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Na sede da ANJE, durante a 1.ª Jornada do Roteiro para a Juventude, o Senhor Presidente da República salientou, e bem, que o sucesso dos empresários “não depende do encosto ao Estado nem da permuta de favores com o poder político”. Admito que, de facto, ainda há alguns empresários portugueses que continuam a viver à sombra do Estado, tal como nos velhos tempos do corporativismo económico e do condicionalismo industrial. Muitos são ainda os que pensam que das boas relações com os decisores públicos depende, em larga medida, a capacidade de criar e financiar negócios privados.

Não contesto que, ao longo da nossa História contemporânea, este “modus operandi” imperou entre o empresariado português, com as excepções que são conhecidas de todos. Mas, felizmente, a nefasta tradição de compadrio com os poderes públicos tem hoje uma muito menor expressão em Portugal, graças, por um lado, ao sucesso de empresários que souberam preservar a sua independência face ao “status quo” político e, por outro, à emergência de uma nova geração de empreendedores disposta a desenvolver a sua actividade na corda bamba do risco do negócio, sem a protecção de uma qualquer rede tecida pelo Estado. Trata-se, pois, de uma geração disponível para correr riscos, com uma verdadeira mentalidade empreendedora e que sabe, por si só, gerar as condições favoráveis ao sucesso dos seus investimentos.

Acontece que, muitas vezes, é o próprio Estado que vem a correr ingerir-se na actividade dos empreendedores, sem que estes o tivessem pedido. Verifica-se, por parte do Estado, uma irresistível tentação de se assumir como “player” empresarial, com tudo o que isso significa de subversão das regras do mercado, de controlo político sobre a economia e, por vezes, de desperdício de dinheiros públicos. Espera-se, pois, que o Estado saiba resistir a essa tentação, abstendo-se de meter em assuntos onde literalmente não é chamado.