Reabilitação dos Viveiros de Pássaros do Jardim da Cascata
- Diagnóstico do estado de conservação

A estabilidade da estrutura da cobertura inspirava cuidados urgentes, na medida em que as múltiplas infiltrações dos telhados haviam já permitido a degradação dos elementos construtivos desde as asnas, madres, varas e ripado, estando os frechais totalmente apodrecidos, com situações de alteração dimensional das peças a destruir as paredes de alvenarias pobres estruturais. A degradação das telhas e do sistema de impermeabilização era visível em alguns pontos onde o fasquiado do tecto já ruíra, e na maioria das paredes periféricas, com sinais evidentes de escorrimentos provindos da cobertura.

Os revestimentos exteriores, na sua maioria rebocos pintados, apresentavam zonas com destacamentos, alguma fendilhação e som oco à pancada leve. Nos alçados mais protegidos, o reboco aparentava um estado são e consolidado. Os estuques interiores estavam na maioria apodrecidos, recobertos na generalidade por microrganismos, líquenes e fungos, fruto da permanente escorrimento de águas, humidade elevada, insuficiente ventilação e ausência de sol. Os fasquiados dos tectos estavam condenados, não sendo previsível o seu aproveitamento.

Os azulejos encontravam-se em destacamento, com alguns exemplares já desaparecidos. Outros azulejos estavam pulverulentos, com a superfície vidrada escamada, com o cerâmico pigmentado à vista, sem protecção.

As carpintarias estavam em estados de conservação diferenciados, em função da sua exposição ao sol e aos ventos. Os mais expostos apresentavam um avançado estado de degradação. Não eram visíveis vestígios de parasitas na madeira, sendo o problema principal a podridão dos elementos, em especial couceiras e travessas de peito e soleira. As tintas e betumes, tradicionais camadas de sacrifício, estavam escamadas em destacamento, deixando à vista madeiras de veios vazados, de toque oco e inconsistente, sem resistência superficial. As portas e janelas que confrontam os bebedouros estavam na sua maioria em bom estado, a necessitar de simples pintura.

As cantarias apresentavam-se estabilizadas, sem alterações de geometria, sem sinais de assentamentos ou de instabilização da estereotomia, com excepção do troço de ático no alçado Nascente do corpo edificado a Nascente, onde o frechal, apodrecido e dilatado, estava a desaprumar a parede e a desequilibrar a balaustrada. As peças componentes destas cantarias estavam em deslocação lenta, mas conducente à ruína. As restantes cantarias, de um modo geral, apresentavam-se cobertas por poeiras e depósitos terrosos, com alguns exemplos de crosta negra e colonização biológica activa, fruto de décadas sem limpeza, à mercê da intempérie e da poluição urbana.

A estatuária parecia em bom estado de conservação. O Hércules da Cascata, uma Personagem de Velho não identificado e uma estátua feminina Alegoria encontravam-se limpas de depósitos superficiais. As restantes estátuas, de Apolo, Diana Caçadora, duas Personagens femininas não identificadas apresentavam a superfície coberta de poeiras e depósitos terrosos. O Hércules tinha o nariz partido. As figuras assentes em pedestais no ático são peças de menores dimensões e de menor detalhe, apresentando sinais de maior erosão superficial.

Os elementos decorativos das superfícies dos nichos, compostas por pedras incrustadas formando padrões, molduras e subnichos, estavam em ruína, apresentando fraca aderência à base, alguns casos em total destacamento, fixos apenas pelo encaixe nas restantes pedras. Os elementos de tufo calcário no interior da Cascata encontravam-se enfraquecidos e desagregados.

O sistema das redes de águas dos bebedouros e Cascata, obra prima da engenharia hidráulica do séc.XVIII, encontrava-se em funcionamento, com algumas adaptações; o grande depósito já não já não armazenava a água vinda da Quinta de Belém, pelo que a pressão da água havia que ser assegurada pela alimentação da rede pública. No alçado Norte do corpo Central, o da Cascata, existia uma válvula de corte que permitia accionar o circuito, e por a água a correr pelos canos de chumbo originais que alimentam os bebedouros. Contudo, eram diversos os exemplos de ponteiras dos bebedouros que estavam partidas ou desaparecidas, ou cujo furo se encontra colmatado pelo tempo ou oxidação. O esgoto destes bebedouros entrava na rede de esgoto pluvial, correndo directamente para o rio. Só a bacia da Cascata tinha um circuito independente, fechado, onde a água era recolhida na bacia e bombeada de novo para o tanque sobre a Cascata.


<- Anterior | Seguinte ->