Intervenção do Presidente da República no Congresso da República da Colômbia
Capitólio Nacional, Bogotá, Colômbia, 16 de abril de 2013

É uma enorme honra usar da palavra no Congresso da República da Colômbia, naquela que é a Casa da Democracia colombiana. Saúdo os Senhores congressistas e, em especial, o Senhor Presidente da Câmara dos Representantes, numa saudação partilhada, estou certo, pela delegação da Assembleia da República portuguesa.

A Colômbia tem trilhado um caminho modelar de fortalecimento das suas instituições democráticas e de reconciliação da sua sociedade, o que muito contribui para a sua afirmação na América Latina e no Mundo. A consolidação da democracia e a pacificação da sociedade colombianas são factos históricos que muito enobrecem este povo soberano e os seus representantes.

Uma das características fundamentais das democracias contemporâneas assenta na promoção de instituições sólidas e plurais, verdadeiramente representativas da diversidade de opiniões existentes numa ordem social livre. Na Colômbia, é unanimemente reconhecido que o Congresso Nacional ocupa um lugar central na consolidação e no fortalecimento do Estado de direito democrático e na representação das legítimas expectativas dos cidadãos.

Acreditamos nos mesmos valores: a democracia, o respeito pela dignidade da pessoa humana, o primado do Direito e da Justiça.

Partilhamos os mesmos ideais: a igualdade de oportunidades e o direito ao desenvolvimento da personalidade. Temos idênticas aspirações: a liberdade e o pluralismo políticos, uma economia ao serviço das pessoas, mais justiça social. Esta afinidade de valores, ideais e aspirações é um fator decisivo na aproximação e no reforço da cooperação entre a Colômbia e Portugal.

Senhor Presidente,
Senhores Congressistas,

Os nossos dois países estão, desde há muito, ligados por laços de amizade, mas nunca como hoje a intensidade das nossas relações foi tão profunda. Portugal e o povo português mantêm e cultivam uma relação especial com a América Latina. Entre colombianos e portugueses emerge o respeito mútuo pela História e pela cultura dos dois países e, diria mesmo, uma afinidade de afetos e uma empatia espontânea e natural.

Nos últimos anos, sucederam-se diversas visitas oficiais de representantes dos nossos países, num expressivo sinal de vitalidade e de interesse recíproco no aprofundamento da relação entre Portugal e a Colômbia e na aproximação entre os dois povos. Esta minha Visita de Estado ocorre poucos meses depois de o Senhor Presidente Juan Manuel dos Santos ter visitado Portugal.

No mundo globalizado em que hoje vivemos, esta relação de amizade deve ser, mais do que nunca, valorizada. Desde logo, em termos bilaterais. E, além disso, no plano de uma aproximação entre as regiões em que estamos inseridos.

Estou convicto de que Portugal e a Colômbia saberão dar um contributo significativo para que as relações entre a América Latina e a Europa, no âmbito ibero-americano mas também de toda a União Europeia, sejam ainda mais profícuas. Neste contexto, quero saudar a aprovação do Acordo Comercial entre a Colômbia, o Peru e a União Europeia, que Portugal apoiou desde a primeira hora. Estou convicto de que trará benefícios mútuos aos nossos dois países e constituirá um dos elementos fundamentais no futuro relacionamento entre a Colômbia e a Europa.

Senhor Presidente,
Senhores Congressistas,

Além dos laços de respeito e de amizade histórica que existem entre os nossos dois países e das intensas ligações políticas, tanto no quadro bilateral como multilateral, o nosso relacionamento tem vindo a fortalecer-se em dois aspetos essenciais: no plano económico e no plano cultural.

Portugal e a Colômbia estão claramente determinados a aumentar a cooperação económica, as trocas comerciais e os investimentos recíprocos. É por essa razão que me acompanha uma importante comitiva de empresários portugueses.

Na área cultural, o convite para que Portugal fosse o país convidado da Feira Internacional do Livro de Bogotá deixou-nos extremamente honrados. Terei amanhã a honra de inaugurar, com o Senhor Presidente Santos, o Pavilhão de Portugal. Faço votos para que a presença portuguesa na Feira do Livro de Bogotá estimule o interesse dos colombianos pela língua portuguesa e aumente a curiosidade pela descoberta do meu país, «nesga de terra debruada de mar», como o definiu um grande poeta português, Miguel Torga. O facto de a língua e a cultura portuguesas serem acolhidas e promovidas num país com a dimensão cultural da Colômbia, pátria do Prémio Nobel Gabriel García Márquez, é uma honra para todos os portugueses e para os cerca de 250 milhões de falantes de português em todo o mundo.

Termino afirmando a minha firme convicção de que os frutos do nosso relacionamento darão um contributo positivo para enfrentarmos os desafios que temos pela frente na construção de um futuro melhor, tendo por objetivo o bem-estar dos cidadãos colombianos e portugueses. A ação política visa o bem comum, como aliás a Constituição da Colômbia expressamente o afirma. Tendo em vista o bem comum dos nossos povos, saúdo com muita alegria os representantes da nação colombiana.

Muito obrigado.