Discurso do Presidente da República na Sessão de Encerramento do Encontro “FAZ - Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa 2015”
Fundação Calouste Gulbenkian,11 de junho de 2015

Saúdo calorosamente todos os presentes neste Encontro FAZ – Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa. Uma palavra especial de apreço para os que aceitaram o convite e viajaram dos cinco continentes para participar nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Cumprimento os organizadores desta iniciativa, a Fundação Calouste Gulbenkian e a COTEC-Portugal, nas pessoas dos seus presidentes, o Dr. Artur Santos Silva e o Professor João Bento, aos quais expresso o meu reconhecimento pelo muito que têm feito pelas causas da inovação, do empreendedorismo e da promoção do talento português. Ao Professor João Bento, que hoje cessará funções como Presidente da COTEC, manifesto profundo apreço pelo seu empenhamento nestas causas decisivas para o nosso futuro comum.

Num mundo global, onde a competição pelos talentos é cada vez mais intensa, saber motivar, cativar e reter os seus próprios valores é um imperativo nacional.

Tenho salientado a importância de a sociedade portuguesa reconhecer e valorizar o mérito daqueles que, onde quer que estejam, pelas suas capacidades, pelas suas qualificações, pela sua experiência e, acima de tudo, pelo seu dinamismo, se destacam pela afirmação do talento que possuem.

O futuro do país dependerá, em grande medida, da capacidade de criar condições de atração para todos, não só para os que desejam ficar, mas também para os que, tendo partido e residindo no estrangeiro, aspiram regressar a Portugal.

Foi com esta convicção que, em 2007, desafiei a COTEC a organizar uma iniciativa que permitisse revelar histórias de vida e assinalar os êxitos dos nossos compatriotas que residem no exterior. Um melhor conhecimento do seu espírito empreendedor e do seu prestígio permitirá identificar o potencial que a Diáspora representa.

Desde o primeiro momento, a resposta foi entusiástica. A iniciativa excedeu as expectativas mais otimistas. Com um número sempre crescente de candidaturas, hoje oriundas de 35 países dos cinco continentes, o Prémio conquistou um espaço próprio. Hoje, é uma imagem viva de Portugal disperso pelo Mundo.

Revelaram-se histórias de vida de portugueses que não se detiveram perante as dificuldades. Face às oportunidades que se apresentavam, alcançaram inegáveis sucessos, bem como o respeito e a admiração das exigentes sociedades onde se integraram.

Felicito o vencedor do Prémio deste ano, José Neves. O seu arrojado empenhamento numa área de forte concorrência e elevado risco, como é a Internet, projeta a imagem do País a nível internacional e é fonte de inspiração para os empreendedores portugueses.

Uma palavra de homenagem aos vencedores de edições anteriores, a maioria dos quais aqui presentes, e a todos os nomeados. O País orgulha-se de todos vós e das vossas trajetórias de sucesso.

Por outro lado, e à semelhança de anos anteriores, todos sentimos a energia e o entusiasmo das Ideias de Origem Portuguesa, iniciativa que nos trouxe excelentes projetos que certamente farão o seu caminho em Portugal e além-fronteiras. Aos vencedores, Rio Frio-Território Criativo, Teia e Web Radio, quero endereçar os meus parabéns.

O movimento FAZ concretiza as expectativas de maior visibilidade e impacto das iniciativas individuais que o compõem e contribui para a promoção do talento, do valor da Diáspora e do seu espírito empreendedor.

A parceria FAZ, entre a COTEC-Portugal e a Fundação Calouste Gulbenkian, é de facto uma parceria de sucesso: porque não se limita à retórica, porque traduz um compromisso mobilizador com desígnios nacionais e porque tem demonstrado uma notável capacidade de transformação da realidade. À Dra. Isabel Mota e ao Professor Daniel Bessa é devida uma palavra de agradecimento pelo seu inestimável contributo para este sucesso.

Senhoras e Senhores,

Tenho encontrado nos meus contactos com as comunidades no exterior muitos portugueses que não receiam abraçar o mundo inteiro, que não se resignam, que são ambiciosos e querem vencer. E que persistem em manter bem vivos os laços que os unem a Portugal.

Como um dia afirmei, em linha com o espírito pioneiro da rede The Star Tracker, esta nova geração de portugueses constitui a linha avançada de Portugal no mundo.

Nas circunstâncias difíceis que são conhecidas, convoquei todos os Portugueses para traçar um retrato realista e positivo do país, mostrando que somos um país credível e com elevado potencial.

Todos os Portugueses que residem e trabalham no exterior são embaixadores do nome de Portugal.

Compete-lhes divulgar as imensas potencialidades do País e contribuir para que Portugal tenha, como merece, uma imagem credível em todas as partes do Mundo.

Não se trata, naturalmente, de substituir os poderes de representação oficial, mas de os complementar, num esforço conjunto de projeção eficaz do País.

Afirmava Pessoa que uma nação que habitualmente pense mal de si mesma acabará por merecer o conceito que de si formou, envenena-se.

No carácter da nação portuguesa reside, na observação sagaz de Eduardo Lourenço, o “labirinto da saudade”. Sair de Portugal não significa deixar de fazer parte da vida do País. Pelo contrário, os laços afetivos reforçam-se e a distância geográfica confere uma nova perspetiva, mais objetiva, sobre o País que somos e que queremos ser.

Escapar do labirinto da saudade implica participar na construção de um futuro melhor para Portugal.

Não podemos ignorar a experiência e o saber dos elementos da Diáspora a quem é reconhecido mérito, influência e reputação nas suas áreas de especialidade.

Por esta razão, apoiei o lançamento do Conselho da Diáspora Portuguesa, uma rede mundial que congrega Portugueses de prestígio em diversas esferas de ação.

A participação ativa da nossa Diáspora na vida nacional e o acolhimento dessa contribuição são sinais encorajadores de que se está a quebrar a dicotomia entre os que partem e os que ficam.

Senhoras e Senhores,

Como noutros momentos da nossa História, Portugal está a lutar com coragem e determinação para consolidar uma nova fase da vida nacional, em que a economia possa crescer de forma sustentada e criar mais empregos qualificados, ao mesmo tempo que se reduzem as assimetrias de desenvolvimento.

Os Portugueses têm vindo a mostrar a sua fibra empreendedora, não desanimando nem se resignando face às circunstâncias difíceis.

O vosso sucesso – como empresários, empreendedores, artistas, cientistas ou intervenientes na realidade social – é uma mais-valia que Portugal não pode desperdiçar. São referências mobilizadoras de que os Portuguese se devem orgulhar.

Congratulo-me com o reconhecimento dos esforços e do talento dos Portugueses que residem no exterior, do seu trabalho e do seu admirável dinamismo, do seu espírito de fidelidade às raízes e aos valores que distinguem a portugalidade.

Reconheço neste Encontro FAZ, ao qual com satisfação me associo, um sentimento de amplo consenso nacional sobre o valor da contribuição da nossa Diáspora para o futuro do País.

Portugal é uma nação pioneira na globalização. Só uma nação unida e coesa poderá vencer os desafios que se colocam num mundo global. Há muito que abraçamos o Mundo, e que nele fazemos valer a nossa vivência e a nossa marca. Esta imagem é bem representada pelos Portugueses aqui presentes, testemunho vibrante do Portugal disperso pelas sete partidas do Mundo.

A todos, muito obrigado.