DeficiProdut – Artesanato, Produção e Comércio por Deficientes, Lda

Aristides Santos, hoje com 46 anos, nasceu em Maceda, no concelho de Ovar, tendo sido vítima de uma paralisia infantil. Apesar das dificuldades de locomoção inerentes à sua deficiência – “Sempre me recusei a aceitar que a minha deficiência fosse obstáculo para o que quisesse fazer na vida. Podia demorar mais ou menos tempo mas tinha que mostrar que era tão capaz como qualquer outro” – terminou o curso superior de Economia e abriu a sua própria empresa de Contabilidade.

“Um dia, numa ida ao supermercado com o pai, encontraram umas pessoas portadoras de deficiência a pedir esmola. O pai comentou: “Que falta de iniciativa… Se vendessem qualquer coisa toda a gente comprava!”

A frase ficou-lhe… e mais tarde, já após o falecimento do pai, recordou-se desse episódio, quando cansado de trabalhar na área da contabilidade, resolveu transformar uma ideia num projecto que consistia em fazer manualmente objectos: porta-chaves, pastas e outros pequenos objectos de uso quotidiano, utilizando como matéria-prima peles sortidas, compradas a monte, beneficiando da proximidade de empresas do sector do calçado na região.

Em Agosto de 1995, inicia a produção nas instalações fabris de uma pessoa amiga, uma empresa de reparações automóveis, com mais três trabalhadores todos portadores de deficiência e tendo como recursos apenas um martelo, uma lata de cola, uma velha mesa de madeira e pequenos retalhos de pele. Assim surgia o primeiro produto artesanal, um porta-chaves que representa um cidadão com deficiência numa cadeira de rodas, um símbolo que viria a ser adoptado como logótipo da empresa. Depois de fabricados os objectos eram comercializados através de venda directa pelos próprios protagonistas, os artesãos deficientes.

Conforme foram tendo mais solicitações, foram empregando mais pessoas e o negócio foi crescendo, exigindo um espaço maior e máquinas mais sofisticadas. “Directa ou indirectamente trabalham na empresa cerca de 70 pessoas, dos quais 44 são funcionários efectivos. Do total, 70% são portadores de deficiência. Hoje com uma linha comercial própria que vende ao consumidor final, têm 9 viaturas na estrada, expandiram o negócio para a Madeira, Açores, Angola e já são proprietários de uma unidade em Espanha.

O apoio do IEFP e da banca foram importantes no aumento da capacidade produtiva e dos postos de trabalho, apesar de que “o propósito inicial era mostrar que podia realizar o projecto sem qualquer apoio do Estado, transformando as dificuldades em desafios e deixando à porta do local “O coitadinho” que há em cada um de nós, e tantas vezes impede a expansão criativa. Sejam deficientes ou não, o trabalho é mesmo trabalho e veste-se a camisola deste team na DEFICIPRODUT”.

A empresa foi distinguida com um Prémio de Mérito em 1999/2000 e em 2007 integrou os projectos em exposição na Conferência “Compromisso Cívico pela Inclusão Social” promovida por Sua Excelência o Presidente da República.

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