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Nas visitas efectuadas a 3 de Outubro pelo Senhor Presidente da República a duas explorações agrícolas de jovens agricultores, “Agromancelos” e “Quinta de Lourosa”, não se esconderam as dificuldades. Referiu-se que em portugal, apenas 3,7% dos agricultores são jovens, o que é menos de metade da média da União Europeia. O Senhor Presidente foi bem claro: “Eles queixam-se e é provável que tenham alguma razão", apontando algumas carências: compra de terra, formação técnica e apoio à instalação e ao investimento. Contudo, também afirmou que a sua presença na região significava o reconhecimento que o país tem do "contributo dos jovens agricultores para a modernização da nossa agricultura", sublinhando que a sua visita mais não era do que "uma mensagem de esperança e confiança nos jovens portugueses" (in JN de 04.10.2008)
Por muitas razões, a agricultura tem sido apresentada pelo lado mais negativo. As dificuldades efectivamente são muitas e ao sublinhá-las as organizações agrícolas esperam obter mais ajuda para os seus associados. A comunicação social também sabe que as más notícias se vendem melhor que as boas, porque “faz mais barulho uma árvore a cair que uma floresta inteira a crescer”. A curto prazo, isso pode representar alguma ajuda, mas a longo prazo pode ser desastroso. Para que há-de um país apoiar uma agricultura “que não tem futuro”? Para quê apoiar a instalação de jovens agricultores? Como podemos aconselhar alguém a instalar-se num sector que não respeitamos nem valorizamos?
Apoiar a agricultura significa combater a desertificação, o abandono dos campos e garantir a alimentação das pessoas. Por tudo isto, a agricultura tem de ser encarada como um sector estratégico para o futuro do país e como tal tem de ficar acima do mero confronto politico-partidário. Ninguém melhor que o Presidente da república para assumir essa tarefa.
É certo que esta mensagem corre o risco de ser um caso isolado nos telejornais. Depois das crises da segurança e da economia outras desgraças virão e entre elas notícias agrícolas. Mas os casos visitados não são isolados. Na produção de leite, já temos mais robots de ordenha instalados e temos algumas centenas de explorações com genética, tecnologia e produtividade ao nível dos países mais avançados do mundo. No vinho, também temos inúmeros caso de sucesso comercial, exportados para todo o mundo. Nestes e noutros sectores podíamos passar meses a visitar bons exemplos, casos de sucesso. Gente em que não reparamos habitualmente porque “os vagões vazios fazem sempre mais barulho”.
Esta mensagem positiva que nos chegou de Belém não é para os “velhos do Restelo”, para os que não acreditam porque desistiram e decidiram não acreditar, mas pode ser para gente de todas as idades, mesmo para os mais idosos, porque acreditar no futuro da humanidade e ver que há sucessores para continuar o trabalho desenvolvido faz bem ao espírito e aos negócios. Em tempo de crise e desânimo, é importante pensar positivo e comunicar positivo.
A todos os que interviram neste fórum, obrigado pelos testemunhos, pelas opiniões e interrogações, que vamos agora encaminhar em forma de síntese para a Presidência da República e ter presente nas futuras intervenções da AJAP.
Carlos Neves