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Associativismo e Inovação Social

último post: 18:02 29OUT2008
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Pedro Barrias
Um novo modelo de estatuto de dirigente associativo
Ao falarmos de associativismo falamos também de lideranças. Como se tem vindo a provar, as competências adquiridas no associativismo – seja ele estudantil, juvenil, cultural ou de qualquer outra ordem – reforçam a capacidade de liderar pessoas, grupos de trabalho e projectos. Reforçam, enfim, a capacidade de algumas pessoas se tornarem inspiradoras para muitas outras.

Começa a ser comum dizer que Portugal precisa de líderes e que esses se encontram nos estudantes que agora frequentam o Ensino Superior. Ora, se o país precisa de estimular o aparecimento de lideranças e se o associativismo é um viveiro natural de jovens líderes, fará todo o sentido que se estimule a participação activa dos jovens nas estruturas associativas que os representam. Deste modo se fomentará uma envolvência mais activa, um interesse mais profundo e o estímulo das diversas capacidades de inovação, criatividade, liderança e empreendedorismo que muitos jovens encerram dentro de si.

No entanto, apesar de ser importante e necessário estimular este tipo de participação, as últimas alterações curriculares no Ensino Superior caminham no sentido contrário já que, em decorrência da implementação do Processo de Bolonha, colocam sobre os estudantes cargas de trabalho tão elevadas que estes não conseguem dedicar qualquer tempo a actividades extra-curriculares também importantes para a sua formação. De facto, com Bolonha quase não há vida para além das aulas e dos livros e os estudantes estão cada vez mais confinados a um mero papel de aprendizes sem poderem desejar ser actores na sociedade.

Até agora era já complicada a compatibilização da esfera estritamente académica com a esfera associativa e quem queria dedicar-se verdadeiramente ao associativismo acabava por ser prejudicado pois tinha uma menor disponibilidade para assistir a aulas. Até agora, para se ser um bom dirigente estudantil, era difícil ser um bom estudante (salvas algumas honrosas excepções) e para quem queria ser um bom estudante era perigoso dedicar-se ao associativismo de forma empenhada.
E se até agora era difícil, a partir de agora será quase impossível! O actual estatuto ajudava a resolver a situação pois as cargas de trabalho eram bastante inferiores mas a situação alterou-se profundamente e actualmente é quase necessário fazer uma opção exclusiva: ou bom estudante ou bom dirigente.

No entanto, o estudante não tem que ser confrontado com este tipo de opção pois ambos os caminhos são importantes para a sua formação. Assim, devem ser criadas condições para que os alunos possam desenvolver plenamente um conjunto de capacidades nas aulas e outras capacidades nas actividades extra-curriculares. Se não for criado um estatuto que permita compatibilizar as duas esferas, em breve o associativismo será residual e a participação política dos jovens reduzir-se-á drasticamente.
Assim, penso que deve ser desenvolvido um novo estatuto de dirigente estudantil do Ensino Superior, que dignifique a participação e a intervenção cívica, que não obrigue os dirigentes associativos a serem penalizados pelo facto de estarem a trabalhar em defesa dos seus colegas, que valorize o associativismo e que potencie a excelência tanto na esfera académica como associativa.

Proponho, à semelhança do que já defendi no passado, que o novo estatuto de dirigente associativo assente nas seguintes bases:
- confira ao estudante a possibilidade de, durante o seu percurso académico, suspender a frequência das aulas durante 2 anos de modo a poder dedicar-se ao trabalho cívico e de voluntariado em exclusivo;
- não contabilize este período para efeitos de prescrição;
- permita uma redução do valor de propinas aos estudantes que exerçam funções em órgãos executivos;
- atribua ao dirigente associativo um instrumento que reconheça formalmente o exercício das suas funções e que deve ser emitido pela respectiva Instituição ou pelo Ministério da tutela;

Obviamente que este é um trabalho de reflexão que terá que ser bastante aturado, procurando até experiências internacionais neste âmbito. Mas acredito sinceramente que devemos partir desta base já que só o exercício de funções associativas em regime de total dedicação pode fazer aumentar a excelência, potenciar a intervenção política e aumentar o grau de responsabilização dos dirigentes estudantis.
29OUT2008
18:02
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