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Associações de Estudantes - porquê participar?“O associativismo é uma escola de democracia…” – esta é a definição que melhor responde a uma questão que muitas vezes me colocam e onde me é pedido que justifique os anos de dedicação e trabalho numa Associação de Estudantes.
Com efeito, a participação activa numa associação, quer seja ela juvenil, estudantil ou de qualquer outra índole, faz-nos lidar diariamente com os mecanismos de decisão e de trabalho que a democracia veio instaurar. Para muitos de nós, o primeiro acto eleitoral em que participamos foi numa eleição para a associação de estudantes, a primeira vez em que fomos eleitos foi sufragados por colegas estudantes e a primeira vez que tivemos que publicamente responder pelos nossos actos e trabalho foi aos alunos que nos elegeram.
Estes são momentos que a maior parte dos cidadãos nunca experimentou nem virá a experimentar. Mas muitos deles tomaram a opção de serem cidadãos alheados e desinteressados, afastados dos processos de responsabilidade pelo bem comum. Essa não é, definitivamente, a opção de um dirigente associativo! Que investe tempo, que gasta energias, que desenvolve esforços para que uma obra que não é apenas para si próprio possa nascer!
Mas estar numa Associação de Estudantes é, para além do trabalho para os outros, muito trabalho para nós próprios e muito investimento em formação pessoal, numa formação que não é quantificável de 0 a 20 nem sequer aparece em pautas escolares, numa formação extra-curricular que apenas a vida e a prática podem oferecer.
O trabalho que é desenvolvido numa Associação de Estudantes tem este reverso da medalha…o suor e a preocupação trazem consigo o saber fazer, o saber estar, o saber falar…trazem consigo o espírito irrequieto e ansioso de quem não espera que tudo apareça feito para criticar mas antes quer fazer para conseguir melhorar! O conjunto de tarefas exigido pelo trabalho numa AE torna os seus elementos mais versáteis, mais desenvoltos, mais dinâmicos, menos amorfos…Estar numa Associação de Estudantes é falar com um Reitor como se fala com um amigo e saber falar ao telefone com um ministro como se fala com um colega!
A prova de que o associativismo forma cidadãos e ajuda a formar melhores profissionais é o reconhecimento que lhe é feito no âmbito do Suplemento ao Diploma que passará a registar este tipo de experiência como relevante para a formação do indivíduo. Esse reconhecimento é também feito pelos empregadores, que já não procuram apenas os melhores estudantes mas que buscam os diplomados que foram muito mais que apenas estudantes: que foram voluntários, que foram representantes, que foram interventivos, que abriram os olhos para ver mais além e fazer um pouco mais que aquilo a que eram meramente obrigados.
E isso tem feito com que os dirigentes associativos tenham percursos profissionais bastante bem sucedidos e a própria entrada no mercado de trabalho não é um choque pois a responsabilidade por projectos, o trabalho em equipa, a pressão diária, as horas contínuas de trabalho são já uma constante habitual antes de acabar o curso.
Estas são as principais virtudes do associativismo: o hábito de uma participação activa e de uma cidadania interessada e a criação de competências extra-curriculares que se revelarão extremamente importantes no desenrolar da nossa vida profissional.
Apesar de tudo isto, temos perfeita noção de algumas reservas e críticas que são formuladas em relação às associações de estudantes, principalmente vindas de quem nunca participou nem quis participar…Mas sei que os nossos colegas saberão sempre distinguir o silêncio dos que trabalham do barulho dos que nada fazem!05OUT200800:56
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