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Osnabrück
Berlim
Octávio Lopes, Portugal
Mário, Portugal
Senhor Presidente, Excelência,
Excelentíssima Senhora D. Eva Köhler,
Excelentíssimas Autoridades,
Senhoras e Senhores,
Quero agradecer, muito sensibilizado, as palavras de Vossa Excelência, Senhor Presidente, bem como o caloroso acolhimento que nos tem sido dispensado, a mim, à minha Mulher e à delegação que nos acompanha.
Esta Visita tem lugar 20 anos após a queda do Muro que dividia esta cidade e também o nosso continente. Para os Portugueses, era, mais uma vez, a vitória da Liberdade e a Democracia que se afirmava. E o País que derrubava o Muro era o mesmo a quem Portugal devia um apoio determinante na sua própria caminhada rumo à Liberdade e à Democracia plena.
Estive em Berlim, como Primeiro Ministro, quando a queda do Muro parecia um sonho distante. Participei no primeiro Conselho Europeu em que se avaliaram as consequências do que ocorrera. Será, por isso, fácil de compreender a emoção com que retorno a esta cidade, símbolo de todas as esperanças, num momento em que somos chamados a batalhas difíceis, que exigem de nós o exemplo dos que não se resignaram às adversidades.
Senhor Presidente,
As adversidades de hoje provam as vantagens do projecto europeu e exigem mais e melhor Europa.
O nosso empenho comum na construção de uma União Europeia mais forte e coesa ficou bem patente na articulação de que demos prova durante o exercício das Presidências portuguesa e alemã, em 2007, que tantos resultados positivos permitiram alcançar.
A presente crise económica e financeira constitui um teste para a União Europeia. Vencê-lo pressupõe actuar de forma concertada, preservando as conquistas do mercado único, recusando tentações proteccionistas, reforçando os mecanismos da coesão económica e social e apostando numa visão de futuro. Só assim garantiremos a confiança dos nossos cidadãos, sem a qual nenhuma recuperação será possível.
Uma visão de futuro implica enfrentar a crise sem esquecer os desafios do envelhecimento demográfico, das alterações climáticas, das insuficiências do nosso regime energético, da competitividade das nossas empresas, da formação dos nossos quadros, da investigação científica e tecnológica.
Uma visão de futuro implica, ainda, sermos capazes de dar resposta às situações de pobreza. Por razões humanitárias, por razões de equidade, mas, também, por interesse político. A miséria e o desespero são factores de conflito e de instabilidade e inimigos da segurança e do desenvolvimento económico e social.
Gostaria, a propósito, de prestar uma particular homenagem à Iniciativa para África, do Presidente Köhler. África é um continente de que Portugal se sente particularmente próximo e onde se encontram cinco dos oito membros da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
Só apostando numa visão de futuro poderemos concluir que, passada a tempestade, emergiu uma Europa ainda mais forte e credível perante os seus próprios cidadãos e na cena internacional, uma Europa que terá sabido aprender com as dificuldades e apetrechar-se para melhor tirar partido das oportunidades.
A superação do actual impasse institucional torna-se, nessa perspectiva, ainda mais premente. É imperioso que se ultrapassem rapidamente os obstáculos que se opõem à rápida entrada em vigor do Tratado de Lisboa.
Senhor Presidente,
Portugal e a Alemanha conhecem-se bem. A História do nosso relacionamento é rica e multissecular. A conquista de Lisboa fez-se com a ajuda de alemães; foram portuguesas duas Imperatrizes da Alemanha, como foi alemão um dos nossos soberanos. Era particularmente vasto o comércio de artigos e de ideias, ao tempo dos nossos Descobrimentos. Durante os conflitos que assolaram a Europa durante o último século, muitos foram os alemães que se acolheram em Portugal, alguns deles ali permanecendo e contribuindo para o reforço dos laços entre os dois países.
Hoje, somos aliados e parceiros. A Alemanha é o segundo maior cliente e fornecedor de Portugal. Alguns dos maiores investimentos estrangeiros em Portugal têm a chancela alemã. Os estudos efectuados confirmam a avaliação extremamente positiva que os empresários alemães fazem do nosso mercado.
Somos, hoje, um País que investe no estrangeiro, incluindo na Alemanha, que aposta na formação, que cria, inventa e dissemina novas tecnologias. Um País a quem a História deixou um legado de relações com outros países e povos que faz de nós um parceiro natural para a penetração em diferentes mercados.
Senhor Presidente,
A dinâmica das relações entre as nações alimenta-se, em larga medida, dos contactos entre os seus Povos.
Amanhã, terei oportunidade de participar em dois eventos que assinalam uma nova campanha de promoção turística de Portugal, a nível mundial. A Alemanha é já o quarto maior país de origem dos turistas que nos visitam, mas esta situação pode ainda ser melhorada. Vamos trabalhar nesse sentido.
A dimensão cultural é outra vertente de inegável valor na aproximação entre os Povos. Portugal traz a Berlim duas exposições, respectivamente sobre a obra cinematográfica do realizador Manoel de Oliveira, que o Festival de Berlim acaba de homenagear, e sobre a arquitectura contemporânea portuguesa espalhada pelo Mundo, que tantos prémios e reconhecimento tem merecido.
Portugal conta, na vasta Comunidade de Portugueses residentes na Alemanha, com um inestimável promotor das relações entre os nossos dois países. Trata-se de uma Comunidade bem integrada, que contribui para o desenvolvimento deste país, sem deixar de manter vivas as tradições e a cultura da sua terra de origem.
Senhor Presidente,
Estou certo de que os nossos dois Países saberão continuar a valorizar a longa amizade que nos une e a alimentá-la através de realizações concretas, no presente e no futuro. É nesse espírito que peço que se juntem a mim num brinde à saúde do Presidente Horst Köhler e de sua Mulher, ao Povo amigo da Alemanha e à prosperidade das relações entre os nossos dois Países.
© 2009 Presidência da República Portuguesa