Discurso do Presidente da República no Banquete de Estado, em honra do Emir do Qatar
Palácio Nacional da Ajuda, 20 de Abril de 2009

Altezas,
Excelentíssimas Autoridades,
Ilustres convidados,

É para mim e para a minha mulher uma grande honra acolher Vossas Altezas, bem como a ilustre delegação que os acompanha nesta primeira Visita de Estado que realizam a Portugal.

Os contactos entre Portugal e as civilizações do Golfo Pérsico remontam ao século XVI. O Estreito de Ormuz e o acesso marítimo ao Golfo Pérsico eram descritos como a “terceira chave” da presença portuguesa no Oriente, juntamente com Goa e Malaca.

Desse fértil intercâmbio resultaram progressos que marcaram a História da Humanidade, bem como registos que persistem, até hoje, na nossa arquitectura, na nossa língua e na nossa maneira de ser.

Portugal orgulha-se da herança universalista que a História lhe legou e que faz de nós um povo que facilmente se adapta e integra, fazendo amigos nas mais variadas paragens e desempenhando, frequentemente, o papel de intermediário entre culturas e interesses.

Fruto da sua História, cultura e geografia, também o Qatar se tem afirmado como nação particularmente vocacionada para a promoção dos laços entre Povos e culturas.

Não admira, pois, que o entendimento entre nós seja fácil e natural.

Desde o estabelecimento de relações diplomáticas entre os nossos dois países, em 1982, temos construído uma relação de sólida amizade, assente no respeito mútuo e numa cooperação que tem vindo a alargar-se a novos domínios.

São muitos os interesses e objectivos que partilhamos, desde logo, em relação a vários temas que integram a agenda regional e global.

O Qatar é hoje um actor importante e influente, na sua região e a nível internacional. O papel moderado e activo que desempenha no mundo árabe e no quadro do Processo de Paz no Médio Oriente, bem como o seu exemplo de sociedade multi-cultural e multi-étnica, representam um inestimável contributo para a pacificação de uma área, que é fundamental para a segurança internacional.

O Médio Oriente e as relações com o mundo árabe sempre ocuparam um lugar de destaque na política externa portuguesa. A continuidade geográfica entre a Europa, o Mediterrâneo e o Médio Oriente e a sua interdependência política, económica e cultural fazem com que o que se passe numa das regiões afecte, inevitavelmente, a outra.

Entendemos que a paz e a segurança no Médio Oriente são fulcrais para o desenvolvimento económico e social a que têm direito os povos e países da região. Apoiamos, por isso, os esforços que têm por objectivo a estabilidade, o diálogo e a aproximação de posições entre as partes. Um apoio que se reflecte, de forma particularmente evidente, na presença de um contingente português entre as forças da UNIFIL.

É imperativo criar condições para que o cessar-fogo se consolide e possibilite um processo de reconciliação profundo, abrangente e duradouro, que garanta, a israelitas e palestinianos, um futuro de paz e de desenvolvimento económico e social. Consideramos que a Iniciativa de Paz Árabe e o Roteiro para a Paz do Quarteto proporcionam oportunidades, que não podem ser desperdiçadas.

A visita de Vossas Altezas ilustra bem a qualidade do relacionamento político entre Portugal e o Qatar e a nossa comum determinação de reforçar a nossa cooperação, designadamente nos domínios económico e empresarial.

Portugal é, hoje, um País moderno, estável, com uma economia aberta, membro do EURO, inserido no espaço de oportunidades que representa o mercado único europeu. O nosso país dispõe, hoje, de importantes capacidades tecnológicas em domínios como o das energias alternativas e das telecomunicações, áreas que revestem um grande potencial, na perspectiva do desenvolvimento da nossa cooperação com o Qatar.

Portugal reúne, ainda, condições invejáveis para actuar como fonte de armazenamento e distribuição de recursos energéticos fósseis, no espaço europeu. E dispõe de condições climáticas e paisagísticas, que fazem dele um dos mais procurados destinos turísticos mundiais.

Possuímos, ainda, um ambiente favorável aos investidores estrangeiros, bem como uma classe empresarial apostada na internacionalização e na diversificação das suas parcerias, com um conhecimento privilegiado de mercados em franco desenvolvimento, como é o caso de países de língua portuguesa, em África e na América Latina.

Por seu lado, o Qatar, fruto de um ambicioso plano de diversificação económica que envolve, para além do sector petroquímico e do gás natural, o desenvolvimento do sector financeiro, do turismo e dos serviços, vem registando um dos mais elevados crescimentos do rendimento per capita a nível mundial.

A aposta na sustentabilidade do seu modelo de desenvolvimento económico, através do investimento na saúde, na educação e infra-estruturas, bem como no fomento de parcerias internacionais em sectores estratégicos, tornam o Qatar um mercado atractivo para os empreendedores portugueses.

Pela sua localização geográfica, estabilidade e abertura ao exterior, o Qatar está bem colocado para funcionar como ponte para a expansão regional das empresas portuguesas.

Os acordos que serão assinados no decurso desta Visita, os contactos empresariais previstos, bem como a próxima abertura de Embaixadas em ambos os países conferirão, estou certo, um impulso acrescido à consolidação e expansão das nossas relações políticas, culturais, comerciais e económicas.

Altezas,

Portugal e o Qatar são dois países apostados em construir um relacionamento sólido, ambicioso e mutuamente vantajoso, que tire partido das complementaridades que nos caracterizam.

Termino, por isso, reafirmando a minha especial satisfação por receber Vossa Alteza e sua Mulher, em Portugal, na certeza de que esta Visita constituirá um marco histórico no caminho de cooperação reforçada, que ambos pretendemos trilhar.

Muito obrigado.