Por ocasião do centésimo aniversário do nascimento de Miguel Torga, evoco a sua memória nesta Casa onde viveu durante décadas e deixo o meu testemunho de grande apreço por esta figura maior de homem de letras e de cidadão.
Na sua escrita forte como um grito, um apelo da terra que o viu nascer, na sua exemplar dignidade cívica, na inteireza do seu carácter, reencontramo-nos com Portugal, naquilo que a nossa Pátria tem de melhor e mais profundo.
«Nesga de terra debruada de mar», assim qualificou Torga o nosso País. Não foi por acaso que utilizei esta expressão no discurso da minha tomada de posse como Presidente da República. Ela é a síntese perfeita do Portugal que somos.
Miguel Torga foi, para várias gerações, a voz da insubmissão. Hoje, em que há liberdade para todas as vozes, ele é o orgulho de sermos portugueses de uma maneira diferente e autêntica.
A projecção nacional e internacional da sua obra, a certeza de que as páginas que escreveu são um património afectivo e literário que perdurará nas gerações futuras constituem motivo para prestar a minha sincera e grata homenagem a esta personalidade ímpar da nossa cultura.
12.08.2007