Saúdo calorosamente os compatriotas presentes nesta confraternização, em Sydney, a tantos milhares de quilómetros da terra das nossas raízes.
Tal como no meu primeiro mandato como Presidente da República, também agora mantenho o compromisso de visitar regularmente as comunidades de portugueses residentes no estrangeiro. Foi assim, em anos anteriores, no Luxemburgo, no Brasil, na Alemanha, em Andorra, na Califórnia. É pois com muito gosto e uma emoção especial que este ano tenho a oportunidade de chegar até vós, aqui na Austrália.
Situada num cenário natural maravilhoso, Sydney possui vários edifícios emblemáticos, como a famosa Ponte, a Harbour Bridge, ou a Opera House.
O processo de construção da Ponte de Sidney, concluída em 1932, foi complexo e exigiu grande imaginação e espírito de risco. O facto de, naquela época, se viverem tempos difíceis e de depressão económica não foi entrave a que se prosseguisse a obra. Pelo contrário, serviu de estímulo e incentivo a que os trabalhos se acelerassem.
Também a construção da Ópera culminou um processo carregado de vicissitudes e problemas, mas em momento algum se pensou em desistir.
Destes dois exemplos, várias lições poderemos extrair. Desde logo, a escolha de um estrangeiro para desenhar a Ópera mostra o espírito de abertura ao Mundo do povo australiano, orgulhoso do seu país, mas disposto a acolher e a promover naturais de outros lugares.
Quer a construção da Ponte, quer a edificação da Casa da Ópera foram marcadas por dificuldades, mas nunca os australianos cederam e baixaram os braços. Num tempo de grande adversidade, mostraram ousadia e não tiveram medo do risco.
Os australianos têm uma ambição que é do tamanho deste país-continente. De terras inóspitas, fizeram cidades de extraordinária beleza. Venceram a aridez dos lugares e as agruras dos climas. Edificaram, naquele que era então um ponto distante do globo, uma civilização singular e única, que recolhe os contributos de várias culturas, numa mescla admirável entre as tradições autóctones e aquilo que vem de fora.
Não admira, por isso, que muitos Portugueses se tenham fixado na Austrália. A nossa Comunidade possui, também aqui, um justificado prestígio, precisamente porque se destaca pelo seu dinamismo, pela entrega ao trabalho, pelo espírito de risco e pela ambição da aventura. Mantendo-se fiel à portugalidade das suas origens, os portugueses e lusodescendentes da Austrália são construtores de pontes entre culturas.
Orgulho-me desta Comunidade e é conhecido o apreço que, como Presidente da República, tenho demonstrado pelos inúmeros exemplos que a Diáspora portuguesa oferece aos nossos concidadãos.
Tenho referido, em diversas ocasiões, que é fundamental alterarmos o modo como vemos as comunidades portuguesas da Diáspora. A retórica da saudade tem de dar lugar a atos concretos, gestos palpáveis que demonstrem o respeito e a gratidão de Portugal perante os seus filhos espalhados pelo Mundo e que, ao mesmo tempo, envolvam as comunidades da emigração num projeto comum. Esse projeto comum, caros amigos e compatriotas, é Portugal.
Num ambiente internacional de crise, Portugal atravessa hoje dificuldades que são conhecidas. Mas é, indiscutivelmente, um lugar de oportunidades, uma terra em que existe espaço para concretizar a ambição e a coragem. Muitas vezes, no estrangeiro, desconhece-se o potencial do nosso País e as transformações profundas que este sofreu nas últimas décadas.
A crescente afirmação de Portugal, para dar um exemplo, no campo da ciência e da inovação, recuperando em poucos anos um atraso de décadas, tem de ser conhecida internacionalmente.
Na intervenção que proferi este ano, nas comemorações do 25 de abril, chamei a atenção para a necessidade de os Portugueses, todos eles, darem o seu contributo para a projeção externa da nova realidade nacional. E sublinhei, justamente, o papel inestimável que as Comunidades da Diáspora podem desempenhar no plano de afirmação da credibilidade internacional de Portugal.
Também a Comunidade de Portugueses e Lusodescendentes radicados na Austrália, pelo prestígio que soube conquistar e pelo exemplo que dá ao Mundo, é chamada a participar num trabalho patriótico que permita, no mínimo, desfazer equívocos e ideias feitas que ainda subsistem sobre o nosso país.
Apelo a todos os presentes que, e apesar da distância física, redescubram a vossa terra de origem, conheçam melhor os talentos, as realizações e as oportunidades que aí existem, apostem nas suas imensas potencialidades. Quero exortar-vos a que sejam embaixadores de Portugal na Austrália. Deem a conhecer o Portugal real, que é muito diferente daquele que, por vezes, tão imprecisa ou negativamente é retratado.
Para que os vossos filhos e os vossos netos continuem a falar português e sintam a vontade de conhecer a terra das suas raízes, o Governo irá tomar medidas para melhorar o ensino do português na Austrália.
Quero dizer-vos, em meu nome e no da minha Mulher, que temos a maior honra e um enorme gosto em estar hoje aqui convosco. A vossa presença amiga é um sinal claro de que mantêm com Portugal um vínculo que tem de ser devidamente apreciado e aprofundado. O meu reconhecimento a todos vós e, em particular, àqueles que vieram de mais longe, incluindo da Nova Zelândia.
Queria agradecer-vos o muito que têm feito para honrar as vossas origens e engrandecer o nome de Portugal. E pedir-vos que aprofundassem o esforço para que Portugal, vencendo as dificuldades do presente, possa assumir-se e projetar-se como uma terra de futuro e um país de oportunidades. Está também nas vossas mãos contribuir para que este desígnio se converta em realidade.
A todos, do fundo do coração, muito obrigado.
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