações. O Planeta não pode esperar tanto tempo por um acordo, em torno do regime pós-2012, como esperou pela entrada em vigor do Protocolo de Quioto.
Aníbal Cavaco Silva
12.10.2007