Intervenção do Presidente da República Portuguesa no Banquete oferecido por Sua Excelência o Presidente da República Indiana
Nova Delhi, 11 de Janeiro de 2007

Senhor Presidente Abdul Kalam, Excelência,
Excelentíssimas Autoridades,
Distintos convidados,

Quero começar por lhe agradecer, Senhor Presidente, o honroso convite que me dirigiu para efectuar a presente Visita de Estado à Índia.

Esta visita reflecte o excelente relacionamento político que existe entre os nossos países e povos, bem como o lugar cada vez mais relevante que desejamos que a Índia ocupe no quadro das parcerias externas de Portugal.

A hospitalidade que nos tem sido reservada espelha bem as qualidades do povo indiano, os laços de particular amizade que nos unem e o desejo de aprofundamento do diálogo e da cooperação entre Portugal e a Índia.

Os portugueses têm uma grande admiração pela Índia, pela sua cultura e tradições. Uma admiração alimentada por uma convivência secular, que marcou a nossa identidade e influenciou decisivamente o mundo em que vivemos.

Para além da sua herança histórica, a Índia tem hoje muitos outros motivos para se orgulhar. Maior democracia do mundo, uma das economias com maiores índices de crescimento a nível global, a internacionalização crescente da sua economia, a notável capacidade de adaptação tecnológica e o espírito empreendedor das suas gentes fazem da Índia um caso exemplar de resposta aos desafios da globalização e garantem-lhe um papel de cada vez maior proeminência na cena internacional. Sei bem que a consolidação do surto de progresso que a Índia tem vindo a registar muito beneficiou da sabedoria demonstrada pelo Presidente Abdul Kalam no exercício das suas altas funções.

As ameaças no mundo actual, como o terrorismo, as alterações climáticas ou a pobreza, obrigam aqueles que acreditam nos valores da democracia, da liberdade e do respeito pelos direitos humanos a cooperar e a unir esforços por forma a construir um mundo melhor e mais justo. Por essa razão, Portugal foi um dos países que mais cedo declarou o seu apoio à candidatura da Índia a um lugar de membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Portugal é um país amigo da Índia, com uma economia aberta e moderna, membro da União Europeia e da Zona Euro, com acesso directo a um amplo mercado interno europeu de 500 milhões de consumidores e com relações privilegiadas nos vários continentes, em particular com os países africanos de língua portuguesa e com o Brasil. São mercados e países com os quais a Índia terá interesse em estreitar relações e onde as empresas portuguesas possuem uma forte implantação e um profundo conhecimento das realidades locais.

No mundo globalizado em que vivemos, nenhum país poderá alcançar um desenvolvimento equilibrado e sustentável de forma isolada. O mundo de hoje obriga-nos a viver em interdependência e a procurar construir activamente novas alianças com os parceiros com os quais partilhamos valores e objectivos.

Os nossos países possuem relações políticas estreitas e sólidas. Nada justifica que a este quadro se não acrescente uma relação económica dinâmica e frutuosa. É claro para mim que existe um vastíssimo campo de possibilidades a explorar no relacionamento entre Portugal e a Índia.

Contribuir para a construção de uma relação de futuro entre Portugal e a Índia é um dos objectivos centrais da minha presente Visita de Estado. A delegação empresarial que me acompanha, constituída por representantes de topo de alguns dos sectores mais dinâmicos da economia portuguesa, constitui um trunfo importante. O mesmo acontece com as personalidades da vida cultural, académica e científica, que vêm promovendo as relações entre os nossos dois países.

Senhor Presidente,

Foi sob o impulso da Presidência portuguesa que teve lugar a primeira Cimeira entre a União Europeia e a Índia, em 2000, em Lisboa. Seis anos volvidos, a União Europeia é o maior parceiro comercial da Índia e os interesses que partilhamos vão muito além da mera cooperação económica.

Caberá a Portugal presidir novamente ao Conselho da União Europeia, no segundo semestre deste ano, quando terá lugar a próxima Cimeira União Europeia-Índia. Queremos que dessa Cimeira resulte um impulso acrescido ao aprofundamento da nossa parceria estratégica. Seguir-se-á um encontro de alto nível entre os nossos dois países, o qual permitirá, estou certo, consolidar ainda mais a nossa relação e os progressos entretanto verificados.

Minhas senhoras e meus senhores,

Antes de terminar, peço a todos que se juntem a mim num brinde à saúde do Presidente Abdul Kalam, que espero ver brevemente em Portugal, bem como à prosperidade do Povo Indiano e ao reforço das relações de amizade que unem a Índia e Portugal.