Exposição "Jardim Aberto"

A exposição Jardim Aberto começa a desenhar-se, mais do que a partir de um tema ou de um objectivo, como um desejo de celebração de uma data, a da Implantação da República. A exposição não se esgota, porém, neste desejo, além de que permanece alheia a quaisquer ideologias (políticas) que permeiem o dia que se festeja. Assim, este constitui-se como um pretexto para convidar todos aos jardins do Palácio de Belém. Impõe-se desde já ressalvar o quanto esta iniciativa é profundamente reconhecida da generosidade com que somos convidados a entrar no jardim desta casa e a partilhar da sua atmosfera única, onde confluem as dimensões histórica, simbólica e cultural de se ser português hoje.

A dificuldade em atribuir a este projecto um contexto temático ou um sentido de grupo manifestou-se no árduo percurso para lhe encontrar um título. Escolher um de cariz mais poético ou filosófico não seria apropriado, pois dificilmente corresponderia ao cerne do projecto. Chegámos então à opção que melhor e mais singelamente traduz o gesto que se quis fazer: abrir o jardim ao público.

Esta simples proposta assenta na vontade de dar a ver - e, neste caso, dar a ver de novo. Quando em algo conhecido é introduzido um elemento desconhecido (ou vários), inaugura-se, como diz Gaston Bachelard, um mundo novo. Esse é um dos propósitos desta exposição: proporcionar um olhar renovado sobre uma paisagem conhecida.

São dezasseis os artistas convidados para intervirem no jardim - todos portugueses e todos trabalhando com base em diferentes abordagens conceptuais à ideia de escultura.


Filipa Oliveira, Comissária da Exposição