Promover uma Maior Integração da Matemática na Inovação Empresarial
Não é possível, no quadro da sociedade do conhecimento e em face de problemas cada vez mais complexos, promover a competitividade de uma país ou de uma empresa sem que esta assente em actividades e projectos de inovação tecnológica, por sua vez baseados nos resultados da melhor investigação científica auxiliada ou guiada pela Matemática. Logo, como conclui a OCDE no seu Relatório “Mathematics in Industry”, publicado em Julho de 2008, existe uma relação directa entre a inovação de base tecnológica, a investigação científica e as competências em Matemática.
O deficiente domínio da Matemática, seja no caso de um indivíduo seja no caso de uma organização ou até de um país, não apenas configura uma menor capacidade de compreensão do Universo, numa perspectiva humanista, como é também um obstáculo à própria competitividade e ao desenvolvimento.
Ainda de acordo com o mesmo Relatório, esta relação Inovação-Investigação-Matemática é especialmente intensa nas áreas onde a inovação tem vindo a contribuir para o bem-estar como é o caso da saúde, da segurança, das comunicações e da protecção ambiental. Aliás, o grande desenvolvimento das ciências da vida e da engenharia deveu-se, em grande medida, à capacidade de traduzir, por equações matemáticas, as leis da natureza. A manipulação dessas equações é um pilar da ciência moderna, contribuindo para a interpretação das observações e das experiências laboratoriais.
Ainda que o contributo da Matemática raramente seja visível no produto final, a verdade é que “o seu impacto económico é real e muitas empresas tornaram-se mais competitivas através do uso judicioso da Matemática” (OCDE).
Presentemente, colocam-se grandes desafios à interacção entre a inovação tecnológica e a Matemática. Por um lado, florescem novas oportunidades de I&D na área da Matemática, como é o caso da biotecnologia, da nanotecnologia e da energia. Mas, por outro lado, a excessiva focalização das empresas no desenvolvimento de produtos e projectos previamente identificados tem originado, um pouco por todo o mundo, uma redução do investimento nas ciências matemáticas. Ora, alguns dos modelos de investigação aplicada na área da engenharia já “não são adequados para fazer face às novas questões que se deparam no ambiente industrial. Hoje, os problemas são complexos e não lineares e envolvem diversas escalas de tempo e de espaço” (OCDE).
Logo, é necessário aumentar o grau de permeabilidade do sector empresarial às actividades de I&D na área da Matemática e tornar os conteúdos curriculares, na área das ciências matemáticas, mais sensíveis à necessidade de resolução de problemas complexos no sector empresarial.