-
Mais rigor, sffEm Portugal, o dinheiro esvai-se como areia fina em mãos nodosas. Parece uma fatalidade esta nossa inépcia para gerir com proficiência e parcimónia os recursos do país e, sobretudo, os recursos que recebemos do exterior, desde as especiarias da Índia aos fundos comunitários, passando pelo ouro do Brasil e pelas matérias-primas das colónias africanas. Este «povo que nem se governa nem se deixa governar», nas palavras de Caio Júlio César (100-44 a.C.), líder militar e político da República de Roma, parece fadado a viver situações de aperto financeiro, apesar dos sinais de riqueza serem notórios em diversos períodos da nossa História e, inclusivamente, nos dias de hoje.
Entre 2000 e 2006, Bruxelas disponibilizou a Portugal cerca de 20,5 mil milhões de euros, no âmbito do Quadro Comunitário de Apoio III. Apesar da taxa de execução ter atingido os 73,6%, é consensual a ideia de que o QCA III foi uma oportunidade perdida. Portugal não só não se desenvolveu ao nível do que era expectável como se deslumbrou com a chuva de milhões proveniente de Bruxelas, agravando o desequilíbrio das suas contas públicas.
Exige-se, pois, que o actual Governo acabe de vez com esse vício antigo do despesismo do Estado e que não desaproveite o último fôlego financeiro para o nosso país que o QREN representa. De pouco nos vale ter uma máquina fiscal mais eficiente, se depois o dinheiro dos nossos impostos se esfuma pelas frinchas da Administração Pública. Assim como os milhões do QREN terão escassa serventia se, como no passado recente, não forem alvo de uma aplicação rigorosa e selectiva, tendo como horizonte a linha de rumo definida pela Estratégia de Lisboa.30OUT200818:22
|
|